sábado, 31 de maio de 2008

DIA MUNDIAL DA CRIANÇA

Festeja-se anualmente a 1 de Junho (pelo menos em Portugal) o Dia Mundial da Criança.
Muitos países comemoram o dia das Crianças a 20 de Novembro, data que a ONU (Organização das Nações Unidas) reconhece como dia Universal das Crianças por ser quando se comemora a aprovação da Declaração dos Direitos das Crianças.
Como dizia o poeta “o melhor do mundo são as crianças”. A todas as crianças do mundo um Feliz Dia da Criança!


"Qualquer criança me desperta dois sentimentos: ternura pelo que ela é e respeito pelo que poderá vir a ser." (Pasteur)
"Eduquem as crianças e não será preciso castigar os homens." (
Pitágoras)
"Cada criança chega-nos com uma mensagem de que Deus ainda não se esqueceu dos homens."
(Tagore)
"Quando eu tinha 15 anos sabia desenhar como Rafael, mas precisei uma vida inteira para aprender a desenhar como as crianças"
(Picasso)
"A alma das crianças é um espelho em que se retrata a natureza." (
Cícero)
"É vergonhoso insultar uma criança. Ela tem sentimentos, tem sua pequena dignidade e como não pode se defender com isso, é sem dúvida um ato ignóbil ferir tais sentimentos." (
Mark Twain)

(José Amaral)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Espectáculo dantesco

Dante Alighieri nasceu em Florença, em Maio ou Junho de 1265 e faleceu em Ravena, a 13 ou 14 de Setembro de 1321. Viveu a primeira parte da sua vida na sua cidade natal, antes de ser, injustamente, exilado. Foi um escritor, poeta (considerado o primeiro e mais importante poeta da língua italiana) e político italiano. Da sua vastíssima obra a mais conhecida é sem dúvida La Divina Commedia (“A Divina Comédia”).Esta obra descreve uma viagem de Dante através do Inferno, do Purgatório, e do Paraíso, primeiramente guiado pelo poeta romano Virgílio, autor do poema épico Eneida, através do Inferno e do Purgatório e, depois, no Paraíso, pela mão da sua amada Beatriz. O Purgatório é considerado, dos três livros, o mais lírico e humano. O poema chama-se "Comédia" não por ser engraçado mas porque termina bem (no Paraíso). Era esse o sentido original da palavra Comédia, em contraste com a Tragédia, que terminava, em princípio, mal para os personagens.

INFERNO


CANTO I (trecho inicial)

No meio do caminho desta vida
me vi perdido numa selva escura,
solitário, sem sol e sem saída.

Ah, como armar no ar uma figura
desta selva selvagem, dura, forte,
que, só de eu a pensar, me desfigura?

É quase tão amargo como a morte;
mas para expor o bem que encontrei,
outros dados darei da minha sorte.

Não me recordo ao certo como entrei,
tomado de uma sonolência estranha,
quando a vera vereda abandonei.

Sei que cheguei ao pé de uma montanha,
lá onde aquele vale se extinguia,
que me deixara em solidão tamanha,

e vi que o ombro do monte aparecia
vestido já dos raios do planeta
que a toda gente pela estrada guia.

Então a angústia se calou, secreta,
lá no lago do peito onde imergira
a noite que tomou minha alma inquieta;


e como náufrago, depois que aspira
o ar, abraçado à areia, redivivo,
vira-se ao mar e longamente mira,

o meu ânimo, ainda fugitivo,
voltou a contemplar aquele espaço
que nunca ultrapassou um homem vivo.

(...)


Tradução: Augusto de Campos

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Homenagem

O Bombeiro é um profissional/voluntário que possui treino adequado para apagar incêndios, resgatar pessoas em situação de perigo, salvaguardar bens materiais e ajudar e fornecer assistência nos desastres naturais e nos causados pelo homem. Em geral são profissionais que têm grande prestígio junto do público, nomeadamente o infantil, pois são vistos como heróis. Em Portugal, os bombeiros são popularmente conhecidos como Soldados da Paz. Há quatro tipos de Corpos de Bombeiros em Portugal: Profissionais (mais conhecidos por Sapadores), Voluntários, Militares e Privativos. A estes acrescem, ainda, os corpos mistos, compostos por Voluntários e Profissionais, denominados Bombeiros Municipais.
Hoje, 26 de Maio, comemora-se o Dia Nacional do Bombeiro. Estes homens e mulheres que, muitas vezes, arriscam a própria vida merecem o nosso respeito e a nossa homenagem.

(José Amaral)

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Poeta russo

Joseph Brodsky nasceu a 24 de Maio de 1940 e faleceu a 28 de Janeiro de 1996. Este poeta russo foi vencedor do Prémio Nobel de Literatura em 1987.

XIII

Deveria dizer-te adeus
como a um dia que termina?
As memórias humanas podem esmorecer
tornar-se ténues e cair
como o cabelo.
O problema é
que atrás das suas costas não estão
camas de casal para amantes,
sono difícil, o passado,
ou dias em filas apertadas
de costas retesadas - mas, antes,
nuvens enormes, de borboletas,
volteando juntas.

Joseph Brodsky

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Sugestão de Leitura

Acabei de reler (a primeira vez que li já lá vão muitos anos) o livro Os Meus Amores de Trindade Coelho (Colecção 120 Anos JN, 190 pág.). É um livro de contos rurais editado em 1891. Para muitos é a principal obra do autor. Neste belíssimo livro encontramos um conjunto de histórias que evocam de forma saudosista a vida do campo, a recriação de gentes e lugares, motivada pela saudade, e velhas recordações de infância do mundo transmontano onde o autor cresceu. É uma obra-prima na forma como se apresenta ao leitor, permitindo-lhe desfrutar da mais refinada literatura. Os contos remetem-nos para evocações e quadros descritos com espontaneidade e simplicidade, compreensível a todos. Um toque de suave lirismo reforça-lhes o encanto e uma utilização da linguagem popular, em diálogos vivos, confere-lhe algum realismo. Nele encontramos contos como “A choca”, “Parábola dos sete vimes”, “Abyssus Abyssum”, “Para a Escola”…
Quantas e quantas vezes os nossos escritores ficam esquecidos, merecendo melhor sorte. Este livro vale a pena lê-lo e saboreá-lo. Aconselho-o vivamente!

(José Amaral)

sábado, 17 de maio de 2008

Poema para o fim-de-semana

Poema do fecho-éclair

Filipe II tinha um colar de oiro,
tinha um colar de oiro
com pedras rubis.
Cingia a cintura com cinto de oiro,
com fivela de oiro,
olho de perdiz.

Comia num prato
de prata lavrada
girafa trufada,
rissóis de serpente.
O copo era um gomo
que em flor desabrocha,
de cristal de rocha
do mais transparente.

Andava nas salas
forradas de Arrás,
com panos por cima,
pela frente e por trás.
Tapetes flamengos,
combates de galos,
alões e podengos,
falcões e cavalos.

Dormia na cama
de prata maciça
com dossel de lhama
de franja roliça.

Na mesa do canto
vermelho damasco,
e a tíbia de um santo
guardada num frasco.

Foi dono da Terra,
foi senhor do Mundo,
nada lhe faltava,
Filipe Segundo.

Tinha oiro e prata,
pedras nunca vistas,
safiras, topázios,
rubis, ametistas.
Tinha tudo, tudo,
sem peso nem conta,
bragas de veludo,
peliças de lontra.
Um homem tão grande
tem tudo o que quer.

O que ele não tinha
era um fecho-éclair.

(António Gedeão)

quarta-feira, 14 de maio de 2008

2º ANIVERSÁRIO

No dia 12 de Maio de 2008 o Ad Litteram fez dois anos.!
Os muitos afazeres fizeram-me deixar passar, ligeiramente, a data. Faço um "mea culpa", qual pai desnaturado, pelo esquecimento que, evidentemente, não foi propositado.
A todos aqueles, e foram muitos, que ao longo destes dois anos visitaram (comentando ou não) o meu blog um sincero obrigado.

(José Amaral)

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Manuel Alegre nasceu em Águeda, a 12 de Maio de 1936. Este poeta esteve exilado na Argélia durante o período Estado Novo. É membro destacado do Partido Socialista português, partido do qual foi fundador e Vice-Presidente.
Estudou
Direito na Universidade de Coimbra. Desde muito cedo demonstrou os seus ideais políticos. Destaca-se sobretudo a sua obra poética.
Recebeu numerosos prémios literários e o
Prémio Pessoa em 1999.
Aqui fica um poema da autoria de Manuel Alegre:


Canção tão simples

Quem poderá domar os cavalos do vento
quem poderá domar este tropel
do pensamento
à flor da pele?

Quem poderá calar a voz do sino triste
que diz por dentro do que não se diz
a fúria em riste
do meu país?

Quem poderá proibir estas letras de chuva
que gota a gota escrevem nas vidraças
pátria viúva
a dor que passa?

Quem poderá prender os dedos farpas
que dentro da canção fazem das brisas
as armas harpas
que são precisas?


(José Amaral)

domingo, 11 de maio de 2008

Surreal

Salvador Dalí nasceu em Figueres, a 11 de Maio de 1904, e aí faleceu a 23 de Janeiro de 1989. Este pintor catalão é o nome maior do Surrealismo. O seu trabalho chama a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, como nos sonhos, com excelente qualidade plástica.
Salvador Dalí era um excêntrico. Tinha uma reconhecida tendência por atitudes e realizações extravagantes destinadas a chamar a atenção, o que por vezes aborrecia aqueles que apreciavam a sua
arte, ao mesmo tempo que incomodava os seus críticos.

(José Amaral)
(Imagens retiradas da Internet)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Sonhos...

Nesta Primavera que tarda em deixar de se travestir de Outono-Verão-Inverno nada melhor que mais uma sugestão de leitura. Volto a um autor que já aqui referi (Kafka à Beira-Mar e Em busca do Carneiro Selvagem) Haruki Murakami.
Desta feita a obra A Rapariga que Inventou um Sonho (Casa das Letras, 424 pág.) encontramos os vinte e quatro melhores contos de Murakami. A fantasia confunde-se com a realidade. Contos com um homem de gelo, um macaco ou corvos como personagens principais, não são vulgares… há personagens com perdas dolorosas… Há uma marca entre as histórias: melancólicas; as personagens também têm algo em comum: a solidão. Neste livro Murakami volta aos seus temas favoritos: o jazz, os pássaros, os gatos… Os contos são interessantes e prendem-nos do princípio ao fim.
Enquanto esta Primavera não se decide, vale a pena ler este belo livro.

(José Amaral)

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Poema


Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor - muito melhor!
Do que tu. Não digas nada.
Sê Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.

(Mário Cesariny)

terça-feira, 6 de maio de 2008

Campanha PIRILAMPO MÁGICO 2008

A Federação Nacional de CERCI'S FENACERCI, vai lançar mais uma Campanha Pirilampo Mágico que irá decorrer entre 9 de Maio a 1 de Junho com o apoio da R.D.P. Antena 1.
Esta iniciativa, para além de constituir um meio de recolha de fundos que visa obviar às dificuldades financeiras com que muitas das Instituições se debatem, tem subjacente a sensibilização da Comunidade em geral para a problemática do cidadão deficiente mental e o papel interveniente que a todos cabe no processo da sua integração social e profissional.
Para que estes objectivos se alcancem, necessário se torna assegurar a colaboração com entidades de diversas áreas de que algum modo, possam cooperar neste esforço de tentar construir uma realidade diferente para o deficiente mental, onde palavras como solidariedade e oportunidade tenham, de facto, um verdadeiro significado.

(Fonte: Federação Nacional de CERCIS FENACERCI)
(José Amaral)

segunda-feira, 5 de maio de 2008

"Homem Nobre"

Rabíndranáth Thákhur, mais conhecido por Tagore (que em sânscrito quer dizer “homem nobre”), nasceu em Calcutá, a 6 de Maio de 1861 e faleceu também em Calcutá, a 7 de Agosto de 1941. Este escritor, poeta e músico indiano, com formação filosófica, cria uma escola dedicada ao ensino das culturas e filosofias ocidentais e orientais. Sua obra poética compreende uma colecção de três mil poemas em língua bengali sobre temas religiosos, políticos e sociais. Em 1913 vence o Prémio Nobel da Literatura. Para Tagore “O homem só ensina bem o que para ele tem poesia”.


Poema de Despedida

É hora de partir, meus irmãos, minhas irmãs
Eu já devolvi as chaves da minha porta
E desisto de qualquer direito à minha casa.
Fomos vizinhos durante muito tempo
E recebi mais do que pude dar.
Agora vai raiando o dia
E a lâmpada que iluminava o meu canto escuro
Apagou-se.
Veio a intimação e estou pronto para a minha jornada.
Não indaguem sobre o que levo comigo.
Sigo de mãos vazias e o coração confiante.

Rabindranath Tagore
(José Amaral)

Simplicidade

Mario Quintana nasceu em Alegrete, a 30 de Julho de 1906 e faleceu em Porto Alegre, a 5 de Maio de 1994. Este poeta, tradutor e jornalista brasileiro é considerado o poeta das coisas simples e com um estilo marcado pela ironia, profundidade e perfeição técnica.

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira
-em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida
-acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível
(José Amaral)

sábado, 3 de maio de 2008

DIA DA MÃE

Poema à mãe
No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!

Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...

Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -,
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;

ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
"Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal..."

Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...

Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...

Boa noite. Eu vou com as aves!


(Eugénio de Andrade)[ Em Portugal, até há alguns anos atrás, o dia da mãe era comemorado a 8 de Dezembro, mas actualmente o Dia da Mãe é no 1º Domingo de Maio, em homenagem a Maria. ]
(José Amaral)

«Vazio»

Faz hoje (03MAI08) um ano que Madeleine McCann desapareceu da Praia da luz. O desaparecimento desta menina loirinha, com um traço único que a torna inconfundível (uma mancha no olho direito) foi notícia. Por todo o mundo se falou de Maddie, muito se disse, muitas hipóteses se levantaram - algumas assustadoras -, mas a menina ainda não apareceu... Vem isto a propósito para relatar uma daquelas coincidências. Ontem entre as 23 e a 01 da manhã estive a ver (em DVD) o filme português Alice.
Entre outros o filme conta com interpretações de qualidade de Nuno Lopes, Beatriz Batarda, Miguel Guilherme. O filme começa quando já se passaram 193 dias desde que Alice foi vista pela última vez. Todos os dias Mário, o pai, que neste filme assume o papel de elo mais forte do casal, sai de casa e repete o mesmo percurso que fez no dia em que a filha desapareceu. A mãe acredita na justiça, mas aos poucos vai perdendo essa fé e a hipótese de encontrar a filha. A obsessão de encontrar a filha, aliada à esperança que acalenta em encontrá-la, leva Mário a instalar uma série de câmaras de vídeo que registam o movimento das ruas. No meio de todos aqueles rostos, daquela multidão anónima, que cruza as ruas de Lisboa, Mário procura uma pista, uma ajuda, um sinal...
Quer no filme, quer na realidade a dor brutal causada pela ausência de Alice/qualquer filho desaparecido é assustadora; pelo olhar do realizador podemos aperceber-nos como é a vida de quem “perde” um filho… Este pai, assim como muitos espalhados pelo mundo, tudo fez para encontrar a filha.
Vale a pena ver este filme, pois faz-nos reflectir, faz-nos sentir pequenos perante uma tragédia.

(José Amaral)