domingo, 27 de setembro de 2009

Guerra Colonial

Desta feita chego ao fim das leituras resultantes do encontro de escritores, da “Papiro Editora”, a 25 de Abril de 2009, no Porto. O livro é de João Carlos Sarabando e chama-se As Hienas Também Choram (Papiro Editora, 451 páginas).
Neste livro o autor traz-nos à memória a guerra colonial. Como diz o autor: «Participaram, cada um à sua maneira, numa aventura onde aprenderam que as palavras sem emoções, as ideias e os preconceitos sem experiência não tinham qualquer significado. No princípio julgavam que iriam participar, cada um por razões diferentes, numa guerra contra alguém. Só mais tarde perceberam que esse alguém eram eles mesmos. Não foi uma guerra contra ninguém, foi a construção de si próprios. Não foram heróis nem traidores, soldados ou guerrilheiros, não participaram na história de ninguém, apenas construíram um bocado da sua. Os abraços que deram, as feridas que lamberam, os amigos que enterraram, ou os inimigos que abateram não foram, por isso mesmo, aquilo que antes julgavam que fosse. Nunca é».
Aqui fica um excerto: «À entrada do bloco esperava-nos o terror... Soldados, ou o que restava deles, e um bocado por todo o lado, faziam bicha deitados em macas, naquele exíguo espaço que não fora dimensionado para semelhante afluência. Os enfermeiros de serviço procuravam fazer a triagem da situação, identificar sumariamente a identidade e o estado das vítimas, ao mesmo tempo que corriam connosco de lá para fora. As portas do bloco operatório, sempre a abrir e a fechar, mostravam de forma intermitente a tragédia desta guerra... a mais sanguinária que se possa imaginar: Soldados a serem amputados de uma ou mesmo das duas pernas, em condições de trabalho impensáveis! Aqueles médicos só sendo super-homens ou super-dráculas, poderiam aguentar um turno daquela carnificina, não havia meio-termo... Os cheiros a suor, sangue, calor e outros mais pestilentos, misturados com gritos lancinantes, transformavam aqueles profissionais em monstros/deuses com gestos sempre bruscos e mecanizados. Nenhum sentimento ou emoção parecia cobrir-lhes o suor a correr em bica dos rostos; apenas o frenesim nas serras a cortar a carne e os ossos para desgraçar a vida, mas matar a morte...»

(José Amaral)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Poeta

T. S. Eliot nasceu em St. Louis, a 26 de Setembro de 1888 e faleceu em Londres, a 4 de Janeiro de 1965. Poeta modernista, dramaturgo e crítico literário recebeu o Nobel de Literatura de 1948.
Eliot nasceu nos Estados Unidos, mudou-se para a Inglaterra em 1914, tornando-se cidadão britânico em 1927, com 39 anos de idade.



Há um tinir de louças de café
Nas cozinhas que os porões abrigam,
E ao longo das bordas pisoteadas da rua
Penso nas almas húmidas das domésticas
Brotando melancólicas nos portões das áreas de serviço.
As ondas castanhas da neblina me arremessam
Retorcidas faces do fundo da rua,
E arrancam de uma passante com saias enlameadas
Um sorriso sem destino que no ar vacila
E se dissipa rente ao nível dos telhados.

(Tradução: Ivan Junqueira)
(José Amaral)

domingo, 20 de setembro de 2009

Alzheimer...

No dia 21 de Setembro comemora-se o Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer.
A Alzheimer é a forma mais comum de demência. A doença de Alzheimer é uma doença degenerativa que, lenta e progressivamente, destrói as células cerebrais. Chama-se assim, porque foi Alois Alzheimer, um psiquiatra alemão, quem em 1906 descreveu pela primeira vez os sintomas e as características neuropatológicas desta doença, tais como placas e tranças neurofibrilhares no cérebro. A doença afecta a memória e o funcionamento mental (por exemplo o pensamento e a fala, etc), mas pode igualmente levar a outros problemas, tais como confusão, alterações de humor e desorientação no tempo e no espaço.
Em 2006 o número de portadores de Alzheimer diagnosticados era cerca de 26.6 milhões de pessoas no mundo inteiro.
Cada paciente de alzheimer sofre a doença de forma única mas existem pontos em comum, por exemplo o sintoma primário mais comum é a perda de memória. Muitas vezes os primeiros sintomas são confundidos com problemas de idade ou de stress. Com o avançar da doença vão aparecendo novos sintomas como confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e o paciente começa a desligar-se da realidade. As suas funções motoras começam a perder-se e o paciente acaba por morrer.




(José Amaral)

Feriado em terras de Viriato

Segundo a lenda da cidade, em pleno processo de Reconquista, um membro de um grupo de guerreiros chegado à cidade pelo lado oriental, onde se intersectam os rios Pavia e Dão, perguntou: «Que viso (vejo) eu?». Desta pergunta, nasceria o nome da cidade de Viseu.
Viseu é a capital do Distrito de Viseu, na região Centro e sub-região de Dão-Lafões com 47 250 habitantes.
É sede de um município com 507,10 km² de área, com 34 freguesias e 99 016 habitantes segundo os últimos dados do INE de 2008. O Feriado municipal de Viseu é no dia 21 de Setembro.









(José Amaral)

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Nome maior da Poesia

Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage nasceu em Setúbal, a 15 de Setembro de 1765 e faleceu em Lisboa, a 21 de Dezembro de 1805. Foi um célebre poeta português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano.
Aqui fica um dos seus mais conhecidos, e belos, poemas:


Já Bocage não sou!... À cova escura

Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... A santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!



(José Amaral)



quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sugestão literária

Depois das férias (na rentrée) deparei-me com a publicação de um livro que me chamou a atenção. Trata-se de uma obra de Junot Díaz que recebeu uma série de prémios, dos quais se destaca o “Pulitzer Prize 2008”. O livro em questão é A Breve e Assombrosa Vida de Oscar Wao (Porto Editora, 294 páginas).
É um livro que nos relata a vida conturbada de Oscar Wao, um jovem excessivamente gordo que, por ser rejeitado pelos outros jovens, se refugia nos livros, no cinema e nos jogos. Oscar é rejeitado pelas mulheres por quem platonicamente se apaixona. O livro fala sobre a solidão e a força do destino, que, na opinião do autor, somos nós que o fazemos. É uma obra que prende o leitor do primeiro ao último momento e que nos faz ganhar uma certa simpatia com a personagem principal. Um livro a não perder!...
Aqui fica a sinopse do livro:
«Oscar Wao é enorme. E dominicano. Gozado pelos colegas e isolado do mundo, sonha com raparigas e aventuras extraordinárias, sente vergonha por não estar à altura da reputação viril dos machos dominicanos, mas não consegue mais do que uma vida de desilusões.
Para Oscar, o drama é um fado demasiado familiar.
A sua breve e assombrosa vida está marcada a ferro e fogo por uma maldição ancestral, o fukú, que, nascido em Santo Domingo, é transmitido de geração em geração, como uma semente ruim.
Alimentada pela sorte dos seus antepassados, quebrados pela tortura, pela prisão, pelo exílio e pelo amor impossível, a história de Oscar escreve-se fulgurante e catastrófica, e integra a grande História, a da ditadura de Trujillo, a da diáspora dominicana nos Estados Unidos e a das promessas incumpridas do Sonho Americano».

(José Amaral)

domingo, 6 de setembro de 2009

Está nos cinemas um filme que merece ser visto. Trata-se de Assalto ao Metro 123 (no original “The Taking of Pelham 123”), um “thriller” realizado por Tony Scott e com excelentes interpretações de John Travolta (Ryder) e de Denzel Washington (Walter Garber). Os 121 minutos do filme passam a correr. O suspense vai-se acumulando, mas o final é feliz.
Aqui fica a sinopse do filme:
«Walter Garber, um controlador de tráfego da linha do metro de Nova Iorque, vê-se envolvido no sequestro de um dos comboios por quatro bandidos armados comandados por Ryder, líder tão brilhante quanto implacável, que ameaça matar a sangue frio os 18 passageiros caso o resgate de um milhão de dólares não seja pago no prazo máximo de uma hora. Garber e Camonetti, negociador da polícia de Nova Iorque, são as pessoas do outro lado do telefone que usarão todos os meios para vencer os criminosos e salvar os passageiros. Mas um problema continua sem solução: mesmo que os ladrões consigam o dinheiro, como poderão escapar da linha de metro?»

(José Amaral)

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Como venho fazendo, de algum tempo a esta parte, divulgo mais um livro de colegas de escrita com os quais pude privar na comemoração do 25 de Abril deste ano, no Porto.
Desta feita trata-se de um livro de Ana Paula de Castro, Deus Acorda (Papiro Editora, 254 páginas).
Trata-se de um livro de leitura agradável e estimulante. Este romance narra-nos a moderna História de Angola. Daquela que vai dos anos pré-insurreccionais até aos nossos dias.
A autora conta-nos, essencialmente, a história de um miúdo angolano, Adrocasued – Deus Acorda lido ao contrário –, nascido num quimbo perto de Benguela, e que vivia do que a terra lhe oferecia, sem preocupações de maior e em paz contemplativa com a natureza. António era ávido do conhecimento e da inquietude que todos os humanos demonstram ter na presença o desconhecido. Este rapaz fez-se homem, desenvolveu a sua personalidade entre o misticismo natural do povo e o seminário. Este mesmo rapaz-homem vem para a metrópole para se formar em Direito. Passa por tempos conturbados mas consegue realizar os seus sonhos, porque quer Deus, quer os Kazumbiris, desejam que sempre que uma porta se feche, uma janela se abra.
Está de parabéns a autora!

(José Amaral)