terça-feira, 16 de maio de 2006

Onde se Nasce...


Encerramento de Maternidades

Nos últimos dias a Comunicação Social tem dado brado de várias manifestações por causa do encerramento das maternidades. Muitas são as vozes que se levantam a aprovar ou desaprovar a decisão do Ministro da Saúde. Esta questão, delicada, não é consensual. Se por um lado temos “a frieza dos números dos relatórios”, por outro temos o aspecto emotivo que tem de ser compreendido e aceite enquanto tal.

Ontem à noite a RTP promoveu um debate, no programa “Prós e Contras”, sobre este tema polémico. Foi um debate esclarecedor em parte, porque já vamos começando a ficar habituados a que os debates nunca sejam conclusivos e nem sempre se digam as coisas com clareza.

É preciso aceitar – a razão que se sobreponha ao sentimento – uma evidência: algumas maternidades não têm as condições mínimas exigidas. Como tal devem fechar! Qualquer pessoa minimamente instruída percebe estas evidências. Por outro lado é necessário perceber que nem todos moram junto dos grandes centros, nem tão pouco têm meios para se fazerem deslocar para hospitais centrais. Se as maternidades não têm condições que se fechem. Mas por que é que os membros da comissão de Saúde Materna e Neonatal contestam os dados do estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, afirmando que a metodologia aplicada não é a mais correcta?

Por que será que Oito pediatras e seis obstretas do Hospital de Barcelos se dizem "agredidos e ofendidos profissional e moralmente" com as declarações de António Correia de Campos e pensam até por esse motivo, vir a processá-lo judicialmente? Neste particular foi referido no programa da RTP que em Barcelos nascem cerca de 1500 bebés por ano. Não é um número suficiente?

É evidente que tem de haver coragem política para tomar uma decisão destas, mas é necessário dialogar com as partes intervenientes. Se uma maternidade não tem condições não poderiam ser criadas condições para que ela funcione em pleno? A solução será fechá-la e está o assunto resolvido? Ou será que por detrás deste assunto há outros interesses que nós, público em geral, desconhecemos? Estas questões é que deviam ser esclarecidas com clareza. Se houvesse mais diálogo e fosse explicado às pessoas, certamente que entenderiam. Alguma mãe quereria dar à luz sabendo que estava a pôr em risco a sua vida ou a do seu filho? Seguramente que não…

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