sexta-feira, 12 de maio de 2006

"Poder da Díctamo"


Como podeis ver no meu perfil também sou escritor. Para já com obra publicada. Dois livros de poesia e participação em duas colectâneas de contos.
Já ando a aventurar-me na ficção romanceada...

O meu primeiro livro foi "Poder da Díctamo". Há já alguns anos que andava com a ideia de poder editar um livro. Em 2001 essa oportunidade surgiu. Incentivado pelo meu Amigo João Mendes Rosa, do Fundão, lancei mãos à obra. O seu apoio, ajuda e amizade foram determinantes. Muito deste livro, também, lhe pertence (prefácio, correcções, ilustrações, apresentação...) Nesse ano fui colocado na Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa - Covilhã e a oportunidade surgiu. Não a deixei escapar! Com o apoio da Escola na pessoa da sua presidente, à altura Engenheira Alcina (infelizmente já não está entre nós), consegui publicar o meu livro.
A todos eles o meu Bem-hajam!

Convosco partilho a capa do livro e um dos poemas (que dá título ao livro). Aguardo a vossa opinião

DíctamO

Aqueloutro estival dia,

que d’outonal nada tinha

e de primaveril tudo perdera,

fenecera numa lentidão célere,

trajando um purpúreo crepuscular.

Uma volatilidade silvestre

inundou-me as narinas,

de uma fragrância odorífera.

O forte odor cítrico, intrigava-me,

vindo donde vinha: do bosque!

Aventurei-me por ti adentro,

arbóreo oceano multicolor,

à conquista de tão sublime perfume.

Foi, então, que te vi esbelta,

majestosamente trajada:

folhas compostas e espigas de flores brancas

com cinco pétalas

(trazendo-me à memória

as cinco de Cristo)

estriadas de púrpura.

Contemplei-te, extasiado, por instantes.

Um gemido mudo de dor

desviou-me o olhar

para um qualquer guerreiro “Virgiliano”,

gemebundo, junto a um penedo;

fora cravejado por mortíferas flechas

(trazendo-me à memória

o Outro cravejado de cravos).

Os bélicos golpes purpúreos

Contrastavam com os da díctamo.

Fazendo-me um penoso sinal

para que me aproximasse,

sussurrou-me ao ouvido

- parecendo ter medo

que a díctamo ouvisse –

uma milagrosa forma de o curar.

Teria que destruir uma flor,

tão bela, para o curar.

Será que aquele homem, guerreiro, moribundo

merecia tamanho sacrifício?

Talvez!

Seria ele outro Cristo,

carregando a bélica cruz

contra sua vontade?

Possivelmente!

Olhei-te, herbácea, nos meus olhos

e preparei-te para o salvífico sacrifício.

A aguadilha perfumada de ti extraída,

qual baptismal líquido,

vertida nas purpúreas feridas

fez, milagrosamente, sará-las

e aquietar a dor daquele,

entre muitos, crucificado.

Tua missão era cumprida.

Tu, porém, desfigurada e ferida de morte,

libertaste uma volátil essência e,

qual Sarça ardente, inflamaste-te.

Fiquei sozinho!

Vagamundei pelo umbrífero bosque

cogitando no poder da Mãe Natureza,

até que a noite, maternalmente,

me acolheu em seu seio

e feneci como aqueloutro estival dia:

numa celeridade lenta.


in "Poder da Díctamo" (José Amaral)



4 comentários:

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