quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

ADEUS 2007, VIVA 2008!

2007 prepara-se para ser deposto e como “rei morto, rei posto”, já 2008 espreita!
O ano que chega, agora, ao fim foi fértil em acontecimentos: foi o ano do caso Esmeralda e do mediático caso de Maddie Mcan. Foi o ano da polémica em torno da licenciatura de José Sócrates, do encerramento da UNI, do encerramento de maternidades e de serviços de urgências, da crise na CML, da actividade da ASAE, das eleições no PSD, das polémicas em torno da CGAposentações, foi o ano em que Salazar foi eleito o “Grande Português”, foi o ano da espionagem na F1, o ano em que um rookie da F1 se ia sagrando campeão, do despedimento milionário de Mourinho do Chelsea, do murro de Scolari, o ano de Putin, de Chávez (e do célebre “porque no te calas”). Foi o ano do Novo Estatuto da Carreira Docente.
2007 foi também o ano da Presidência Portuguesa da EU (com a polémica Cimeira EU-África) e do Tratado de Lisboa, foi o ano dos prémios para os defensores do meu ambiente. Foi o ano do “sim” ao aborto, da inauguração da nova basílica de Fátima, da presença dos “Lobos” no Mundial de Rugby, das medalhas de Nélson Évora e de Vanessa Fernandes. Foi o ano da morte de pessoas célebres: Ingmar Bergman, Boris Ieltsin, Pavarotti… hoje mesmo (27DEZ07) Benazir Buttho foi assassinada.
2007 foi, acima de tudo, o ano do “Gato Fedorento”.
E como tristezas não pagam dívidas nada melhor que festejar ao novo ano que se avizinha.


O AD LITTERAM DESEJA A TODOS OS SEUS AMIGOS UM PRÓSPERO 2008!...


(José Amaral)




sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

FELIZ NATAL

O AD LITTERAM DESEJA A TODOS OS SEUS AMIGOS (VISITANTES) UM SANTO E FELIZ NATAL CHEIO DE PAZ E AMOR!

(José Amaral)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Última sugestão de leitura 2007

Quase, quase a terminar este ano não poderia deixar “cair o pano” sem deixar aqui uma última sugestão de leitura. Desta feita trata-se de uma obra de Sándor Márai: A mulher certa (edições Dom Quixote, 424 páginas).
Uma obra sedutora e que nos prende da primeira à última letra. Uma escrita densa, bem cinzelada e esculpida a golpes de genialidade. O livro divide-se em três partes mais o epílogo.
Em Budapeste uma mulher (Marika), numa qualquer trivial conversa entre amigas, relata como um certo dia descobriu que o seu marido tinha uma paixão secreta. Desde essa altura ele não era o mesmo e ela, em vão, tentou conquistá-lo. Nessa mesma noite o homem (Péter) que foi seu marido em conversa, em jeito de confissão, diz a um amigo como deixou a mulher pela mulher (Judit) que desejava há anos. Contudo, depois de se casar com ela perdeu-a para sempre. Antes da consumação da separação este casal ainda teve de sofrer a dor da perda do filho de ambos. Este facto talvez os tenha separado para sempre.
Em Roma, numa pequena pensão, uma mulher conta ao seu amante como ela (empregada de servir em casa de uma família rica) se casou com o filho dos patrões. Este casamento acabou por ser uma forma de ressentimento e vingança.
A história destas três personagens cruza-se numa história repleta de amor, amizade, ciúme, solidão e morte.

O Ad Litteram deixa aqui um pequeno excerto para abrir o apetite:
«Disse o nome. Soou-me tão familiar! Havia nele algo de sacrificial, algo de festivo. E também o nome de baptismo, Judit, era um nome bíblico. Como se essa rapariga emergisse do passado, de um mundo de bíblica simplicidade e intensidade, de outra vida, eterna e verdadeira. Como se não viesse da sua aldeia, mas de uma dimensão mais profunda da existência. Não me preocupei em saber se o que eu fazia era justo; aproximei-me da porta e acendi a luz, para a ver melhor. Nem este meu gesto súbito a surpreendeu. Solícita e docilmente – mas não como criada, antes com um movimento de uma mulher que, sem palavras, obedece à única pessoa com direito a dar-lhe ordens -, virou-se de lado, voltando o rosto para a luz, para eu a ver melhor. Como quem diz: “Por favor, observe-me bem. Sou assim. Sei que sou linda. Observe-me com atenção, não tenha pressa. Este rosto vai recordá-lo para sempre, mesmo no leito de morte”. Ali estava, iluminada, serena e imóvel, com a pequena trouxa na mão, como um modelo face ao pintor, silenciosamente condescendente».


(José Amaral)

Tomai lá do...

Alexandre O'Neill nasceu em Lisboa, a 19 de Dezembro de 1924 e aí faleceu a 21 de Agosto de 1986.



Gaivota

Se uma gaivota viesse
trazer-me o céu de Lisboa
no desenho que fizesse,
nesse céu onde o olhar
é uma asa que não voa,
esmorece e cai no mar.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se um português marinheiro,
dos sete mares andarilho,
fosse quem sabe o primeiro
a contar-me o que inventasse,
se um olhar de novo brilho
no meu olhar se enlaçasse.

Que perfeito coração
no meu peito bateria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde cabia
perfeito o meu coração.

Se ao dizer adeus à vida
as aves todas do céu,
me dessem na despedida
o teu olhar derradeiro,
esse olhar que era só teu,
amor que foste o primeiro.

Que perfeito coração
morreria no meu peito morreria,
meu amor na tua mão,
nessa mão onde perfeito
bateu o meu coração.

(Alexandre O’Neill)

sábado, 15 de dezembro de 2007

História de uma Abelha

Hoje fui ver o filme de animação do momento: História de uma Abelha (Bee Movie).
Benson (na versão portuguesa, que fui ver, a voz é dobrada por Nuno Markl) não é uma abelha qualquer. Recusa-se a aceitar as limitações sobre o que uma abelha pode ou não fazer. Quando termina os estudos, Benson recusa-se a ver a produção de mel como única opção de vida. Parte, assim, à procura de novas experiências.Numa inesperada oportunidade de sair da colmeia, Benson quase morre e é salvo por Vanessa, uma florista de Nova Iorque. Benson, com a ajuda de Vanessa, vai-se apercebendo que os humanos têm um papel decisivo no consumo de mel e resolve processar os homens por roubarem o mel das colmeias! Origina, desta forma, uma batalha nunca imaginada entre humanos e abelhas.
Um senão fica: Há algumas piadas (infelizmente em número elevado) que não são perceptíveis pelas crianças. Piadas adultas demais para a idades das crianças. Contudo, vale a pena ver o filme por vários motivos!

(José Amaral)

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Há uma língua do povo

Olavo Bilac nasceu no Rio de Janeiro, a 16 de Dezembro de 1865 e faleceu, igualmente, no Rio de Janeiro, a 28 de Dezembro de 1918. Poeta brasileiro foi membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15, cujo patrono é Gonçalves Dias.
Aqui fica um belíssimo poema deste poeta-irmão que tão bem soube esculpir em poema a nossa língua.



Língua Portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O génio sem ventura e o amor sem brilho!


(in “Tarde”, 1919)

Mariza nasceu em Moçambique, a 16 de Dezembro de 1973. É a fadista portuguesa, da actualidade, com maior projecção a nível mundial. Fadista? Ela, em conversa com Carlos Vaz Marques na TSF em 2003, diz ser uma «cantadeira de fados». Foi a única portuguesa até hoje a integrar os concertos do Live 8 e a primeira a ser nomeada para um Grammy Latino, o qual perdeu para Los Gaiteros de San Jacinto, da Colômbia. Muitos foram os prémios já atribuídos a esta grande fadista.
Se Olavo Bilac bem elevou, pela escrita, a nossa língua, Mariza não lhe fica atrás com a sua portentosa voz. Aqui fica um poema de Fernando Pessoa e Mário Pacheco imortalizado pela voz de Marisa.


Há uma Música do Povo

Há uma musica do Povo,
Nem sei dizer se é um Fado –
Que ouvindo-a há um ritmo novo
No ser que tenho guardado…

Ouvindo-a sou quem seria
Se desejar fosse ser…
É uma simples melodia
Das que se aprendem a viver…

Mas é tão consoladora
A vaga e triste canção…
Que a minha alma já não chora
Nem eu tenho coração…

Sou uma emoção estrangeira,
Um erro de sonho ido…
Canto de qualquer maneira
E acabo com um sentido!

(José Amaral)

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Rir é o melhor remédio...


Poema de Natal


HISTÓRIA ANTIGA

Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava, e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.

E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da Nação.

Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.


(Miguel Torga, in Antologia Poética, Coimbra, Ed. do Autor, 1981)

domingo, 9 de dezembro de 2007

Direitos Humanos

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adoptada pela ONU a 10 de Dezembro de 1948.
Embora não seja um documento que representa obrigatoriedade legal, serviu como base para os dois tratados sobre Direitos Humanos da ONU, de força legal: o
Tratado Internacional dos Direitos Civis e Políticos, e o Tratado Internacional dos Direitos Económicos, Sociais e Culturais.
A Assembleia Geral da ONU proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações. Pretende-se que cada indivíduo, e cada órgão da sociedade, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades.
Os Direitos Humanos são os
direitos e liberdades básicos que devem gozar todos os seres humanos. Normalmente o conceito de direitos humanos pressupõe também a liberdade de pensamento e de expressão e a igualdade perante a lei.
Este fim-de-semana, em Lisboa, realizou-se a cimeira EU-África. Muito se falou sobre os Direitos em alguns países africanos, nomeadamente no Zimbabué. Muitas são as organizações não governamentais que lutam pelos Direitos dos Homens. Era bom que os políticos também se empenhassem mais nesse sentido.
Não chega fazer cimeiras se fica tudo igual. Não chega fazer cimeira se não se cumprem artigos como este: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade."

(José Amaral)

sábado, 8 de dezembro de 2007

Feriado

Há coincidências assim: Florbela Espanca nasceu em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894 e faleceu no mesmo dia (1930) em Matosinhos. Foi uma das mais importantes poetisas portuguesa.
Hoje os católicos comemoram o feriado da Imaculada Conceição da bem-aventurada Virgem Maria.
Neste feriado aqui deixo um belo soneto de Florbela.


Teus olhos


Olhos do meu Amor! Infantes loiros
Que trazem os meus presos, endoidados!
Neles deixei, um dia, os meus tesoiros:
Meus anéis, minhas rendas, meus brocados.

Neles ficaram meus palácios moiros,
Meus carros de combate, destroçados,
Os meus diamantes, todos os meus oiros
Que trouxe d'Além-Mundos ignorados!

Olhos do meu Amor! Fontes... cisternas...
Enigmáticas campas medievais...
Jardins de Espanha... catedrais eternas...

Berço vindo do Céu à minha porta...
Ó meu leito de núpcias irreais!...
Meu sumptuoso túmulo de morta!...

(José Amaral)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

"Mimos e Contos de Natal"

A Papiro Editora vai fazer o lançamento promocional da Antologia de Contos Mimos e Contos de Natal na próxima Sexta-feira (07DEZ07), pelas 19:00 horas, na Sala de Âmbito Cultural do "El Corte Inglés" de Vila Nova de Gaia.
Como autor do conto "Gaspar e Guaporé", também eu, convido todos aqueles que quiserem estar presentes nesta sessão.


(José Amaral)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Disney


Walt Disney nasceu a 5 de Dezembro de 1901, em Chicago e faleceu a 15 de Dezembro de 1966, em Los Angeles.
Tornou-se conhecido, nas décadas de 1920 e 1930, pelos seus personagens de desenho animado. Quem não se lembra do rato Mickey, da Minnie, do Pato Donald, do Pluto, do Tio Patinhas, entre tantos outros? Foi dele, também, a ideia de criar um parque temático (Disneylândia) sediado nos Estados Unidos. Como se não fosse suficiente foi o fundador da corporação de entretenimento conhecida como a Walt Disney Company.
Os Estudios Disney incluem a Walt Disney Pictures,
Touchstone Pictures, Hollywood Pictures, Miramax Films, Dimension Films e mais recentemente, a Pixar.
Em 1937 os Estúdios Disney produzem o seu primeiro filme: “Branca de neve e os sete anões”.

(José Amaral)

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Comemoração

Como fiz referência há uns dois post's atrás, a Escola EB 2,3 Padre João Rodrigues, Sernancelhe, comemoraria no dia 3 de Dezembro de 2007 o Dia Mundial da Luta Contra a SIDA.
Muitas foram as actividades desenvolvidas ao longo do dia.
Pelas 10:30 horas foi afixada uma tarja gigante na fachada principal da escola. Pelas 10:50 horas houve uma sessão de esclarecimento para os alunos do 7º Ano e das turmas CEF. À mesma hora os alunos do 5º e 6º Anos desenvolveram trabalhos (pesquisa, realização de cartazes e textos alusivos ao tema) em contexto de sala de aula.
Pelas 14:15 horas foi a vez de os alunos do 8º e 9º Anos participarem numa sessão de esclarecimento. Por fim, às 17:00 horas acendeu-se o símbolo da SIDA (feito com velas) e foi lida uma mensagem e um poema.
Realização do Símbolo da SIDA com velas
Sessão de Esclarecimento com as enfermeiras Marisa e Joana

Afixação de uma Tarja Gigante
(José Amaral)

domingo, 2 de dezembro de 2007

Igualdade para Todos

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência comemora-se a 3 de Dezembro. Esta data comemorativa, promovida pelas Nações Unidas desde 1998, tem por objectivo promover uma maior compreensão dos assuntos respeitantes à deficiência. Visa, também, mobilizar para a defesa da dignidade, dos direitos e do bem-estar das pessoas. Intenta aumentar a consciência dos benefícios trazidos pela integração destas pessoas na vida política, social, económica e cultural.
Segundo aprovação do Parlamento Europeu “O Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos (2007) constituirá uma oportunidade de promover uma sociedade mais coesa. Procurará sensibilizar melhor a opinião pública para o substancial acervo comunitário no domínio da igualdade e da não-discriminação, bem como mobilizar todos os interessados a fim de fazer avançar a nova estratégia-quadro da UE no referido domínio, inclusive após 2007”
Não basta ficar pelas palavras, mas é preciso passar aos actos!

(José Amaral)

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Diz não à SIDA...

A 1 de Dezembro comemorar-se-á o Dia Mundial da Luta Contra a SIDA.
A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) é o
conjunto de sintomas e infecções em seres humanos resultantes do dano específico do sistema imunológico ocasionado pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH, ou HIV segundo a terminologia anglo-saxónica).
Este flagelo continua a matar milhões e milhões de pessoas em todo o mundo. O doente infectado pelo VIH fica progressivamente débil, frágil e pode contrair várias doenças que o podem levar à morte. Estas doenças normalmente não atacam as pessoas com um sistema imunitário que funcione bem, pelo que são designadas por “doenças oportunistas”.
Uma pessoa infectada pode transmitir o vírus através de qualquer tipo de relação sexual não protegida. A mãe infectada pode transmitir o vírus ao filho durante a gravidez, parto ou aleitamento.
Hoje, ainda há preconceitos para as pessoas portadoras do vírus. Devemos conviver com essas pessoas e sermos seus amigos, para ajudarmos a derrubar esses preconceitos. Assim, evitamos que muitas pessoas, infectadas com o vírus da SIDA, se sintam postas de lado.

A Escola Padre João Rodrigues, Sernancelhe, associa-se à comemoração deste dia. Em virtude de o dia calhar a um Sábado, será comemorado no dia 3. Entre as várias actividades destacam-se: afixação de uma tarja gigante (com uma mensagem alusiva ao dia), sessões de esclarecimento, trabalhos em contexto de sala de aula e realização do símbolo da luta (com velas).

(José Amaral)

Fingidor...

Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, a 13 de Junho de 1888 e faleceu, também, em Lisboa, a 30 de Novembro de 1935. É considerado um dos maiores poetas portugueses.
Teve uma vida discreta (no jornalismo, na publicidade, no comércio e, principalmente, na literatura, onde desdobrou-se em várias outras personalidades conhecidas como heterónimos). Morreu, de problemas hepáticos, aos 47 anos.
Aqui fica o poema “Autopsicografia”, um dos mais conhecidos de Pessoa.

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira a entreter a razão,
Esse comboio de corda
que se chama o coração.


(José Amaral)

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Divulgação

O Agrupamento Vertical de Sernancelhe, com sede na Escola EB 2,3 Padre João Rodrigues, já tem o seu jornal/blog a funcionar.
É um espaço que dá a conhecer vários aspectos da vida escolar do agrupamento. Notícias, textos, fotografias... chegam a todos os que quiserem saber mais.
Nada mais simples que um simples clique no endereço http://jornalukabula.blogspot.com/ e já está.



(José Amaral)

Foi há um ano...

Por ter estado ausente deixei passar a data do primeiro aniversário da morte de Mário Cesariny. Este pintor e poeta português nasceu em Lisboa, a 9 de Agosto de 1923 e faleceu igualmente na capital portuguesa, a 26 de Novembro de 2006. Considerado o principal representante do surrealismo português adopta uma atitude estética de constante experimentação nas suas obras.
Aqui fica um belíssimo poema da sua autoria retirado de “O Virgem Negra”

Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor - muito melhor! -
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.

(José Amaral)

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Breve Pausa

Com um fim-de-semana à porta e algumas efemérides de permeio (Freddie Mercury morreu em Londres, a 24 de Novembro de 1991, foi o vocalista e líder da banda de rock britânica Queen. Tina Turner, nasceu em Tennessee, a 26 de Novembro de 1939, é uma cantora de R&B, pop, rock e soul, dançarina, além de actriz ocasional. Alexandre Dumas, filho, faleceu a 27 de Novembro de 1895, foi um escritor francês que seguiu os passos de seu pai) e muito provavelmente impossibilitado de actualizar o meu blog até um destes dias, desejo a todos os meus leitores um excelente fim-de-semana. Para isso, aqui deixo um belíssimo poema de José Régio:


Poema do silêncio


Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
-Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!
Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.


(José Amaral)

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Reflexão

O nome François-Marie Arouet, talvez não nos diga nada, mas se utilizarmos o pseudónimo Voltaire já não será o mesmo. Este filósofo, poeta, ensaísta, dramaturgo e historiador nasceu em França (Paris) a 21 de Novembro de 1694. Faleceu, igualmente, na capital francesa a 30 de Março de 1778.
Aqui ficam alguns dos seus pensamentos:
"É perigoso estar certo quando o governo está errado."
"O trabalho afasta três grandes males: O ócio, o vício e a necessidade."
"Posso não concordar com nenhuma das palavras que dizeis, mas defenderei até a morte teu direito de dizê-las."
"Os principais males que atacam o homem vêm da ignorância."
Vale a pena pensar nestas palavras!

(José Amaral)

Flávia

Num comentário ao meu último post, o leitor David Santos fez-me um apelo: ajudar a Flávia!
A minha forma, singela, é publicar o poema (da sua autoria) que ele me enviou.
Para quem não sabe, a Flávia (a menina da foto) encontra-se em coma vigil há mais de nove anos. Todos poderão ajudar nem que seja consultando e deixando comentários no blog dedicado à Flávia:
http://flaviavivendoemcoma.blogspot.com/

TEMPO SEM VENTO

Ah, maldito! Tempo,
Que me vais matando,
Com o tempo.
A mim, que não me vendi.
Se fosses como o vento,
Que vai passando,
Mas vendo,
Mostrava-te o que já vi.

Mas tu não queres ver,
Eu sei!
Contudo, vais ferindo
E remoendo,
Como quem sabe morder,
Mas ainda não acabei
Nem de ti estou fugindo,
Atrás dos que vão correndo.

Se é isso que tu queres,
Ir matando,
Escondendo e abafando,
Não fazendo como o vento:
Poder fazer e não veres
Aqueles que vais levando,
Mas a mim?
Nem com o tempo!

(José Amaral)

sábado, 17 de novembro de 2007

Sugestão de Leitura



Desta feita a minha sugestão de leitura centra-se no último livro de Miguel Sousa Tavares: “Rio das Flores”. Com a chancela da “Oficina do Livro” (632 pág.) é um romance que se lê com bastante agrado. Este segundo romance (o primeiro foi “Equador”) vem confirmar MST como romancista em ascensão.
Alguns críticos vieram já dizer que o livro tem 100 páginas a mais e outros vieram dizer que para ser uma obra completa faltam-lhe 100 páginas. Opiniões!...
Estamos na presença de uma história passada em Portugal (centrada no Alentejo), Espanha (fazem-se referências a outros países da Europa) e Brasil, na primeira metade do século XX.
Essa história relata-nos a saga da família Ribera Flores, uma família de proprietários rurais, nesses anos conturbados da primeira metade de um século marcado por várias ditaduras (as mais directamente frisadas são as de Franco e Salazar).
Depois da Morte do patriarca Ribera Flores, ficamos com o relato dos amores e desamores dos dois irmãos: Diogo e Pedro. O primeiro, mais aventureiro porque acha o país pequeno para ele, casa-se com Amparo e, depois de emigrar – por causa dos negócios – para o Brasil, deixa-a (com dois filhos) e apaixona-se por Benedita de quem tem também uma filha; Pedro, mais agarrado à terra e também mais rebelde, apaixona-se por Angelina e sofre um desgosto de amor. Nunca mais se apaixonou (embora mantenha uma paixão secreta pela cunhada).
É um romance que fala dos apegos e desapegos à família, de amores e paixões, apego à terra e às suas tradições.
Serve, esta leitura, para conhecermos um pouco mais da história da primeira metade do século XX, em especial em Portugal. Tem o condão de nos fazer pensar e de nos colocar dois pontos de vista distintos, isto é, duas formas diferentes de pensar/encarar um mesmo problema.

(José Amaral)

Fumar Mata!...


O Dia Nacional do Não Fumador assinala-se este sábado (17 de Novembro) para alertar para os malefícios do tabaco, considerado pela Organização Mundial de Saúde a principal causa de morte evitável em todo o Planeta.
(José Amaral)

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O Poeta-Cauteleiro

António Aleixo nasceu em Vila Real de Santo António,a 18 de Fevereiro de 1899 e morreu em Loulé, a 16 de Novembro de 1949 (de tuberculose). É, talvez o maior poeta popular português, embora seja semi-analfabeto. Famoso pela sua ironia e pela crítica social sempre presente nos seus versos.
A sua foi tudo menos monótona; foi tecelão, guarda de polícia, servente de pedreiro, trabalho este, que emigrado, também exerceu em França. Quando regressou a seu Algarve passou a vender cautelas (chegou a ser conhecido nas feira como o “poeta-cauteleiro”).
O AD LITTERAM deixa aqui algumas quadras deste singular poeta. Que sirvam para rir, mas que não deixem de nos fazer pensar.


«Forçam-me, mesmo velhote,
de vez em quando, a beijar
a mão que brande o chicote
que tanto me faz penar.


Eu não tenho vistas largas,
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia.


Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu'rer um mundo novo a sério.


P'ra mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem que trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.


Sei que pareço um ladrão...
mas há muitos que eu conheço
que, não parecendo o que são,
são aquilo que eu pareço.


O mundo só pode ser
melhor do que até aqui,
- quando consigas fazer
mais p'los outros que por ti!


Uma mosca sem valor
poisa, c'o a mesma alegria,
na careca de um doutor
como em qualquer porcaria.


Para não fazeres ofensas
e teres dias felizes,
não digas tudo o que pensas,
mas pensa tudo o que dizes.

Sei que umas quadras são conselhos
que vos dou de boa fé;
outras são finos espelhos
onde o leitor vê quem é.

Vemos gente bem vestida,
no aspecto desassombrada;
são tudo ilusões da vida,
tudo é miséria dourada.

Julgando um dever cumprir,
Sem descer no meu critério,
- Digo verdades a rir
Aos que me mentem a sério!»

(José Amaral)

terça-feira, 13 de novembro de 2007

E, porque o Inverno tarda...


Recordações


Há dias assim:
Simplesmente
...melancólicos!

A chuva primaveril
apanhou-nos de surpresa.

Das copas das árvores
gotas escorrem
e brilham como cristais.

Melancolicamente vemos,
através da vidraça,
crianças a chapinhar
nas poças d’água.

Recordamos,
com saudade,
a nossa meninice.

Há dias assim:
simplesmente
...dias!


(in “Outonalidades”, José Amaral)

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

S. Martinho

São Martinho (de Tours) era um soldado do exército romano. Nasceu e cresceu na Hungria, em 316, sob uma educação da religião dos seus antepassados. Aos 10 anos de idade entrou para o grupo dos catecúmenos (aqueles que se preparam para receber o baptismo). Aos 15 anos de idade, e contra a própria vontade, teve de ingressar no exército romano e dirigir-se para a Gália. Aos 18 anos abandonou o exército.
Segundo a
lenda, quando era ainda soldado, ocorreu o que tornou São Martinho conhecido em todo o mundo. Ao entrar pelo portal da cidade de Amiens, montado no seu cavalo, deparou com um pobre homem praticamente sem roupas. Era Inverno e rigoroso. Ao ver que ninguém o ajudava, mesmo pessoas com muito mais posses que ele, tentou ajudá-lo a proteger-se do frio. Desembainhando a espada cortou a sua capa militar ao meio e ofereceu metade ao pobre pedinte. Ainda segundo a lenda, acto contínuo, despontou um Sol radioso. Por isso, nesta altura do ano é normal uns diazitos de sol, aos quais chamamos de Verão de S. Martinho.
Nessa mesma noite S. Martinho teve uma
visão na qual vislumbrou a face de Cristo, que vestia a capa dada ao mendigo, e assim São Martinho acreditou que aquele a quem ajudara tinha sido Jesus Cristo.
Em Portugal, é tradição no dia 11 de Novembro comemorar-se o S. Martinho. Para tal, não podem faltar as castanhas assadas, o vinho novo ou a jeropiga.

(José Amaral)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Sophia

Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto, a 6 de Novembro de 1919 e faleceu em Lisboa, a 2 de Julho de 2004 (com 84 anos).
Sophia foi uma das mais importantes
poetisas portuguesas do século XX e foi distinguida com os mais variados Prémios dos quais se destacam o Prémio Camões (1999) e Prémio Rainha Sofia de Poesia Iberoamericana (2003).
Também se distinguiu como contista (
Contos Exemplares) e autora de livros infantis (O Cavaleiro da Dinamarca, A Floresta, A Fada Oriana, etc.).
A anémona dos dias

Aquele que profanou o mar
E que traiu o arco azul do tempo
Falou da sua vitória

Disse que tinha ultrapassado a lei
Falou da sua liberdade
Falou de si próprio como de um Messias

Porém eu vi no chão suja e calcada
A transparente anémona dos dias.

(“No Tempo Dividido e Mar Novo”, Edições Salamandra, 1985)

(José Amaral)

domingo, 4 de novembro de 2007

"Poemalvorada"


AlvoreS

No alvor da aurora
abri os olhos, mas não acordei.
Sentia-me sorumbático,
perdido na imensidão
de um deserto de acalmia
de brisas suaves
de pensativos e expectantes
desejos incontidos
incontados
“in com tudos”.

Bateram, suavemente,
na madeira das minhas pálpebras
perguntando se morava,
naqueles “berlindes observantes”,
alguém.
Não, não morava lá ninguém.
Perdão!
Morava um... invisual.

O meu mundo,
sempre com a luz eléctrica cortada
(maldita companhia,
só pensa em impostos)
era negro;
de um negro lindo,
para mim,
um negro acetinado
que me protegia.

Agradeci aos Céus
o facto de ser invisual.
Não, não é masoquismo!!!

Assim não sou obrigado
a ver violência,
miséria,
ódio, ...nada.

Chamam-me cego,
alguns ceguinho,
eu sei.
Quero que saibais,
irmãos:
- «Vejo melhor, eu,
na minha cegueira,
que vós na vossa verborreia prepotente».



(in “Poder da Díctamo”, José Amaral)

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Leitura de gaiola



Mais uma sugestão de leitura. Desta feita “Canário” (Dom Quixote, 319 pág.) de Rodrigo Guedes de Carvalho. É uma história bem escrita, pejada de ironia e pr vezes, escrita numa crueza mordaz. A história versa sobre duas personagens: um homem preso (Geraldo) por ter matado o companheiro da mãe e um escritor famoso (Alexandre).
As histórias interligam-se. Geraldo é filho de Alexandre que tem outra filha do seu casamento. A filha de Alexandre deu-lhe um neto autista que o avô quase não quer saber da sua existência. Quando Alexandre descobre que é “pai bastado” a sua vida parece desmoronar-se. Cai do pedestal. Este romance permite-nos conhecer a vida na prisão, mas também a de outras prisões que vivemos na nossa vida.
Vale a pena ler este romance, muito bem escrito e que nos põe a pensar.

(José Amaral)

Saudosismo

ESPERANÇA E TRISTEZA

Minha tristeza é pior que a tua dor;
Um dia, no teu ventre sentirás
Reencarnar para o mundo o teu amor:
A mesma alma, o mesmo olhar... verás!

Eu sei que há-de voltar; e assim terás
A alegria primeira, ainda maior...
E então, de novo, alegre ficarás;
Será primeiro o teu segundo amor!

Mas eu que, antes do tempo, já declino,
Quem sabe se verei o teu Menino,
Numa idade em que possa compreender?

E partirei sem lhe deixar,
Na memória, esse interno e fundo olhar,
A comovida imagem do meu ser...

(Teixeira de Pascoaes, pseudónimo literário de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, nasceu em
Amarante, a 2 de Novembro de 1877 e faleceu a 14 de Dezembro de 1952. Foi um dos mais notáveis representantes do saudosismo)

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Morte...


"Não me venham com conclusões! A única conclusão é morrer."
Fernando Pessoa

"Todo mundo então era pérfido, mentiroso e falso? E lágrimas lhe vieram aos olhos, pois choramos sempre a morte das nossas ilusões com a mesma mágoa com que choramos os nossos mortos."
Guy de Maupassant

"Os mortos vêem o mundo / pelos olhos dos vivos"
Ferreira Gullar

"A morte está escondida nos relógios".
Giuseppe Belli

"Às vezes, é pela forma como morre que um homem mostra que era digno de viver".
Francis Ponge

"É mais fácil suportar a morte sem pensar nela do que suportar o pensamento da morte sem morrer".
Blaise Pascal

"Morrer, só se morre só. O moribundo se isola numa redoma de vidro, ele e a sua agonia. Nada ajuda nem acompanha".
Rachel de Queiroz

"O homem fraco teme a morte, o desgraçado a chama; o valente a procura. Só o sensato a espera".
Benjamin Franklin

"Existem três tipos de pessoas: as que se preocupam até a morte, as que trabalham até morrer e as que se aborrecem até à morte".
Winston Churchill

"Morrer é duro. Sempre senti que a única recompensa dos mortos é não morrer nunca mais".
Nietzsche

"Nada mais certo do que a morte e nada mais incertos que o dia e a hora em que ela virá".
Cícero


(Origem: Wikiquote, a colectânea de citações livre.)

Dia de Todos-os-Santos / Dia dos Fiéis Defuntos

A festa do dia de Todos-os-Santos é celebrada, a 1 de Novembro, em honra de todos os santos e mártires, conhecidos ou não.
Um dos objectivos do dia de Todos-os-Santos é suprir quaisquer faltas dos fiéis em recordar os santos nas celebrações das festas ao longo do ano.
A partir da perseguição de
Diocleciano o número de mártires era tão grande que se tornou impossível designar um dia do ano separado para cada um dos santos. Daí a necessidade de criar um dia para celebrar todos aqueles santos (essencialmente anónimos) que não têm um dia só para eles. Como muitos homens e mulheres foram vistos como exemplos de santidade criou-se este dia para celebrar todos os cristãos que se encontram na glória de Deus.


No dia seguinte ao de Todos-os-Santos, a Igreja Católica celebra o Dia dos Fiéis Defuntos ou Dia de Finados (a 2 de Novembro).
Desde o
século II, os cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram. No século V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava.
Nestes dois dias as romarias aos cemitérios aumentam. Os familiares, assim, prestam homenagem e lembram os seus entes queridos que já partiram deste mundo e que deixaram saudades.

(José Amaral)

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Dia das Bruxas


O Dia das Bruxas (Halloween) é um evento de cariz tradicional e cultural, que ocorre nos países anglo-saxónicos, com especial relevância nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido, tendo como base e origem as celebrações pagãs dos antigos povos celtas.
Originalmente, o halloween não tinha relação com
bruxas. Era um festival do calendário celta da Irlanda celebrado entre 30 de Outubro e 2 de Novembro e marcava o fim do Verão.
Posto que, entre o pôr-do-sol do dia 31 de Outubro e dia 1 de Novembro, ocorria a noite sagrada (hallow evening, em inglês), acredita-se que assim se deu origem ao nome actual da festa: Halloween.

(José Amaral)

Génio da Poesia

As sem razões do amor


Eu te amo porque te amo.

Não precisas ser amante,

e nem sempre sabes sê-lo.

Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça

e com amor não se paga.



Amor é dado de graça,

é semeado no vento,

na cachoeira, no elipse.

Amor foge a dicionários

e a regulamentos vários.



Eu te amo porque não amo

bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,

não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,

feliz e forte em si mesmo.



Amor é primo da morte,

e da morte vencedor,

por mais que o matem (e matam)

a cada instante de amor.


(Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, a 31 de Outubro de 1902 e faleceu no Rio de Janeiro, a 17 de Agosto de 1987)

Génio do Relvado



Diego Maradona nasceu em Lanús, a 30 de Outubro de 1960. Conhecido como El Pibe, Maradona é considerado um dos maiores jogadores de todos os tempos (para mim é seguramente o melhor). A sua carreira desportiva foi interrompida precocemente em função do consumo de substâncias dopantes e álcool. Aquele que era um ídolo, dentro do campo, para muitos jovens tornou-se um mau exemplo fora dos relvados.
No ano 2000, Maradona foi eleito como o melhor jogador de todos os tempos numa votação internacional do site da FIFA, mas sem carácter oficial.

(José Amaral)

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Poema


O enforcado

No gesto suspensivo de um sobreiro,
o enforcado.

Badalo que ninguém ouve,
espantalho que ninguém vê,
suas botas recusam o chão que o rejeitou.

Dele sobra o cajado.

(Alexandre O'Neill, 1979)

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Hora de Inverno


É já hoje, 27 de Outubro de 2007, que devemos acertar os relógios pela hora de Inverno. Assim, quando forem 02:00 horas da madrugada de 28 (em Portugal Continental) devemos atrasar os relógios para a 01:00 horas.
Poderemos, desta forma, dormir mais uma hora!

(José Amaral)

Alterações Climatéricas

Mais uma sugestão de leitura: “O Sétimo Selo” (Gradiva, 502 pág) de José Rodrigues dos Santos.
É um livro que se lê num fôlego e, embora não sendo nada de transcendente, tem o condão de nos alertar para o problema do Aquecimento Global.
Esta é mais uma aventura do professor Tomás Noronha. Relata-nos a história de quatro cientistas. Dois desses cientistas são assassinados e os outros dois encontram-se desaparecidos. Por causa dos dois cientistas assassinados, a Interpol contacta Tomás Noronha para decifrar um enigma com mais de mil anos, um segredo bíblico que o criminoso rabiscou numa folha e deixou ao lado do cadáver: 666, o número da besta. É a partir de aqui que Tomás entra em campo para solucionar este enigma. Os encontros com Filipe, seu colega de estudos na adolescência, e desencontram tornam a narrativa atractiva.
A exploração petrolífera encaminha o mundo para o Apocalipse. O relato alerta-nos para os perigos do aquecimento do Planeta, ameaças que se erguem à sobrevivência da humanidade. No meio desta história rocambolesca há, ainda, tempo para o relato da perda das faculdades de Graça Noronha, após a morte do marido, que acaba “despejada” num lar.

(P.s. – Embora não tenha a ver com o livro vale a pena ler a edição desta semana da revista “Visão” [n.º 764 de 25OUT07 – Edição Verde] que aborda, profundamente, o problema das Alterações Climatéricas. Se quisermos podemos ajudar a plantar uma árvore. Para tal, basta ir a
http://aeiou.visao.pt/portugalverde/ e seguir as instruções. Quando for pedido o código da revista basta escrever Por um Portugal Verde. Não custa nada!)

(José Amaral)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Sociedade Ponto Verde

A Sociedade Ponto Verde apresenta a partir de hoje um novo anúncio de televisão. “Pedinchões” é o nome do spot publicitário que volta com algumas das pequenas grandes estrelas que desde o primeiro anúncio, exibido em 2004, se tornaram caras conhecidas dos portugueses.
“Pedinchões” pode ser visto numa televisão perto de nós, nos canais generalistas RTP 1 e 2 e TVI bem como nos canais de cabo Sic Notícias, RTPN, AXN, Fox, Hollywood, Panda, Sic Mulher, Sic Radical e TV Record. A campanha é composta por quatro filmes de 30 segundos, dirigidos aos quatro materiais de embalagens: papel/cartão, vidro, plástico e metal. Uma versão mais longa, de 60 segundos, será exibida nas salas de cinema Lusomundo.
(retirado de
http://www.pontoverde.pt/).
Certamente já todos vimos na televisão dois novos anúncios da Sociedade Ponto Verde. Aquelas crianças com ares tão angelicais, com frases tão simpáticas, cheias de paciência e de graciosidade apelam-nos, a nós adultos, para fazermos algo tão simples: ajudar a tornar o Planeta mais limpo, menos poluído. Penso que ninguém deixará de ficar indiferente a este anúncio. Agora, mãos à obra!

(José Amaral)

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Do Tempo e dos Homens

Mais um livro que acabo de ler, “Do Tempo e dos Homens – Volume I – Da história literária à história da cultura” da autoria de Joaquim de Montezuma de Carvalho (Edição do Instituto Piaget, 501 pág), e que aqui recomendo.
É um livro que reúne alguns dos mais importantes ensaios críticos que servem de referência no escasso campo do pensamento literário do século XX.
O livro divide-se em três partes: I – Temas Literários (A – Literatura de Língua Portuguesa; B – Literatura Europeia; C – Literatura Comparada), II – Camoniana; III – Temas de História da Cultura.
Os ensaios aqui apresentados revelam uma cultura vastíssima e reflectem o pensamento, nu e cru sem rodeios, do autor. Diz o que tem a dizer e não se preocupa em evitar outras opiniões ou em discordar, de todo ou em parte, de outros autores. O autor, Joaquim de Montezuma de Carvalho, revela uma extraordinária lucidez crítica.
Evidentemente que não se trata de um romance, que se lê como quem bebe um copo de água, mas é uma obra que requer uma leitura atenta e aprofundada. Muito se aprende com a leitura deste livro e recomendo-o, em particular, aos professores de Português e de História, mas também a todos aqueles (autodidactas ou não) que se interessam pela cultura.

(José Amaral)