segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Comentário Crítico

Na edição de hoje, 30 de Outubro de 2006, do jornal “O Primeiro de Janeiro” saiu um comentário crítico do Prof. Dr. Joaquim de Montezuma de Carvalho (na secção «Artes e Letras») sobre o meu livro “Outonalidades”. Gostaria de o publicar aqui na íntegra, mas por ser extenso apenas o coloco “remendado”. Porém, para quem quiser lê-lo na totalidade basta seguir o seguinte link (abrindo a página clicar onde diz Assinatura Reconhecida) http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=tema&sec=d67d8ab4f4c10bf22a
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José Amaral: vero poeta da difícil simplicidade…

Joaquim de Montezuma de Carvalho
No cap. XVIII, da parte 2ª de Don Quijote de La Mancha, o autor, Cervantes, mandava recado satírico aos abundantes e turvos poetas do seu tempo ibérico: - “No me parece mal esa humildad – respondió Don Quijote -; porque no hay poeta que no sea arrogante y piense de si que es el mayor poeta del mundo”. Nesse tempo – ontem como hoje – os poetas eram tantos que tapavam o sol nas alturas. O comentário humorístico é de Cervantes, a prolongar-se…
(…)
Quanto aos críticos – tão responsáveis insanos do aluvião – o Amadeu Torres (Casto Gil) dá-lhes o remédio curativo:
Mas quem quer lição hoje de outrem, afinal,
Se o raso quer assentar praça em general
E o poetastro bisonho é Camões em Constância?
Fazem-me rir a crítica e a sua bitola:
Muita vez, não se sabe quem lidera a bola,
Se a amizade, a nesciencia, a cor, a petulância.
(…)
A sociologia ainda não estudou as inversões. Por cá já existem poetas com estátuas e pouco valem. Pelo Brasil floresce o mesmo destino inverso: os que não prestam é que são badalados (as maiorias). Tobias Pinheiro completou oitenta anos neste 2006. Este poeta carioca festejou-se com a edição de “Sonetos” (Rio de Janeiro, 2006, 128 pg.). Vale a pena lembrar este soneto cujo título a calhar poderia ser igualmente “Às avessas”:

ODE À MEDIOCRIDADE
Acreditas na glória, a glória imensa,
que dá ao vencedor louros e preces…
Teus súditos de rastro, em forma de SS,
só pedem que lhes dês a recompensa.
Essa mediocridade é que te incensa,
e é nesse entusiasmo que te aqueces,
com os fastígios do orgulho em que estremeces
contra a humildade e contra a indiferença.
Fui derrotado e sei que és vencedora,
mas prefiro o ostracismo e a nostalgia,
a te seguir, ó deusa sedutora…
Prefiro a solidão serena e boa!
- Mediocridade, estou com a minoria;
passa… que a minoria te perdoa.
(…)
Daí que me seja muito grato encontrar algum oásis de poesia actual ao atravessar o seu inumerável deserto. É algo raro. Vale a pena considerar o livro “Outonalidades”. É seu autor José Amaral. O livro é linda edição da portuense “Papiro Editora”, de Junho de 2006. Não conheço o autor e tanto melhor…
(…)
Finalmente, a notícia de haver dado à estampa dois livros de poesia, “Poder da Díctamo” é “Oráculo Luminar”. Não li os livros anteriores. Poderia não saber nada disto ou saber apenas que o destino o fizera nascer em Moçambique e o meu juízo não se alteraria circunscrito apenas a seu livro recente de “Outonalidades”. Os contactos privam liberdade. O ter nascido em Moçambique deu ao autor, por infusão, a frugalidade do orientalismo… franciscano que São Francisco é mais indiano do que italiano, a princípio duro e ricaço, depois um arrependido…
(…)
José Amaral, homem nascido no berço oriental de Moçambique e onde africanos e indianos tanto se abraçam no respeito às coisas mínimas da natura e nada desprezam, é irmão franciscano no puro amor total e absorvente (o que não aprendeu nos cursos de Vizeu) a abelhas, borboletas, ovelhas, pombas, formigas, cachorros rafeiros, coelhos, pavões, corvos, patos; malmequeres, crisântemos, ervas dos campos, urgueiras, flores de laranjeira, alecrim, tojos, jasmim, giestas, rosas espigas de trigo, o cair das folhas, as amendoeiras, tílias, jacarandás, diospiros, mimosos, amoreiras, carvalhos, plátanos. Ele está sempre cercado de coisas naturais… Estes poemas seus respiram terra, terra que faz parir sementes, terra que por vezes parece morta e sem futuro de gravidez, e por eles percorrem mil cores e odores. Os poemas nunca dizem uma só coisa, mas duas ou três acopladas como pólipos naturais.Mas este singular e vero poeta – um escândalo face à penúria das vastas maiorias (as tais das farpas ajustadas de Amadeu Torres/Castro Gil) – não pinta os objectos da natura referidos como coisas fora de si. Ele segue os passos de outro genial panteísta espiritualista, tão de índole franciscana, o italiano Giacomo Leopardi (1798-1837), os passos não no pessimismo mas os passos no proceder como poeta (o Leopardi que teve igual dimensão para Teixeira de Pascoaes). A lectio de Leopardi vem no seu “Zibaldone”, pensamento 4358; “É falsíssima a ideia de considerar e definir a poesia como uma arte imitativa, tratá-la como uma pintura, etc. O poeta imagina: a imaginação vê o mundo como não é, constrói um mundo que não é, finge, inventa, não imita (repito) de propósito. Ele é um criador, um inventor, mas não um imitador. É este o carácter essencial do poeta”. E José Amaral não é imitador nem pintor…
(…)
E assim com o demais, num processo equivalente ao amor que é amor, a atmosfera de toda a poesia contida em “Outonalidades”. Para exemplo fica aqui o poema:

Cheiros

gosto do cheiro
da flor de laranjeira,
do alecrim
e do jasmim.
Faz-me imaginar
o odor do Paraíso.
Quando me perco
nesses cheiros
sonho imagens
calmas de serenidade
e imagino
como seria o mundo
se todos,
de olhos fechados,
seguíssemos o odor
da felicidade,
da paz,…
do amor.

Este poeta José Amaral tem muitíssimo de oriental. Lembra-me muito o suave, terno e quasi místico Rabindranath Tagore (Calcutá, 1861 – Bengala, 1941), Nobel de Literatura de 1913, um poeta que li nas traduções perfeitas da mulher de Juan Ramón Jiménez, a Camprubi. O imaculado é a característica comum. Não há temas nobres e selectivos para a criação poética. Tudo quando cabe no planeta, cabe na criação do que sensibilizado e fulminado foi e pode parecer extravagante. Isto ocorre com José Amaral, poeta que enfiou formigas, folhas caídas e tílias nos seus poemas e sabe que tudo é importante no mundo (não importante, claro, os tais poetas que se julgam importantes…) O José Amaral é um panteísta espiritualista a dar prova neste volume que o amor de S. Francisco de Assis não morreu e continuam a ser válidas as questões morais que o Decálogo de Moisés olvidou de todo (a relação com a própria natura e não só de homem para homem e de homem para Deus). Vale bem a pena amar o que nos cerca e a imaginação fertiliza com a pureza desse outro continente, o da impessoalidade (o da morte ao eu egoístico). O livro de José Amaral não tem qualquer prurido pedagógico. E todavia, é super-pedagógico pela delicadeza e firmeza em tudo. Ele não é um poeta. É mais. É um mensageiro da Paz como o foi Tagore… A poesia, o seu areópago. Louvo o destino que o fez nascer em Moçambique se por cá nascido, estaria decapitado à nascença. E Moçambique perdeu um poeta de raiz. Parabéns à Papiro Editora, do Porto, e a um poeta que tão bem respeitou graficamente! Nem tudo é deserto entre a selva selvaggia das falácias…

(José Amaral)

domingo, 29 de outubro de 2006

apocalipse

O Sol nasceu envergonhado / parecendo arrepender-se / de ter nascido na véspera. / Meio envergonhado, / rasgou, sem dó nem piedade, / as suas congéneres nuvens / que o incomodavam sobremaneira.
A Lua, / numa manha digna de uma raposa, / ria-se no seu cantinho / a
inda sem ter desaparecido, / deixando atrás dela / um rasto de simpatia / que me fazia pensar / na minha agri-doce simpatia. / Meio envergonhado, eu, / quis, qual cavaleiro apocalíptico, / invadir um reino / sem rei nem roque.
As tropas enfileiradas / preparavam-se para o prélio / que se avizinh
ava / – pelo menos se anunciava – / e se assemelhava / ao Juízo Final.
Tocaram as tro
mbetas! / O Sol fugiu / a Lua escondeu-se / as nuvens rasgaram / gritos estridentes / que fizeram abalar / os pilares do mundo.
O Céu ficou deserto / a Terra abandonada / os guerreiros desarmados, / d
espidos mesmo até, / na sua mais vergonhosa /... estupidez.


in Oráculo Luminar, José Amaral

Peditório


O Peditório Nacional é um grande testemunho da generosidade das populações abrangidas pela Liga Portuguesa Contra o Cancro e do grande apreço pelo trabalho realizado.

Através do Peditório Nacional a população sente, mais de perto e como seus, os objectivos da Liga Portuguesa Contra o Cancro, e procuram participar na realização dos seus projectos com donativos que continuam a ser a principal fonte financiadora de todas as actividades desenvolvidas.

Cabe a cada Núcleo Regional organizar, na sua área, o Peditório anual que, para além da dedicação dos seus funcionários, conta com o admirável apoio e trabalho de muitos voluntários e clubes de serviço à comunidade com especial referência aos Escuteiros, Lyons Clubes, Rotários, Paróquias, etc.

in http://www.ligacontracancro.pt/


Este ano o peditório da Liga Portuguesa contra o Cancro realiza-se entre 1 e 4 de Novembro. Se todos colaborarmos não custa nada e estamos a contribuir para uma causa justa. Vamos ser generosos. As doenças não batem só à porta dos nossos vizinhos…

(José Amaral)

Vem aí o "Dia das Bruxas"

O Halloween (Dia das Bruxas) é um evento de cariz tradicional, que ocorre nos países anglo-saxónicos, com especial relevância nos Estados Unidos, Canadá, Irlanda e Reino Unido.

A origem do halloween remonta às tradições dos povos que habitaram a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a.C. e 800 d.C., embora com marcadas diferenças em relação às actuais abóboras ou da famosa frase "Travessuras ou Gostosuras". Na sua origem, o halloween não tinha relação com bruxas. Era um festival do calendário celta da Irlanda celebrado entre 30 de Outubro e 2 de Novembro e marcava o fim do verão.

O fim do verão era considerado como ano novo para os celtas. Era pois uma data sagrada uma vez que, durante este período, os celtas consideravam que o "véu" entre o mundo material e o mundo dos mortos e dos deuses ficava mais ténue. O Samhain (fim do verão) era comemorado por volta do dia 1 de Novembro.

Uma vez que entre o pôr-do-sol do dia 31 de Outubro e 1 de Novembro, ocorria a noite sagrada (hallow evening, em inglês) acredita-se que assim se deu origem ao nome actual da festa: Hallow Evening -> Hallowe'en -> Halloween.

(José Amaral)

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

TLEBS

Acabo de ler na revista “Visão” (N.º 712, 26Out-01Nov) um ensaio, muito interessante, de Maria Alzira Seixas (MAS) sobre a nova Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS).

Coincidência ou não as iniciais da autora do texto formam a palavra MAS (não vou classificá-la para não incorrer num erro tlebístico). Nisto de novas terminologias não há um mas… há muitos! A autora levanta algumas questões pertinentes. Gostaria de publicar todo o artigo, porém faço apenas a transcrição de algumas passagens que, suponho, serão elucidativas.
“Também ouvi (e importa ver a utilização concreta, porque é assim que se irá ensinar) que se quer que cada conceito corresponda a uma só manifestação gramatical, o que não condiz com designações multivocabulares abstrusas que a TLEBS aceita, presentes em actuais manuais (ex: o advérbio de modo «supostamente» classificado como «advérbio disjunto restritivo da verdade de asserção»; imaginem uma criança a decorar isto!); e, a ser tal possível (poucos conceitos têm valência única), é incoerente preferir «nome» a «substantivo», por ser muito mais amplo e romper a tradição filosófica milenar que funda a relação entre pensamento e linguagem, elevando-a acima do uso instrumental.
Em frases como «amanhã vou ao cinema», essa linguística diz ainda que «vou» não é presente mas futuro. (…)
E, sendo a TLEBS norma racionalizadora do ensino e não uma lei, admitamos que, se der azo a incorrecções, ninguém pode obrigar um professor a ensinar mal! Esta questão é do interesse público, não é uma minudência de especialistas: condiciona formas de lidar com a língua, incidindo em modelos de pensamento e, logo, da actuação em sociedade”.
A confusão é enorme, desde o calendário da implementação da TLEBS, até à formação dos professores (sim porque foram prometidas acções, mas não foram feitas), a ausência de gramáticas actualizadas, aos manuais pouco esclarecedores….
Outras questões se colocam, ainda: Na escola primária qual a terminologia seguida? E quando um professor de outra disciplina empregar a terminologia antiga, a que aprendeu e sempre utilizou?
Infelizmente quem decide parece que não sabe nada sobre leis básicas de construção. Será que quem legisla anda a dormir? Será que querem começar a casa pelo telhado? Esses senhores faziam um serviço de “utilidade pública” se não complicassem.
O governo criou o “simplex” para facilitar as coisas e anda meia dúzia de iluminados (haverá algum interesse no meio disto tudo?) a querer criar um “complicadex”.
Façam um favor – os iluminados – demitam-se.

José Amaral

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Poesia 2

Epitáfio para um poeta

As asas não lhe cabem no caixão!

A farpela de luto não condiz
Com seu ar grave, mas, enfim, feliz;
A gravata e o calçado também não.
Ponham-no fora e dispam-lhe a farpela!
Descalcem-lhe os sapatos de verniz!
Não vêem que ele, nu, faz mais figura,
Como uma pedra, ou uma estrela?
Pois atirem-no assim à terra dura,
Ser-lhe-á conforto:
Deixem-no respirar ao menos morto!

José Régio


Um poema


Um poema
é a reza dum rosário
imaginário.
Um esquema
dorido.
Um teorema
que se contradiz.
Uma súplica.
Uma esmola.
Dores,
vividas umas, sonhadas
outras…
(Inútil destrinçar).
Um poema

é a pedra duma escola
com palavras a giz
para a gente apagar ou
guardar

Saúl Dias


O sonho


Pelo Sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.

Basta a fé no que temos,

Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos e
do que é do dia-a-dia.

Chegamos? Não chegamos?

- Partimos. Vamos. Somos.

Sebastião da Gama

domingo, 22 de outubro de 2006

Perfume

Em 1999 li pela primeira vez o livro O Perfume de Patrick Süskind. Acabei, agora, de relê-lo. Este livro é sem dúvida uma obra-prima. Dá prazer ler esta história bem urdida que nos prende do princípio ao fim. Uma outra obra deste autor (que li em 2000) merece, igualmente, uma referência pela excelência: “A História do Senhor Sommer”.

Agora que se anuncia a estreia em Portugal do filme, baseado nesta obra, mais se justifica a sua leitura. O filme da autoria de Tom Tykwer conta com a presença de dois grandes actores: Dustin Hoffman e Alan Rickman. Esperemos que o filme seja tão bom quanto o livro.
Isso são outras contas e, por agora, deixo aqui uma breve sinopse do livro.

Sinopse: Esta estranha história passa-se no século XVIII e é fruto de um extraordinário trabalho de reconstituição histórica que consegue captar plenamente os ambientes da época tal como as mentalidades. O protagonista é um artesão especializado no ofício de perfumista, e essa arte constitui para ele – nascido no meio dos nauseabundos odores de um mercado de rua – uma alquímica busca do Absoluto. O perfume supremo será para ele uma forma de alcançar o Belo e, nessa demanda nada o detém, nem mesmo os crimes mais hediondos, que fazem dele um ser monstruoso aos nossos olhos. Jean-Baptiste Grenouille possui no entanto uma incorrupta pureza que exerce um forte fascínio sobre o leitor.

José Amaral

Pires, José Cardoso (1925-1998)



José Cardoso Pires, escritor português, nasceu a 2 de Outubro de 1925 e faleceu a 26 de Outubro de 1998, sendo sepultado no Cemitério dos Prazeres em Lisboa. Nasceu em Vila de Rei e foi viver para Lisboa com os pais. Passou grande parte da sua infância e adolescência na capital, onde frequentou o Liceu Camões e foi aluno de Rómulo de Carvalho.

A sua experiência da vida boémia, da rua e da noite, resultou num conhecimento que transpõe para alguns dos seus textos (v.g. "Alexandra Alpha"). Realizou esporadicamente trabalhos como jornalista e redactor de publicidade até se dedicar definitivamente à escrita. O seu trajecto pessoal e a sua carreira são marcados pela inquietação e pela deambulação. É considerado como um romancista, mas não se liga a nenhum grupo, nem se fixa a nenhum género literário.

A sua obra é extensíssima. De entre muitas e grandiosas obras destacam-se: Jogos de Azar (Contos 1963); O Delfim (Romance 1968); O Burro em Pé (Contos 1979); Balada da Praia dos Cães (Romance 1982); Alexandra Alpha (Romance 1987); De Profundis, Valsa Lenta (Crónicas 1997).

Muitas das suas obras foram adaptadas ao cinema. Destacam-se as adaptações de “Balada da Praia dos Cães” de José Fonseca e Costa e “O Delfim” de Fernando Lopes.

Muitos foram, igualmente, os prémios que JCP e a sua obra receberam. Deles se destaca o Prémio Pessoa em 1997.

José Amaral

O outro lado

Acabo de ler no Jornal de Notícias deste Domingo (22OUT06) um artigo escrito por Manuel Poppe, na rubrica “O outro lado”, subordinado ao tema Guimarães Rivoli e os professores. O artigo está dividido em três partes. Permito-me transcrever aqui a terceira:
«3. O Rivoli, mero incidente? De modo nenhum: é o sinal do autoritarismo desavergonhado que alastra. O exemplo vem de cima: a ministra da Educação interroga-se sobre a legitimidade do exercício da greve e da liberdade sindical dos professores, direitos constitucionalmente consagrados. Julga reformar o ensino desprezando a opinião dos professores, cortando carreiras, propiciando conflitos entre mestres e alunos, gerando instabilidade? Engana-se: paralisa o ensino, obsta à criação de Cultura. E nós? Resignados? “Portugal, nação que tudo abandonou, de tudo descrê, com um riso de ironia amarga”? Escreveu Oliveira Martins, há cem anos. Somos isso?»
Esta breve reflexão diz tudo. O Ministério da Educação encontrou nos professores um bode expiatório. Somos tratados, todos, como iguais os bons e os maus profissionais. Não podemos lutar pelos nossos direitos, temos de nos resignar a uma atitude de quero posso e mando.
Como é gratificante ouvir muitas vozes (com responsabilidades) insurgirem-se – e bem – contra o tempo da ditadura… Mas já não é gratificante constatar que essas mesmas vozes seguem a máxima do “que bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, mas não faças o que ele faz”.

José Amaral

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

Poeisa 1












LÁGRIMA DE PRETA
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.


Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.


Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
 
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.


Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
 
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
 
António Gedeão

Prémio

Nobel, Alfred (1833-1896)

Alfred Bernhard Nobel nasceu em Estocolmo, Suécia, a 21 de Outubro de 1833 e faleceu em San Remo, Itália, a 10 de Dezembro de 1896. Filho de Immanuel Nobel, engenheiro civil e inventor, e de Andrietta Ahlsell, que provinha de uma família abastada. Quando tinha quatro anos de idade, Alfred, mudou-se para a Finlândia com a mãe e os irmãos e mais tarde para São Petersburgo, na Rússia, para onde o pai tinha ido trabalhar e tinha tido sucesso numa oficina de equipamento para o exército russo.

Em São Petersburgo ele e os irmãos realizam os seus estudos. Rapidamente se notou, em Alfred Nobel, um elevado interesse pela Literatura e pela Química. O pai, ao aperceber-se disto, enviou-o para o estrangeiro para ganhar experiência no campo da Engenharia Química. Visitou muitos países e em todos aprendeu novas teorias.

Em 1863, regressou à Suécia, com o objectivo de desenvolver a nitroglicerina como explosivo. Tentou tornar a nitroglicerina num produto mais manipulável, juntando-lhe vários compostos, que a tornaram de facto numa pasta moldável, a dinamite. A sua invenção veio facilitar os trabalhos de grandes construções tais como túneis e canais.

A dinamite expandiu-se rapidamente por todo o mundo. No entanto Nobel dedicava muito tempo aos seus laboratórios, de onde saíram outros inventos.

O trabalho intenso durante todo a sua vida não lhe deixou muito tempo para a vida pessoal; tinha apenas uma grande amiga, Bertha Kinsky, que lhe transmitiu os seus ideais pacifistas. Isto iria contribuir para a criação de uma fundação com o seu nome, que promovesse o bem-estar da Humanidade.

Faleceu de hemorragia cerebral. No seu testamento havia a indicação para a criação de uma fundação que premiasse anualmente as pessoas que mais tivessem contribuído para o desenvolvimento da Humanidade. Em 1900 foi criada a Fundação Nobel que atribuía cinco prémios em áreas distintas: Química, Física, Medicina, Literatura (atribuídos por especialistas suecos) e Paz Mundial (atribuído por uma comissão do parlamento norueguês). Em 1969 criou-se um novo prémio na área da Economia (financiado pelo Banco da Suécia). O vencedor recebe uma medalha Nobel em ouro e um diploma Nobel. A importância do prémio varia segundo as receitas da Fundação obtidas nesse ano. Assim, nasceu o Prémio Nobel, concedido todos os anos pela Real Academia de Ciências da Suécia.

Em Portugal dois foram os laureados com o Prémio Nobel.

Em 1949, Egas Moniz recebeu o Prémio Nobel da Medicina; este prémio, partilhado com Walter Hess, premiou o seu trabalho sobre Angiografia Cerebral.

Em 1998, José Saramago recebeu o Prémio Nobel da Literatura.

(Texto adaptado da Wikipédia)

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Poesia

Muitos são aqueles que dizem não gostar de Poesia. Isto, talvez, porque nunca tenham dedicado um pouco do seu tempo a ler Poesia. É preciso ler muito e reler. A Poesia aprende-se a gostar.
Aqui deixo uma pequena selecção de poemas, autênticas jóias, que poderão ajudar alguns a olharem a Poesia com outros olhos.
Escolhi estes, mas poderia ter escolhido centenas e centenas de outros magníficos poemas. Atente-se logo no primeiro poema e veja-se a mestria e originalidade do segundo. O terceiro e quarto poemas com a mesma temática, mas de diferentes poetas, preenchem-nos na totalidade. “A Débil” (magnifico poema de um Cesário “maduro) acolita a “liberdade” de uma grande poetisa, de aparência frágil.

José Amaral

AMIGO

Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,

Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O’Neill

A ESTOUVACA

deitada atravessada
na estrada
a malhada
vai ser atropelada
foi

Alexandre O'Neill

HÁ PALAVRAS QUE NOS BEIJAM
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
 
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
 
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
 
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
 
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
 
Alexandre O'Neill
 
AS PALAVRAS
 São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
 
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
 
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
 
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Eugénio de Andrade

A DÉBIL

Eu, que sou feio, sólido, leal,
A ti, que és bela, frágil, assustada,
Quero estimar-te, sempre, recatada
Numa existência honesta, de cristal.

Sentado à mesa dum café devasso,
Ao avistar-te, há pouco, fraca e loura,
Nesta Babel tão velha e corruptora,
Tive tenções de oferecer-te o braço.

E, quando socorreste um miserável,
Eu, que bebia cálices d’absinto,
Mandei ir a garrafa, porque sinto
Que me tornas prestante, bom, saudável.

"Ela aí vem!" disse eu para os demais;
E pus-me a olhar, vexado e suspirando,
O teu corpo que pulsa, alegre e brando,
Na frescura dos linhos matinais,

Via-te pela porta envidraçada;
E invejava, – talvez que não o suspeites! -
Esse vestido simples, sem enfeites,
Nessa cintura tenra, imaculada.

Ia passando, a quatro, o patriarca.
Triste eu saí. Doía-me a cabeça,
Uma turba ruidosa, negra, espessa,
Voltava das exéquias dum monarca.

Adorável! Tu muito natural
Seguias a pensar no teu bordado;
Avultava, num largo arborizado,
Uma estátua de rei num pedestal.

Sorriam nos seus trens os titulares;
E ao claro sol, guardava-te, no entanto,
A tua boa mãe, que te ama tanto,
Que não te morrerá sem te casares!

Soberbo dia! Impunha-me respeito
A limpidez do teu semblante grego;
E uma família, um ninho de sossego,
Desejava beijar sobre o teu peito.

Com elegância e sem ostentação,
Atravessavas branca, esvelta e fina,
Uma chusma de padres de batina,
E d’altos funcionários da nação.

"Mas se a atropela o povo turbulento!
Se fosse, por acaso, ali pisada!"
De repente, paraste embaraçada
Ao pé dum numeroso ajuntamento.

E eu, que urdia estes fáceis esbocetos,
Julguei ver, com a vista de poeta,
Uma pombinha tímida e quieta
Num bando ameaçador de corvos pretos.

E foi, então, que eu, homem varonil,
Quis dedicar-te a minha pobre vida,
A ti, que és ténue, dócil, recolhida,
Eu, que sou hábil, prático, viril.

 
Cesário Verde

LIBERDADE

Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.

Sophia de Mello Breyner Andresen

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Alimentação vs Pobreza

DIA INTERNACIONAL PARA A ERRADICAÇÃO DA POBREZA
17 de Outubro de 2006

Ontem celebrámos o Dia Mundial da Alimentação. Hoje, celebramos o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza. Quero deixar aqui, no ad litteram, o meu simbólico contributo. Não é pelo facto de vivermos de “prato cheio” que não devemos preocupar-nos com os outros.

Pobreza:

Penúria;

Qualidade ou estado de pobre;

Os pobres;

(Figurado) baixa sapiência;

(Figurado) baixa abundância;

(Figurado) número pequeno.

Pobreza noutras línguas:

Alemão: Armut

Búlgaro: бедност

Checo/Tcheco: chudoba

Espanhol: pobreza

Finlandês: köyhyys

Francês: pauvreté

Holandês: armoede

Húngaro: szegénység

Indonésio: kemiskinan

Inglês: poverty

Italiano: povertà

Norueguês: fattigdom

Polaco: bieda

Russo: бедность

Sérvio: сиромаштво

Sueco: fattigdom

Turco: yoksulluk

Ucraniano: бідність

“A pobreza tem efeitos devastadores sobre as famílias, as comunidades e os países. Gera instabilidade e perturbações políticas e alimenta os conflitos. Hoje, cerca de 800 milhões de pessoas sofrem de fome e desnutrição crónica. Em cada dia que passa, 30.000 crianças morrem de causas directamente relacionadas com a pobreza”. (Extracto da mensagem do Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan em 17/10/05).

José Amaral

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

Bem visto

Deputado do PS questiona Governo sobre Estatuto da Carreira Docente


O deputado socialista Ricardo Gonçalves questionou, na Assembleia da República, o Ministério da Educação sobre a proposta de Estatuto da Carreira Docente, pondo em causa que apenas um terço dos docentes possa chegar a "professor titular".

Em requerimento, o parlamentar eleito pelo círculo de Braga, pergunta se "não será esta proposta uma forma de nivelar por baixo as expectativas de recolher boas performances no ensino".

O socialista afirma recear que "os valores expectáveis de excelência educativa fiquem reduzidos à partida a um terço", questionando ainda "que estudos sustentam que o indicador de um terço é ajustado ao número de bons profissionais do sistema educativo, para poder revelar o mérito individual".

Para Ricardo Gonçalves, "a comparação do Governo entre os docentes e os directores de serviço de carreira não convence, uma vez que não se conhece nenhum serviço que tenha um terço de directores, nem tal comparação pode ser utiliza da numa classe com funções tão semelhantes".

O deputado quer saber ainda se "esta dicotomia introduzida nas escolas não limitará a liberdade dos Conselhos Executivos para organizar os estabelecimentos e hierarquizar os professores" e se a medida "não porá em causa a autonomia dos órgãos de gestão, quando é preciso mudá-la, dando maior autonomia às escolas para organizarem a sua vida interna e a ligação ao meio".

Apesar das dúvidas manifestadas no requerimento, Ricardo Gonçalves realça "o esforço do Ministério da Educação para estabelecer melhores vencimentos no início da carreira docente". Reconhece também que "é um facto que o Estado tem de poupar dinheiro no sector do Ensino, tal como em outros sectores".

in Jornal Publico (edição online) 16OUT06

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Bandeira

Bandeira, Manuel (1886-1968)
Sexta-feira 13, pode ser um dia de azar para os mais supersticiosos, mas no que toca à personalidade em causa penso não o ser. No meu ano de estágio tive a oportunidade de estudar o poeta em questão. A sua vida e obra tocaram-me profundamente.
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasceu em Recife, a 19 de Abril de 1886 e faleceu a 13 de Outubro de 1968, com 82 anos no Rio de Janeiro. Foi poeta, escritor, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro.
Quando jovem, abandonou os estudos que fazia para se tornar engenheiro-arquitecto na Escola Politécnica, uma vez que, por sua saúde frágil – tinha tuberculose – os médicos afirmavam que tinha pouco tempo de vida. Passou muitos anos de sua vida em sanatórios para tuberculosos até conseguir a cura. A sua obra ficou marcada por este enfermidade.

Manuel Bandeira possui um estilo simples e directo. Bandeira aborda temáticas quotidianas e universais, às vezes com uma abordagem de "poema-piada", lidando com formas e inspiração que a tradição académica considera vulgares.
Uma certa melancolia, associada a um sentimento de angústia, permeia sua obra, em que procura uma forma de sentir a alegria de viver. Doente dos pulmões, Bandeira sabia dos riscos que corria diariamente, e a perspectiva de deixar de existir a qualquer momento é uma constante na sua obra. Depois de descobrir que, afinal, podia viver mais anos do que aqueles que os médicos lhe davam, dá-se uma reviravolta na sua poesia.
Aqui deixo um poema, que considero belíssimo, de Manuel Bandeira que mostra toda a beleza da sua poesia. Não se acanhe e embarque neste trem de ferro, o nosso comboio.

Trem de ferro
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isso maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)
Oô...

Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô...
(café com pão é muito bom)

Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...
(trem de ferro, trem de ferro)

Manuel Bandeira in "Estrela da Manhã" 1936

Nobel da Literatura 2006

E o Nobel da Literatura é...
Escritor turco Orhan Pamuk galardoado pela Academia Sueca

O prémio Nobel da Literatura de 2006 foi atribuído ao escritor turco Orhan Pamuk.
O anúncio foi feito há poucos minutos pela Academia Sueca. Pamuk de 54 anos tem, pelo menos, duas obras traduzidas em português: «Jardins da Memória» e «Cidadela Branca».
O comité Nobel decidiu recompensar um escritor que «em busca da alma melancólica da sua terra natal encontrou novas imagens espirituais para o combate e para o cruzamento de culturas», indica o comunicado que fundamenta a escolha.
Criticado pelos nacionalistas pela sua defesa das causas arménia e curda, Pamuk é autor de uma obra que descreve as divisões da sociedade turca entre ocidente e oriente.
Este prémio tem o valor de 10 milhões de coroas suecas (cerca de 1,1 mi lhões de euros) e será entregue, tal como os outros Nobel, a 10 de Dezembro.


in Portugal Diário (edição online) 12OUT06

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

2 Bons Motivos


“A SANGUE FRIO”

Terminei agora a leitura de uma obra-prima do “romance não-ficção” da autoria de Truman Capote, nascido em Nova Orleães em 1924, “A Sangue Frio”.

O ano passado vi o filme (ver referência mais abaixo) e já tinha ficado positivamente agradado, especialmente, com a interpretação de Philip Hoffman. É uma obra extremamente bem escrita e que nos prende da primeira à última página.

Deixo aqui um pequeno resumo para abrir o apetite a futuros leitores: «Na madrugada do dia 15 de Novembro de 1959, na pequena cidade de Holcomb, Kansas, quatro membros da família Clutter foram selvaticamente assassinados a tiro de espingarda. Aparentemente não havia nenhum motivo para o crime, e não foram deixadas quase nenhumas pistas. À medida que Truman Capote reconstrói o crime e a investigação que levou à captura, julgamento e execução dos assassinos, vai criando um clima de suspense arrasador e de espantosa empatia. “A sangue frio” é uma obra que transcende o seu momento, demonstrando uma profunda compreensão da natureza da violência na América».

Truman soube enredar a trama na perfeição mantendo-nos suspensos à leitura e, ao mesmo tempo, soube escrever de forma tão inteligente que dá a sensação que o leitor é parte “acompanhante” da história.

“CAPOTE”

Sinopse: O filme aborda os cinco anos em que o escritor Truman Capot escreveu "A Sangue Frio" (1966), marco do jornalismo literário e sua obra-prima, que trata do assassinato de um casal e dois de seus filhos, à queima-roupa, numa pequena cidade do Kansas, em 1959.

Philip Seymour Hoffman foi o merecido vencedor do Óscar de Melhor Actor em 2006 pelo seu papel em "Capote". Nesta biografia, que aborda o momento mais importante da vida do escritor Truman Capote (1924-84) certamente o mais badalado de sua geração, estamos na presença de uma representação notável a todos os níveis de Hoffman.
O filme aborda os acontecimentos à volta do assassinato de uma família. Nos anos subsequentes o escritor e jornalista americano, Truman Capote, foi para o interior do Kansas investigar esse caso. Ao acompanhar as investigações, ao se relacionar com a polícia e depois com a dupla de assassinos, ele conseguiu criar um novo tipo de literatura, o romance de não-ficção chamado "A Sangue Frio".
O notável do filme "Capote" é não apenas situar todo a ambientação com total rigor e usar locações autênticas, mas principalmente não fazer uma hagiografia, não esconde as falhas e defeitos de Capote.

Título original: Capote (EUA, 2005)

Director: Bennett Miller

Elenco: Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Clifton Collins Jr, Chris Cooper, Bruce Greenwood, Bob Balaban, Amy Ryan, Mark Pellegrino,Marshall Bell
Extras: Comentários em áudio do director e do actor Hoffman, making of

Duração: 114 min. Cor

José Amaral