sexta-feira, 26 de junho de 2009

A não perder...

Já há algum tempo que não fazia nenhuma sugestão literária. Pois aqui fica uma a merecer uma leitura cuidada nestas férias.
Trata-se do livro Mar de Papoilas (Editorial Presença, 456 páginas) de Amitav Ghosh. Este livro foi finalista do Booker Prize de 2008. Há pouco tempo fiz aqui referência ao livro que em 2008 ganhou este prémio. “O Tigre Branco”, de Aravind Adiga.
Contudo, na minha modesta opinião este “Mar de Papoilas” é bem melhor.
Para se ter uma pequena ideia aqui ficam algumas citações sobre esta excelente obra:
«Uma saga de extraordinária riqueza... com muita acção e aventura à la Dumas, mas com momentos de grande profundidade à maneira de Tolstoi - e um toque de sentimento como em Dickens.» (The Observer). «Um romance avassalador…» (The Guardian). «Épico… Em Ghosh cada cena é delineada com arrojo, mas são a vitalidade e o entusiasmo deste magnífico contador de histórias que sustentam esta obra ambiciosa.» (The Daily Mail). Posto isto, nada melhor que a sinopse do livro:
«Este romance histórico desenrola-se no Norte da Índia em 1838, nas vésperas da primeira Guerra do Ópio. No centro desta saga vibrante e muito pouco convencional encontra-se Íbis, um antigo barco negreiro agora propriedade da Companhia das Índias Orientais, que se ocupa a recrutar coolies indianos que substituíam os escravos negros nas plantações de cana-de-açúcar em destinos longínquos, mas principalmente ao transporte de ópio para os consumidores chineses. É o início da diáspora indiana, o que irá reunir gente de todas as proveniências a bordo do mítico e fascinante Íbis. Aí, a ordem sempre precária será várias vezes abalada por episódios violentos. Apesar disso, os passageiros acabarão por se considerar jaházbahai, termo que significa «irmãos de navio». Mar de Papoilas é um romance inédito, pujante e vital».

(José Amaral)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Lançamento


A amiga Carla Marques, do Palavras em Desalinho (http://palavrasemdesalinho.blogspot.com/) vai, no dia 27 de Junho, às 16 horas na Biblioteca de Valongo, apresentar a sua obra In-Finitos Sentires.
Este é (segundo informação do seu blog, que aconselho) o seu primeiro livro de Poesia. Quem lê os textos, como eu, que ela publica no seu blog certamente que lhe augura bom futuro para o livro.
Carla, espero que a apresentação corra bem e que o livro seja um sucesso. Desde já, os meus parabéns.


(José Amaral)

domingo, 21 de junho de 2009

O Verão é uma das quatro estações do ano. Neste período, as temperaturas permanecem elevadas e os dias são longos. Geralmente, o Verão é o período do ano reservado às férias.
O Verão do hemisfério norte é chamado de "Verão boreal", e o do hemisfério sul é chamado de "Verão austral".
O "Verão boreal" começa com o solstício dedo Hemisfério Norte, a 21 de Junho, e terminaa com o equi Verão nócio de Outono nesse mesmo hemisfério, por volta de 23 de Setembro.
Finalmente, parece que o calor veio para ficar, embora as temperaturas tenham estado elevadíssimas.
Com o Verão, o Sol e as temperaturas elevadas todos os cuidados são poucos. Para saudar a chegada do Verão aqui fica um belo poema de William Shakespeare:




Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.

Às vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.

Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:

Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.
(José Amaral)



segunda-feira, 15 de junho de 2009


fantasia


Eu cá viajo no mundo
da fantasia,
das fadas e gnomos,
e vejo que o ódio
que nas coisas pomos
nos torna,
a nós humanos,
num molho de...
desenganos.


(José Amaral, in "Oráculo Luminar")

sexta-feira, 12 de junho de 2009

santo popular

Santo António de Lisboa (para os italianos Santo António de Pádua), cujo nome de baptismo era Fernando Martim de Bulhões e Taveira Azevedo nasceu em Lisboa, crê-se que por altura dos anos de 1191 / 1195 e faleceu em Pádua, a 13 de Junho de 1231. Frade franciscano português, canonizado pela Igreja Católica e proclamado Doutor da Igreja.
Viajou muito, vivendo inicialmente em Portugal, depois na Itália e na França.
Santo António de Lisboa é considerado por muitos católicos um grande taumaturgo, sendo-lhe atribuído um notável número de milagres, desde os primeiros tempos após a sua morte até aos dias de hoje.



Santo António, Santo António
Ó meu Santo Milagreiro
Arranja-me moça bonita
Para este rapaz que é solteiro

Ó Santo António de Lisboa
Tu que tens fama de casamenteiro,
Se o casamento fosse coisa boa,
Tu próprio não ficavas solteiro!

Santo António, Santo António
Que bonito que tu és
Vou-te comprar um manjerico
E vou pô-lo a teus pés!
(José Amaral)

poeta

Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, a 13 de Junho de 1888 e aí faleceu a 30 de Novembro de 1935. Foi um poeta e escritor português. Considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa o seu valor é comparado ao de Camões.
Pessoa teve uma vida discreta, em que actuou no jornalismo, na publicidade, no comércio e, principalmente, na literatura, onde se desdobrou em várias outras personalidades conhecidas como heterónimos. A figura enigmática em que se tornou movimenta grande parte dos estudos sobre a sua vida e obra.
Morreu de cólica hepática aos 47 anos, tendo a sua última frase sido escrita na língua inglesa: "I know not what tomorrow will bring... " ("Não sei o que o amanhã trará").
Aqui fica um belo poema da sua autoria:


Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...
(José Amaral)

domingo, 7 de junho de 2009

alvores


AlvoreS

No alvor da aurora
abri os olhos, mas não acordei.
Sentia-me sorumbático,
perdido na imensidão
de um deserto de acalmia
de brisas suaves
de pensativos e expectantes
desejos incontidos
incontados
“in com tudos”.

Bateram, suavemente,
na madeira das minhas pálpebras
perguntando se morava,
naqueles “berlindes observantes”,
alguém.
Não, não morava lá ninguém.
Perdão!
Morava um... invisual.

O meu mundo,
sempre com a luz eléctrica cortada
(maldita companhia,
só pensa em impostos)
era negro;
de um negro lindo,
para mim,
um negro acetinado
que me protegia.

Agradeci aos Céus
o facto de ser invisual.
Não, não é masoquismo!!!

Assim não sou obrigado
a ver violência,
miséria,
ódio, ...nada.

Chamam-me cego,
alguns ceguinho,
eu sei.
Quero que saibais,
irmãos:
- «Vejo melhor, eu,
na minha cegueira,
que vós na vossa verborreia prepotente».


(José Amaral, in "Poder da Díctamo")

terça-feira, 2 de junho de 2009

Não, não é ofensa

A sugestão literária, de hoje, é um pequeno livro – no tamanho que não no conteúdo. Trata-se de A Ofensa (Porto Editora, 128 páginas), de Ricardo Menéndez Salmón.
Esta obra foi finalista do Prémio Salambó e do Prémio Nacional da Crítica, além de ter sido considerado por vários órgãos da comunicação social o melhor romance publicado em Espanha em 2007.
Trata-se de uma obra que remonta à época do início da II Guerra Mundial. Estamos na presença da entrada de um jovem alfaiate, Kurt Crüell, no exército alemão.
O seu azar foi ter vivido, no auge da sua juventude, na Alemanha nazi, e de a 1 de Setembro de 1939, dia do seu 24.º aniversário, Hitler ter invadido a Polónia. No dia seguinte, Kurt fica a saber que terá de se alistar no exército e deixar para trás o pai, alfaiate, a mãe e a irmã. E a namorada, ironicamente judia.
Trata-se de uma viagem ao interior da alma do ser humano.
Aqui fica a sinopse desta bela obra:
«Se o corpo é a fronteira entre cada um de nós e o mundo, como pode o corpo defender-nos do horror? Quanta dor pode um homem suportar? Pode o amor salvar aquele que perdeu a esperança? São estas algumas das perguntas implícitas em A Ofensa, a história de Kurt Crüwell, um jovem alfaiate alemão empurrado pelo nazismo para o vórtice de uma experiência radical e insólita.Metáfora de um século trágico, viagem vertiginosa às raízes do Mal, A Ofensa afirmou Ricardo Menéndez Salmón como um dos grandes nomes da jovem ficção espanhola».
Um livro interessantíssimo que merece uma leitura cuidada.


(José Amaral)