sábado, 30 de setembro de 2006

Caminhada

Cancro da Mama
O Cancro da Mama é um tumor maligno que se desenvolve nas células do tecido mamário. Um tumor maligno consiste num grupo de células alteradas (neoplásicas) que pode invadir os tecidos vizinhos e disseminar-se (metastizar) para outros órgãos do corpo. É mais frequente nas mulheres mas pode atingir também os homens.

O que é o Cancro da Mama?
O organismo humano é constituído por triliões de células que se reproduzem pelo processo de divisão celular. Em condições normais, este é um processo ordenado e controlado, responsável pela formação, crescimento e regeneração de tecidos saudáveis do corpo.
Algumas vezes, no entanto, as células perdem a capacidade de limitar e comandar o seu próprio crescimento passando, então, a dividir-se e multiplicar-se muito rapidamente e de maneira aleatória.
Como consequência dessa disfunção celular, isto é, desse processo de multiplicação e crescimento desordenado das células, ocorre um desequilíbrio na formação dos tecidos do corpo, no referido local, formando o que se conhece como tumor.
O cancro da mama, muitas vezes, apresenta-se como uma massa dura e irregular que, quando palpada, se diferencia do resto da mama, pela sua consistência.

Caminhada Rosa em Monsanto
No próximo dia 5 de Outubro, junte-se a nós, entre as 10h e as 13h, e venha caminhar na prevenção do cancro da mama. Aceite o nosso convite e venha passar connosco uma manhã descontraída e saudável, na Alameda Keil do Amaral (Autocarros 23 e 29). Pelas 12h00, no palco do Anfiteatro poderá, ainda, assistir a uma actuação de Luís Represas.
Há ainda um longo caminho a percorrer na cura do cancro da mama. Por isso, o seu passo por esta causa é importante. Não falte à Caminhada Rosa. Saiba mais sobre este evento em
www.caminhadarosa.com.

Viva a Música!


1º de Outubro é o 274º dia do ano no calendário gregoriano (275º em anos bissextos). Faltam 91 para acabar o ano. É neste dia que se celebra o Dia Mundial da Música. Que seria a nossa vida sem música? Certamente seria muito triste e monótona.
A música, desde o início de sua história, foi considerada uma prática cultural e humana. Provavelmente, fruto da observação dos sons da natureza, despertou no homem, através do sentido auditivo, a necessidade e vontade de fazê-la. Defini-la não é tarefa fácil porque apesar de ser intuitivamente conhecida por qualquer pessoa, é difícil encontrar um conceito que abarque todos os significados dessa prática. Mais do que qualquer outra manifestação humana, a música contém e manipula o tempo e o som. Talvez por essa razão ela esteja sempre fugindo a qualquer definição, pois ao buscá-la, ela já se modificou, já evoluiu. E esse jogo do tempo é simultaneamente físico e emocional. Uma das maiores dificuldades em definir música tem sido o emprego dessa palavra na descrição de todas as actividades e elementos relacionadas aos sons organizados. Conceitos pré-definidos aplicam-se a práticas exploradas, esquadrinhadas, completamente conhecidas, o que não ocorre na música, que é infinita.

Finalmente...

A25 não terá portagens até região que atravessa se desenvolver

O primeiro-ministro, José Sócrates, garantiu que a auto-estrada A25, que a partir de hoje liga Aveiro a Vilar Formoso, não terá portagens pagas pelos utilizadores até a região que atravessa atingir os indicadores socio-económicos do resto do país.
Durante a inauguração do lanço Boaldeia (Viseu)-Mangualde, com o qual o grupo AENOR encerra a sua concessão das Beiras Litoral e Alta, José Sócrates frisou que esta é uma forma de solidariedade nacional para com o desenvolvimento do interior.
A A25, que substitui o Itinerário Principal 5, tem uma extensão total de 172,4 quilómetros, atravessando os distritos de Aveiro, Viseu e Guarda, no regime de portagem virtual SCUT (sem custos para o utilizador).
“Se esta região do interior do país tivesse indicadores de desenvolvimento iguais à média nacional, não havia motivos para não ter portagens pagas”, afirmou aos jornalistas no final da cerimónia, lembrando que “todos os portugueses estão a contribuir”.
Antes da cerimónia, a Comissão de Utentes Contra as Portagens na A25 colocou tarjas em várias pontes e junto à tenda onde se realizou a cerimónia de inauguração a reafirmar a necessidade de a passagem naquela auto-estrada não ser taxada.
No exterior da tenda, estava um pequeno grupo de elementos da comissão, que não ficaram descansados com as palavras do primeiro-ministro. “O PS sempre teve uma posição duvidosa em relação ao assunto e estamos convencidos de que o Governo só assumiu este compromisso eleitoral por causa da luta das populações”, afirmou à Lusa Manuel Rodrigues, também militante do PCP.
Disse ainda não ter ficado “tranquilo relativamente ao futuro”, até porque José Sócrates, “por um lado fala na necessidade de solidariedade para com o interior do país, mas depois encerra-lhe escolas e serviços de saúde”.


in Jornal Público (edição online) 30SET06

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

"Os Anões"


Quando em 2005 Harold Pinter foi premiado com o Prémio Nobel da Literatura, muitas vozes críticas se opuseram a esta escolha da Academia Sueca. Outras houve que acharam que o prémio vinha com o rótulo de “tardio”.

Harold Pinter, nascido em Londres a 10 de Outubro de 1930, é filho de judeus de origem portuguesa. É um dramaturgo inglês (para alguns o “irmão menor, inofensivo, de Beckett”) e um forte opositor às políticas belicistas. É um dos mais importantes renovadores do teatro do absurdo e as suas peças apresentam situações em que as personagens vêem, repentinamente, em perigo a segurança das suas vidas quotidianas.

O seu discurso de aceitação do Nobel foi, no mínimo, politicamente pouco correcto. Uma pedrada no charco. Nesse discurso (apresentado sob a forma de gravação de vídeo) Pinter combinou arte, crítica dura e ironia contra Blair e Bush. Chegou mesmo a oferecer-se para escrever os discursos de Bush.

Por todas estas razões fiquei com a curiosidade de ler o único romance de Harold Pinter, “Os Anões”. Apenas, agora, me foi possível fazê-lo.

O livro descreve as vidas e preocupações de quatro jovens londrinos na Inglaterra do pós-guerra. Através da sua amizade, Pinter explora o modo como as vidas comuns são moldadas pelas limitações e fronteiras da sexualidade e da moralidade, ao mesmo tempo que põe a nu as profundas verdades existentes em acontecimentos aparentemente correntes. Descobre-se o precipício sob a conversa fútil do dia-a-dia (dias) e força-se a entrada nas salas fechadas da opressão. Parece algo incerto, alucinatório, embora às vezes possa ser uma avalanche como o autor confessa.

“Os Anões” é um romance divertido (um sentido de humor peculiar, tipicamente inglês, apurado, mas não entendível por todos), vivo e perturbante.

Recomendo, vivamente, a leitura desta belíssima obra.

sábado, 23 de setembro de 2006

Pablo Neruda, pseudónimo de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, nasceu a 12 de Julho de 1904, em Parral, no Chile. Foi um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX. Em 1945 é eleito senador e obtém o Prémio Nacional de Literatura. Prémio Nobel de Literatura em 1971, sua poesia transpira em sua primeira fase o romantismo extremo de Walt Whitman. Depois vieram a experiência surrealista, influência de André Breton, e uma fase curta bastante hermética. Marxista e revolucionário, cantou as angústias da Espanha de 1936 e a condição dos povos latino-americanos e seus movimentos libertários. Diplomata desde cedo, foi cônsul na Espanha de 1934 a 1938 e no México. Desenvolveu intensa vida pública entre 1921 e 1940, tendo escrito entre outras as seguintes obras: "La canción de la fiesta", "Crepusculario", "Veinte poemas de amor y una canción desesperada", "Tentativa del hombre infinito", "Residencia en la tierra" e "Oda a Stalingrado". Indicado à Presidência da República do Chile, em 1969, renuncia à honra em favor de Salvador Allende. Participa da campanha e, eleito Allende, é nomeado embaixador do Chile na França. Outras obras do autor: "Canto General", "Odas elementales", "La uvas y el viento", "Nuevas odas elementales", "Libro tercero de las odas", "Geografía Infructuosa" e "Memorias (Confieso que he vivido — Memorias)". Morreu a 23 de Setembro de 1973 em Santiago do Chile, oito dias após a queda do Governo da Unidade Popular e da morte de Salvador Allende, de cancro da próstata.

Os teus pés

Quando não te posso contemplar
Contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
Teus pequenos pés duros,

Eu sei que te sustentam
E que teu doce peso
Sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
A duplicada púrpura
Dos teus mamilos,
A caixa dos teus olhos
Que há pouco levantaram voo,
A larga boca de fruta,
Tua rubra cabeleira,
Pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
É só porque andaram
Sobre a terra e sobre
O vento e sobre a água,
Até me encontrarem.

(Pablo Neruda)

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Breve homenagem aos Professores

Prévert, Jacques (1900-1977) 
Poeta, roteirista de Jean Renoir e Marcel Carné, amigo de Picasso e Montand,
ele foi uma das figuras obrigatórias do cenário cultural parisiense do pós-guerra.
No início de mais um ano lectivo deixo aqui dois belíssimos poemas deste poeta,
pois ambos têm a ver com a escola, nomeadamente com professores e alunos.
 
LE CANCRE
 
Il dit non avec la tête
mais il dit oui avec le coeur
il dit oui à ce qu’il aime
il dit non au professeur
il est debout
on le questionne
et tous les problèmes sont posés
soudain le fou rire le prend
et il efface tout
les chiffres et les mots
les dates et les noms
les phrases et les pièges
et malgré les menaces du maître
sous les huées des enfants prodiges
avec des craies de toutes les couleurs
sur le tableau noir du malheur
il dessine le visage du bonheur.
 
 
PAGE D’ÉCRITURE
 
 
Deux et deux quatre
quatre et quatre huit
huit et huit font seize
Répétez! dit le maître.
Deux et deux quatre
quatre et quatre huit
huit et huit font seize.
Mais voilà l’oiseau-lyre
qui passe dans le ciel
l’enfant le voit
l’enfant l’entend
l’ enfant l’appelle:
Sauve-moi
joue avec moi
oiseau!
Alors l’oiseau descend
et joue avec l’enfant.
Deux et deux quatre...
Répétez! dit le maître
et l’enfant joue
l’oiseau joue avec lui...
Quatre et quatre huit
huit et huit font seize
et seize et seize qu’est-ce qu’ils font?
Ils ne font rien seize et seize
et surtout pas trente-deux
de toute façon
et ils s’en vont.
Et l’enfant a caché l’oiseau
dans son pupitre
et tous les enfants
entendent la chanson
et tous les enfants
entendent la musique
et huit et huit à leur tour s’en vont
et quatre et quatre et deux et deux
à leur tour fichent le camp
et un et un ne font ni une ni deux
un à un s’en vont également.
Et l’oiseau-lyre joue
et l’enfant chante
et le professeur crie:
Quand vous aurez fini de faire le pitre!
Mais tous les autres enfants
écoutent la musique
et les murs de la classe
s’écroulent tranquillement.
Et les vitres redeviennent sable
l’encre redevient eau
les pupitres redeviennent arbres
la craie redevient falaise
la porte-plume redevient oiseau.

O meu livro “Outonalidades” voltou a ser noticiado desta vez no Jornal “Diário XXI” (edição de 15 de Setembro de 2006). Na primeira página da secção de Cultura lá aparece a referência ao livro, bem como a publicação de sete poemas (aqui apenas publico, mas podem ver os restantes em http://www.diarioxxi.com/).

“Outonalidades” de José Amaral

Sexta-Feira, 15 de Setembro de 2006

Às sextas, publicamos excertos dos últimos livros da Papiro Editora

Título: Outonalidades

Autor: José Amaral

Editor: Papiro Editora

Onde Comprar: www.livrosnet.com

Excertos da Obra

Diferenças

São trinta e três
as ovelhas
daquele rebanho
que pasta na verdejante colina.
Trinta e duas
são brancas,
a outra é preta.
Esta vive
em felicidade
entre as demais.
São tão diferentes,
mas tão iguais.
Para o pastor,
que as vê com bons olhos,
aquela nunca o preocupa,
já que
sempre que olha o rebanho
logo a vê,
enquanto que as demais
lhe parecem todas iguais
e nunca sabe
se faltará alguma.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Abençoados professores

Professores contribuem para a descida efectiva do peso dos salários no Estado


A descida efectiva das despesas do Estado com salários deve-se quase exclusivamente à diminuição destes encargos com os professores.
De acordo com o boletim de execução orçamental de Agosto, apresentado pelo Ministério das Finanças na passada sexta-feira, as remunerações certas e permanentes no Estado diminuíram 2,3% face ao período homólogo do ano anterior.
Dessa descida, contudo, um ponto percentual, como refere o próprio boletim, é devido a uma alteração meramente contabilística: a saída dos laboratórios do Estado para o subsector dos Fundos e Serviços Autónomos.
A restante diminuição de 1,3%, que corresponde a 58,7 milhões de euros é, em larga medida, realizada no Ministério da Educação. Aqui, a redução homóloga dos salários pagos aos funcionários, principalmente professores, foi de 2,4% ou 75,9 milhões de euros.
Retirando os que detinham, durante o ano passado, laboratórios do Estado, apenas em mais três ministérios se verificou uma descida da despesa com salários: a Justiça com menos 0,8%, a Saúde com menos 1% e o Trabalho e Solidariedade Social com menos 1,1%.
Nos restantes, verificou-se uma subida das remunerações certas e permanentes. A mais pronunciada, curiosamente, regista-se no Ministério das Finanças e da Administração Pública, de onde saem as instruções para contenção de custos e restrição nas contratações de pessoal. Os montantes gastos em salários na entidade liderada por Fernando Teixeira dos Santos aumentaram 2,2% até Agosto deste ano face a igual período do ano anterior.
O peso do Ministério da Educação no total das despesas com salários no subsector Estado atinge os 58,7%, pelo que a descida registada chegou para compensar as subidas que se verificaram em outras áreas do Estado.
No boletim de execução orçamental, as Finanças afirmam que a redução das remunerações certas e permanentes tem "especial incidência no Ministério da Educação" e que se deve "à diminuição do número de professores dos ensinos básico e secundário contratados para o ano lectivo 2005/2006".
Para além disso, Teixeira dos Santos defendeu que este resultado se deve também à moderação salarial imposta pelo Executivo e ao congelamento das progressões automáticas na carreira.
O que é certo é que a descida registada nas remunerações certas e permanentes é a principal contribuição para a limitação da variação da despesa corrente do subsector Estado a um nível inferior à inflação e ao que estava previsto no Orçamento do Estado.
Para 2007, o plano do Governo é manter esta tendência, possivelmente ainda com a manutenção do congelamento das carreiras, com aumentos salariais negativos em termos reais e com os efeitos da reestruturação da administração pública. SA

in Diário de Notícias 18SET06


Finalmente os professores servem para alguma coisa. Pode ser que, agora, a sociedade veja os professores como um exemplo, que mais não seja para ajudar o país a diminuir a despesa pública.

domingo, 17 de setembro de 2006

Não vou por aí...


Régio, José (1901-1969)

José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, (Vila do Conde, 17 de Setembro de 1901 — Vila do Conde, 22 de Dezembro de 1969) foi um escritor português, que viveu grande parte da sua vida na cidade de Portalegre (de 1928 a 1967).

Fundou em 1927 a revista Presença, que veio a marcar o segundo modernismo português e de que Régio foi o principal impulsionador e ideólogo. Para além da contribuição para esta revista, ainda escreveu para vários jornais, como por exemplo o Diário de Notícias e o Comércio do Porto. Fez também frente ao Estado Novo, tendo sido membro do Movimento de Unidade Democrática (MUD) e apoiado a candidatura do General Humberto Delgado. Como escritor, José Régio dedicou-se ao romance, ao teatro, à poesia e ao ensaio. A sua obra é fortemente marcada por conflitos entre Deus e o Homem, o indivíduo e a sociedade, numa análise crítica da solidão e das relações humanas. Como ensaísta, dedicou-se ao estudo de Camões e Florbela Espanca, entre outros.

Fonte Wikipédia

José Régio é um dos meus poetas portugueses favoritos. Morreu no ano em que eu nasci. Coincidências! A sua poesia preenche-nos a vários níveis. Faz-nos pensar que, enquanto homens, nada somos; “somos pó e ao pó voltaremos”.

Como refere Eugénio Lisboa “A obra de Régio não nos deixa esperança. Não é uma obra optimista. Nada resolve. Mas enche-nos de uma estranha felicidade e mesmo alegria, pelo simples facto de ser uma grande obra”. Essa falta de esperança e de optimismo é uma constante na obra de Régio como podemos constatar neste seu poema:

Epitáfio para um poeta

As asas não lhe cabem no caixão!
A farpela de luto não condiz
Com seu ar grave, mas, enfim, feliz;
A gravata e o calçado também não.
Ponham-no fora e dispam-lhe a farpela!
Descalcem-lhe os sapatos de verniz!
Não vêem que ele, nu, faz mais figura,
Como uma pedra, ou uma estrela?
Pois atirem-no assim à terra dura,
Ser-lhe-á conforto:
Deixem-no respirar ao menos morto!

Também para mim, Régio, serviu de fonte de inspiração para alguns poemas. Os poemas “poeta” e “ignorância” (publicados em “Oráculo Luminar”) são disso exemplo.

poeta

“Poeta sou! Cumpro meu fado, estranho

como o dum Santo ou louco

só posso dar de mais ou muito pouco,

que é tudo quanto tenho”

(José Régio)


A pena traz-me

à memória

a hagiografia escrita louca,

que dei ao mundo

cumprindo meu fado

dos loucos Santos

e eu, em perdidos prantos,

encontro no mais fundo

de mim

uma resposta breve

para dar,

de mais ou muito pouco

dando-me a conhecer

ao mundo

como um Santo

...louco!

ignorância


“Não sei para onde vou;

sei que não vou por aí!”

(José Régio)

Encontro-me na encruzilhada

desta vida maldita

- para minha desdita -

que se mostra enigmática

a ponto de sofrer,

sem saber

aquilo que vou ser

(ou simplesmente dizer).

Não sei que caminho seguir

e só a Ti,

Deus meu,

posso pedir

para me mostrares

o caminho

- o mais certinho -

a seguir,

e, assim, descansado

poder adormecer

e ...sorrir!

sábado, 16 de setembro de 2006

Cláudio Feldman


Aquando da edição do meu terceiro livro de poesia, “Outonalidades”, descobri através do Prof. Dr. Joaquim de Montezuma de Carvalho o poeta brasileiro Cláudio Feldman. Este poeta brasileiro nasceu em Bauru em 1944, reside em Santo André desde 1959. Autor de 39 obras, consta de diversas antologias. Avulta na sua escrita o talento crítico, nunca perdendo o sentido colectivo do que importa causticar e modificar.

Nessa altura recebi um conjunto de pequenos poemas deste autor, publicados no “Diário dos Açores” sob o título “No Reino da Poesia Infantil”. Estes poemas preencheram-me e abriram-me o apetite para descobrir mais a sua poesia (permito-me transcrever um pequeno poema cujo título é “Ode Ocidental”: Podemos assassinar os cachalotes/ Depois/ Perfumaremos as mãos/ Com seu âmbar gris), pois estas pequenas maravilhas líricas despertaram-me a curiosidade.

Enviei, na altura, um exemplar do meu livro ao poeta Cláudio Feldman que teve a amabilidade de me enviar um pequeno opúsculo (síntese lírica) cujo título é “Campos de Algodão”. Lê-se em breves segundos, mas aprecia-se por largos momentos. Mostra-nos como não é preciso muitas palavras para se dizer muitas coisas.

José Amaral

25 Anos - revisited

No dia 1 de Setembro fiz aqui, no ad litteram, referência ao encontro dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Viseu.

Hoje, 16 de Setembro 2006, lá nos encontrámos em Fornos de Algodres no Seminário Menor. Antes de relatar, ainda que brevemente, o encontro impõe-se que faça aqui uma rectificação. No artigo, intitulado “25 Anos”, era dito que este encontro seria o último neste seminário, pois o mesmo iria fechar. Foi uma comunicação que me chegou (na convocatória), mas que continha incorrecções. O seminário vai, efectivamente, fechar mas, e para já, apenas este ano. A falta de alunos suficientes assim o obriga. Porém, ainda não está decidido que o seminário feche ad aeternum.

Vamos ao encontro.

Pelas nove horas e trinta minutos começámos a chegar ao seminário. O grupo foi engrossando. Depois do acolhimento assistimos à celebração eucarística. Em seguida tivemos a reunião geral para aprovação de contas e para a eleição da nova direcção. Foi reconduzida a direcção que já estava à frente da associação. O almoço foi mais um ponto de convívio, de recordação de tempos bons e outros menos bons que passámos no seminário. Por volta das dezasseis horas o grupo ad libitum brindou-nos com uma actuação e de seguida houve um “dão de honra”.

Findo o convívio uns mais cedo outros mais tarde fomo-nos despedindo e regressámos a casa. Como dizia Fernando Pessoa “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena” e certamente que este encontro valeu, porque era um encontro de amigos que nem sempre, ao longo do ano, podem encontrar-se quanto gostariam.

José Amaral

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Já Bocage não sou...

du Bocage, Manuel Maria (1765-1805)

Manuel Maria de Barbosa du Bocage (Setúbal, 1765 – Lisboa, 1805), poeta português e, possivelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Embora ícone deste movimento literário é uma figura inserida num período de transição do estilo clássico para o estilo romântico que terá forte presença na literatura portuguesa do século XIX.

Nascido em Setúbal às três horas da tarde de 15 de Setembro de 1765, falecido em Lisboa na manhã de 21 de Dezembro de 1805. Era filho do bacharel José Luís Soares de Barbosa, que foi juiz de fora, ouvidor, e depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier l’Hedois Lustoff du Bocage, cujo pai era francês.

Sua mãe era segunda sobrinha da célebre poetisa francesa, madame Marie Anne Le Page du Bocage, tradutora do Paraíso de Milton, imitadora da Morte de Abel, de Gessner, e autora da tragédia As Amazonas e do poema épico em dez cantos A Columbiada, que lhe mereceu a coroa de louros de Voltaire e o primeiro prémio da academia de Rouen.

Apesar das inúmeras biografias publicadas após a sua morte, uma boa parte da sua vida permanece um mistério. Não sabemos que estudos fez, embora se deduza da sua obra que estudou os clássicos e as mitologias grega e latina, que estudou francês e também latim. A identificação das mulheres que amou é muito duvidosa e discutível.

A sua infância foi infeliz. O seu pai foi preso por dívidas ao Estado quando ele tinha 6 anos de idade e permaneceu na cadeia seis anos. A sua mãe faleceu quando ele tinha dez anos. Possivelmente ferido por um amor não correspondido, assentou praça como voluntário em 22 de Setembro de 1781 e permaneceu no Exército até 15 de Setembro de 1783. Nessa data, foi admitido na Escola da Marinha Real, onde fez estudos regulares para guarda-marinha. No final do curso desertou, mas, ainda assim, aparece nomeado guarda-marinha por D. Maria I. Nessa altura, já a sua fama de poeta e versejador corria por Lisboa.

Em 14 de Abril de 1786, embarcou como oficial de marinha para a Índia, na nau “Nossa Senhora da Vida, Santo António e Madalena”, que fez escala no Rio de Janeiro (finais de Junho) e na Ilha de Moçambique (início de Setembro) e chegou à Índia em 28 de Outubro de 1786. Em Pangim, frequentou de novo estudos regulares de oficial de marinha. Foi depois colocado em Damão, mas desertou, embarcando para Macau. Estranhamente, não foi punido e deverá ter regressado a Lisboa em meados de 1790.

A década seguinte é a da sua maior produção literária e também o período de maior boémia e vida de aventuras. Ainda em 1790 foi convidado e aderiu à Academia das Belas Letras ou Nova Arcádia, onde adoptou o pseudónimo Elmano Sadino. Mas passado pouco tempo escrevia já ferozes sátiras contra os confrades. Em 1791, foi publicada a 1.ª edição das “Rimas”. Dominava então Lisboa o Intendente da Polícia Pina Manique que decidiu pôr ordem na cidade, tendo em 7 de Agosto de 1797, dado ordem de prisão a Bocage por ser “desordenado nos costumes”. Ficou preso no Limoeiro até 14 de Novembro de 1797, tendo depois dado entrada no calabouço da Inquisição, no Rossio. Aí ficou até 17 de Fevereiro de 1798, tendo ido depois para o Real Hospício das Necessidades, dirigido pelos Padres Oratorianos de São Filipe Neri, depois de uma breve passagem pelo Convento dos Beneditinos. Durante este longo período de detenção, Bocage mudou o seu comportamento e começou a trabalhar seriamente como redactor e tradutor. Só saiu em liberdade no último dia de 1798.

De 1799 a 1801 trabalhou sobretudo com Frei José Mariano da Conceição Veloso, um frade brasileiro, politicamente bem situado e nas boas graças de Pina Manique, que lhe deu muitos trabalhos para traduzir. A partir de 1801, até à morte por aneurisma, viveu em casa por ele arrendada no Bairro Alto, naquela que é hoje o nº 25 da travessa André Valente.

15 de Setembro, data de nascimento do poeta, é feriado municipal em Setúbal.

Fonte Wikipédia

Bocage é igualmente conhecido pela sua veia satírica e erótica. Aqui fica um exemplo.

Bojudo fradalhão de larga venta

Bojudo fradalhão de larga venta,
Abismo imundo de tabaco esturro,
Doutor na asneira, na ciência burro,
Com barba hirsuta, que no peito assenta:

No púlpito um domingo se apresenta;
Pregas nas grades espantoso murro;
E acalmado do povo o grão sussurro
O dique das asneiras arrebenta.

Quatro putas mofavam de seus brados,
Não querendo que gritasse contra as modas
Um pecador dos mais desaforados:

"Não (diz uma) tu padre não me engodas:
Sempre, me há-de lembrar por meus pecados
A noite, em que me deste nove fodas"!

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Mátria



Correia, Natália (1923-1993)

Natália de Oliveira Correia (13 de Setembro de 1923 — 16 de Março de 1993) foi uma intelectual e activista social de origem açoriana, autora de extensa e variada obra publicada, com predominância para a poesia. Deputada à Assembleia da República (1980-1991), interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres. Autora da letra do Hino dos Açores.
A obra de Natália Correia estende-se por géneros variados, desde a poesia ao romance, teatro e ensaio. Colaborou com frequência em diversas publicações portuguesas e estrangeiras. Foi uma figura central das tertúlias que reuniam em Lisboa nomes centrais da cultura e da literatura portuguesas nas décadas de 1950 e 1960. Ficou conhecida pela sua personalidade livre de convenções sociais, vigorosa e polémica, que se reflecte na sua escrita. A sua obra está traduzida em várias línguas.

Biografia
Natália Correia nasceu na Fajã de Baixo, ilha de São Miguel, Açores, a 13 de Setembro de 1923. Quando tinha apenas 11 anos o pai emigra, fixando-se Natália com a mãe e a irmã em Lisboa, cidade onde faz estudos liceais. Iniciou-se na literatura com a publicação de uma obra destinada ao público infanto-juvenil mas rapidamente se afirmou como poetisa.
Notabilizada através de diversas vertentes da escrita, já que foi poeta, dramaturga, romancista, ensaísta, tradutora, jornalista, guionista e editora, tornou-se conhecida na imprensa escrita e, sobretudo, na televisão, com o programa Mátria, onde advogou uma forma especial de feminismo – afastado do conceito politicamente correcto do movimento — o matricismo —, identificador da mulher como arquétipo da liberdade erótica e passional e fonte matricial da humanidade; mais tarde, à noção de Pátria e de Mátria acrescenta a de Frátria.
Dotada de invulgar talento oratório e grande coragem combativa, tomou parte activa nos movimentos de oposição ao Estado Novo, tendo participado no MUD (Movimento de Unidade Democrática, 1945), no apoio às candidaturas para a Presidência da República do general Norton de Matos (1949) e de Humberto Delgado (1958) e na CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática, 1969). Foi condenada a três anos de prisão, com pena suspensa, pela publicação da Antologia da Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, considerada ofensiva dos costumes, (1966) e processada pela responsabilidade editorial das Novas Cartas Portuguesas de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta. Foi responsável pela coordenação da Editora Arcádia, uma das grandes editoras portuguesas do tempo.
A sua intervenção política pública levou-a ao parlamento, para onde foi eleita em 1980 nas listas do PPD (Partido Popular Democrático, passando a independente. Foi autora de polémicas intervenções parlamentares, das quais ficou célebre a réplica sobre a fertilidade de um deputado da bancada oposta.
Fundou em 1971, com Isabel Meireles, Júlia Marenha e Helena Roseta, o bar Botequim, onde durante as décadas de 1970 e 1980 se reuniu grande parte da intelectualidade portuguesa. Foi amiga de António Sérgio (esteve associada ao Movimento da Filosofia Portuguesa), David Mourão-Ferreira (“a irmã que nunca tive”), Mário Soares, José-Augusto França (“a mais linda mulher de Lisboa”), Luiz Pacheco (“esta hierofântide do século XX”), Almada Negreiros e Ary dos Santos. Conviveu ainda com escritores como Henry Miller, Graham Greene e Ionesco.
Natália Correia recebeu, em 1991, o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores pelo livro Sonetos Românticos. No mesmo ano foi-lhe atribuída a Ordem da Liberdade; era já detentora da Ordem de Santiago.
Faleceu em Lisboa a 16 de Março de 1993. Legou a maioria dos seus bens à Região Autónoma dos Açores, que lhe dedicou uma exposição permanente na nova Biblioteca Pública de Ponta Delgada, instituição que tem à sua guarda parte do seu espólio literário (que partilha com a Biblioteca Nacional de Lisboa, constante de muitos volumes éditos, inéditos, documentos biográficos, iconografia e correspondência, incluindo múltiplas obras de arte e a biblioteca privada.
Natália Correia casou quatro vezes. Após dois primeiros curtos casamentos, casou em Lisboa a 31.7.1953 com Alfredo Luiz Machado (1904-1989), a sua grande paixão, bem mais velho do que ela e já viúvo, casamento este que durou até à morte deste, a 17.2.1989. Teve depois um curto casamento de conveniência, em 1990, tinha Natália 67 anos de idade, com Dórdio Guimarães. São já notáveis as cartas de amor da jovem Natália para Alfredo Luiz Machado.


Fonte Wikipédia

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Reflexões

REFLEXÕES SOBRE O CONCURSO DE PROFESSORES 06/07


Permito-me fazer aqui, ad litteram, um exercício reflexivo sobre o processo como decorreu o concurso de professores 06/07, nomeadamente ao que me diz respeito bem como a muitos outros professores do Grupo 300 (Português).

No início de cada novo ano lectivo, o índice de stresse dos professores aumenta. Ano após ano o Ministério da Educação (M.E.) promete mudanças com vista ao melhoramento das condições dos professores. Esta pitoresca promessa, que de tal banal já se torna ridícula, traz-me à memória um diálogo entre Carlos e Craft (“Os Maias”): “…depois de um silêncio e um encolher de ombros, o primeiro murmurou: - A gente, Craft, nunca sabe se o que lhe sucede é, em definitivo, bom ou mau; - Ordinariamente é mau – disse o outro friamente, aproximando-se do espelho a retocar com mais correcção o nó da gravata branca”.

Ordinariamente é mau!...

Ramalho Ortigão (“Farpas Escolhidas”) escreve: “Discorda da noção que têm da liberdade alguns dos deputados que o precederam, e revolta-o o princípio do laisser faire, laisser passer, preconizado por Bastiat”. Esta frase atribuída ao Sr. Mariano de Carvalho, na citada obra, serve para mostrar o descontentamento que me invade por, este ano, uma vez mais ter sido injustiçado no concurso de professores. Sou tentado a alvitrar a hipótese, embora não querendo aceitá-la como válida, que o M. E. possa reger-se por essa máxima. Às vezes as “trapalhadas” são tão impensáveis que julgamos não ser mera hipótese, mas realidade.

Em 05/06, pela incompetência de alguém, fui colocado numa escola para, no dia seguinte, ser ultrapassado por um colega contratado. Impossível? Não! Lamentavelmente real. Alguém se esqueceu de cumprir com zelo e com profissionalismo as suas funções e obrigou-me a ficar um ano a fazer trabalho para o qual não tenho qualificação. É certo que tive duas turmas, mas quanto ao resto era um “tapa buracos”. Com toda a modéstia que me assiste achei-me mal aproveitado (não se trata de vitupério; quem me conhece pode atestá-lo). Sou útil a dar aulas, assumo-o! Chamem-me o que quiserem…

Este ano repetiu-se esta situação, que eu julgava impensável num estado de direito como é o nosso. Julgava impensável, mas não impossível, porque no que respeita a questões da Educação já nada me surpreende. Em Portugal, e no que à Educação respeita, as coisas são cinzentas, i. e., nunca são pretas ou brancas.

Recordo, ainda que mui brevemente, os factos. Aquando da escolha das escolas para afectação o M.E. obrigou-me a concorrer ao Grupo 300 (Português). (Cfr. esta questão colocada por um docente, datada de 1 de Março de 2006, e que pode ser consultada na página do Ministério da Educação – secção Perguntas Frequentes: “Sou Docente do Quadro de Nomeação Definitiva do Grupo de Docência 8.º-B, e a Variante da minha Licenciatura é Português/Francês: Qual o grupo de recrutamento a que devo candidatar-me? Posso candidatar-me aos grupos 300 e 320?” Atente-se agora na resposta: “Os docentes dos quadros do Grupo de Docência 8.º-B (Português/Francês) devem reportar-se ao grupo de recrutamento de código 300 (Português)”.
Nessa altura as dúvidas assaltaram-me bem como a muitos outros colegas meus que se encontravam em idêntica situação. Depois de me obrigarem a concorrer a este grupo, sem alternativa, pois o programa informático não permitia outra escolha, aguardei expectante pela trapalhada que já adivinhava. Como foi possível colocar num grupo professores de várias áreas (Latim, Grego, Francês) sendo que os horários seriam apenas para a disciplina de Português.

Quando saíram as listas de colocação [este ano a tempo e horas, parabéns!] confirmaram-se as minhas suspeitas mais pessimistas acerca desta imensa trapalhada: não fui colocado e tenho de aguardar, estou ligado administrativamente à escola do ano passado, até ter horário. Par contre, muitos colegas meus contratados (nada tenho contra eles, pois não têm culpa neste processo) estavam colocados em horários que, a priori, deveriam ser para mim e para os meus colegas em situação igual à minha. Estavam outra vez – o caso não é virgem – colocados no meu horário e eu, impossibilitado com a anuência do M.E. de exercer as funções para as quais estou habilitado: leccionar! Não seria tão grave se, por um mero acaso, eu não fosse professor de Português e Francês com a “agravante” de ser professor de Q. Z. P.

Qualquer economista de mercearia perceberá que, havendo mão-de-obra capaz e habilitada, não há necessidade de contratar mais ninguém para o mesmo lugar e para os mesmos serviços. O que já não percebe é que se gaste duas vezes quando se podia – e devia – gastar uma só.

Não creio que a Educação tenha batido no fundo, mas, com franqueza, está prestes a menos que se faça alguma coisa. Considero, em parte, a Ministra da Educação uma mulher de armas. Apresentou várias medidas mexendo em muitos sectores, que se sentiram incomodados. Foram vários os que se remexeram nas cadeiras parecendo sofrer de uma qualquer urticária. Não é que eu perfilhe todas as medidas enunciadas, muitas delas discordo completamente, mas concordo com algumas. Se é verdade que errare humanum est não deixa de ser menos verdade que errando, corrigitur error. Não houve exames do 12º ano que foram repetidos por se reconhecer falhas e pelos resultados extremamente negativos, com o argumento que o programa ainda estava implementado há pouco? Então, eu pergunto: Por que é que não há-de ser feito um novo concurso baseado nos mesmos argumentos? O M. E. devia ter o mesmo espírito de abertura e devia permitir que se corrigissem estas injustiças.

Todos somos co-responsáveis pelos erros na e da Educação em Portugal. É chegada a altura de reconhecê-los e corrigi-los, pois isso só nos engrandece. Com todo o respeito acho chegada a altura de se dar “a César o que é de César”. Explico-me! A Educação em Portugal está, perdoe-se-me o atrevimento, mal entregue. Não me lembro de ter visto nomeado para os principais cargos do M. E. nenhum professor do universo pré-primário/secundário. Porquê? Não serei eu ou outros meus pares tão ou mais competente como os demais que faustosamente ocupam esses cargos?! Serão esses portentos da intelectualidade mentes de um brilho tão ofuscante? Não serão, antes, caricaturas dessa caricata personagem de “O Conde d’Abranhos” a quem a mãe dizia: “Ó Lipinho, que te querem levar! Ai, Lipinho, que querem fazer de ti um doutor!”. Pode parecer irrespeitosa esta minha comparação, mas acredite-se não o é. Tenho respeito pelas pessoas que ocupam esses cargos, mas por vezes parecem distanciados da realidade, parecem viver num Olimpo que não o da Educação efectiva.

Muitas reformas na e da Educação são necessárias, mas na lusa pátria parece haver um pressuposto hereditariamente adquirido: os professores são sempre os culpados maiores (e para alguns os únicos) de tudo o que de mal se faz na Educação. Médicos, advogados, padeiros, bombeiros… só o são porque tiveram professores. Bons ou maus, tiveram-nos! Não vale a pena disfarçar querendo mostrar que não há maus professores ou que são todos bons. Não, não se trata disso. Uma escola não pode funcionar sem professores, mas quer-me parecer que pode funcionar com professores maltratados por quem os deveria apoiar e defender. É assim que queremos que o país evolua, que o fantasma da mediocridade e do cinzentismo desapareça?

A minha franqueza e frontalidade são, quiçá para alguns, pouco diplomáticas, mas no país democrático em que vivo tenho o direito à indignação. Não o faço de forma petulante, embora alguns assim o julguem, mas de forma a defender os meus direitos e a fim de contribuir para a melhoria da Educação em Portugal. Para a elevação do debate em torno deste processo. Mais, faço-o desta maneira porque não me resta outra.

Se me é permito deixo aqui um conselho a todos os agentes educativos: Culpa vacare maximum est solatium (estar isento de culpas é uma grande consolação).


José Amaral

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

Raízes

Há já algum tempo fiz referência a um blog (O Meu Cantinho, de Carlos Matos) e hoje volto a fazê-lo porque traz referência a uma notícia sobre a minha Freguesia (Abrunhosa-a-Velha) e à minha Povoação (Vila Mendo de Tavares). Este blog que podemos consultar em http://cmatos.blogspot.com/ está muito interessante e está a ganhar pontos. Ligado, por várias razões, ao autor de "O Meu Cantinho" vale, ainda, a pena dar uma olhadela em http://santiago-online.planetaclix.pt. As visitas justificam-se.
Na referida notícia há uma hiperligação para uma outra página também ela muito interessante. Trata-se da página da Junta de Freguesia de Abrunhosa-a-Velha, à qual podemos aceder através deste blog ou em alternativa através do seguinte endereço:
http://abrunhosaavelha.home.sapo.pt/ . Também esta página está interessante.
Abrunhosa – a – Velha fica situada na Beira Alta, no extremo sudeste do distrito de Viseu e do concelho de Mangualde, com 17,38 Km2 de área e 689 habitantes (2001). Densidade: 39,6 hab/Km2. Desta freguesia fazem parte as localidades de Abrunhosa-a-Velha, Vila Mendo de Tavares e Gouveia-Gare.
Faz a ligação entre os distritos de Viseu e da Guarda, através dos concelhos de Fornos de Algodres e de Gouveia.
Dista 30 quilómetros de Viseu, 14 de Mangualde, 17 de Gouveia, 30 de Seia, 60 da Guarda e 100 da fronteira de Vilar Formoso, aproximadamente. Fica a cerca de 170 quilómetros do Porto e a 300 de Lisboa.
Foi vila e sede de concelho até ao início do século XIX. Era constituído por uma freguesia e tinha, em 1801, 498 habitantes. Aquando da extinção foi anexada ao município de Tavares.

José Amaral

Homenagem

Terrorismo

Despertar para o terror

11 de Setembro: três ataques terroristas abalaram os EUA. Quase três mil pessoas morreram. Presos nas torres em chamas, pediram ajuda, despediram-se e muitos saltaram para a morte. Recorde o passado e espreite o futuro


Foi há cinco anos. Três atentados terroristas acordaram os EUA na manhã de 11 de Setembro e despertaram o mundo para a dimensão da ameaça terrorista. Quando a super potência americana foi atacada os países ocidentais sentiram-se mais inseguros.
Nos momentos que se seguiram ao choque do primeiro avião com a primeira torre do World Trade Center, a tese de terrorismo parecia ainda remota, mas as dúvidas dissiparam-se após a colisão do segundo avião.
O ataque às torres gémeas foi mais mediatizado, tendo deixado (quase) no esquecimento o atentado ao Pentágono. Eram marcantes as imagens que chegavam de Manhattan, ilustravam o sofrimento dos que tentavam sair do inferno de chamas em que se transformou o World Trade Center. Alguns preferiram até saltar dos andares mais altos das torres.
Os edifícios acabaram mesmo por ruir. No final, o balanço era negro: 2973 pessoas morreram, a grande maioria estava no World Trade Center. Muitos corpos ficaram por identificar.
Mais tarde, o mundo pôde saber o que pensaram e sentiram alguns dos que estavam nas torres, através dos pedidos de ajuda e dos telefonemas de despedida. Também correram mundo as últimas palavras de passageiros e terroristas a bordo do voo 93 da United Airlines, que se despenhou antes de ter atingido o alvo.
Com o passar do tempo foram divulgados alguns pormenores sobre a identidade e os métodos dos terroristas. 19 jovens árabes, munidos de x-actos, canivetes e spray pimenta, sequestraram e desviaram quatro aviões, concretizando o maior ataque terrorista ao país.
Com a nação ferida, Bush começou então a «guerra contra o terrorismo» e a busca contra o homem que passou a personificar o rosto do terror: Ossama Bin Laden. Enquanto isso, nos tribunais norte-americanos era julgado Zacarias Moussaoui, o único detido a ser condenado nos EUA por cumplicidade nos atentados.
Cinco anos depois dos ataques, os EUA ainda vivem com o fantasma do terrorismo e isso nota-se no dia-a-dia e também nas manifestações artísticas. Vários filmes, fotografias e até um livro de banda desenhada tentam explicar o que se passou nesse dia.
Para recordar o que não conseguem esquecer, vão erguer um memorial no local onde estava o World Trade Center.
11 de Setembro foi o dia que mudou o mundo e o terrorismo, abrindo caminho para um novo tipo de atentados.

in Portugal Diário (edição online) 11SET06

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Harvard


A Universidade de Harvard (em inglês Harvard University) é uma das instituições educacionais mais prestigiadas do mundo, bem como a instituição de educação superior mais antiga dos Estados Unidos da América.

Fundada em 8 de Setembro de 1636 como New College em Cambridge Massachusetts, foi rebaptizada em 13 de Março de 1639 como Harvard College, em homenagem a John Harvard, um dos seus principais mecenas; a universidade propriamente dita data de 1780.

Instituição

Harvard é uma universidade privada e conta com o maior orçamento de uma universidade do mundo, no ano de 2005 é 25,9 biliões de dólares.

Tem 2 999 professores e entre eles os cientistas mais brilhantes e influentes do mundo, o que torna Harvard uma das instituições que mais ganhou prémios Nobel do mundo (até 2005, 75 membros ou ex-membros da comunidade de Harvard foram premiados, a Universidade de Cambridge, UK, possui 81 premiados). Harvard, por sinal, foi fundada por um antigo estudante da universidade de Cambridge (em inglês University of Cambridge).

Com uma percentagem de admissão às vezes inferior a 10%, também é um das mais selectivas e elitistas. Em média tem uma população estudantil de 6 500 estudantes de graduação e uns 13.000 a nível de pós-graduação (mestrado e doutorado).

Fonte Wikipédia

Sabedoria Oriental

Confúcio (em chinês: 孔夫子) (551 a.C. - 479 a.C.) é o nome latino do pensador chinês Kung-Fu-Tzu. Foi a figura histórica mais conhecida na China como mestre, filósofo e teórico político. Sua doutrina, o confucionismo, teve forte influência não apenas sobre a China mas também sobre toda a Ásia oriental.

Conhece-se muito pouco da sua vida. Parece que os seus antepassados foram gente nobre, mas o filósofo e moralista viveu pobre, e desde a infância teve de ser mestre de si mesmo. Na sua época, a China estava praticamente dividida em reinos feudais cujos senhores dependiam muito pouco do rei.

Nascimento e juventude

Confúcio, também conhecido com K'ung ch'iu (mestre kong), nasceu em meados do século VI (551 a.c.), em Tsou, uma pequena cidade no estado de Lu, hoje Shantung. Esse estado é denominado de "terra santa" pelos chineses. Confúcio estava longe de se originar de uma família abastada, embora seja dito que ele tinha descendência aristocrática. Seu pai, Shu-liang He, antes magistrado e guerreiro de certa fama, tinha setenta anos quando se casou com a mãe de Confúcio, uma jovem de quinze anos chamada ""Yen Cheng Tsai"", que diziam ser descendente de ""Po Chi'in"" o filho mais velho do Duque de Chou, cujo sobrenome era ""Chi"".

Dos onze filhos, Confúcio era o mais novo. Seu pai morreu quando ele tinha três anos de idade, o que o obrigou a trabalhar desde muito jovem para ajudar no sustento da família. Aos quinze anos, resolveu dedicar suas energias em busca do aprendizado. Em vários estágios de sua vida empregou suas habilidades como pastor, vaqueiro, funcionário e guarda-livros. Aos dezanove anos se casou com uma jovem chamada ""Chi-Kuan"". Apesar de se divorciar alguns anos depois, Confúcio teve um filho, "K'ung li"", que nasceu um ano após seu casamento, e uma filha.

Confúcio viajou por diversos destes reinos, esteve em íntimo contacto com o povo e pregou a necessidade de uma mudança total do sistema de governo por outro que se destinasse a assegurar o bem-estar dos súbditos, pondo em prática processos tão simples como a diminuição de contribuições e o abrandamento das penalidades. Embora tentasse ocupar um alto cargo administrativo que lhe permitisse desenvolver as suas ideias na prática, nunca o conseguiu, pois tais ideias eram consideradas muito perigosas pelos que mandavam. Aquilo que ele não pôde fazer pessoalmente acabaram por fazer alguns dos seus discípulos, que, graças à boa preparação por ele ministrada, se guindaram, dia após dia, aos cargos mais elevados. Já idoso, retirou-se para a sua terra natal, onde morreu com 72 anos.

Kong zi é biograficamente, segundo o historiador chinês Sima Qian (século II a.C.), uma representação típica do herói chinês. Ele era alto, forte, enxergava longe, tinha uma barriga cheia de Chi, usava longa barba, símbolo de sabedoria, mas se vestia bem e era simples. Era também de um comportamento exemplar, demonstrando sua doutrina nos seus actos. Pescava com anzol, dando opção aos peixes, e caçava com um arco pequeno, para que os animais pudessem fugir. Comia sem falar, era directo, franco, acreditava ser um representante do céu.

Sua ideia de organização da sociedade buscava também recuperar os valores antigos, perdidos pelos homens actuais. No entanto, em sua busca pelo Tao, ele usava de uma abordagem diferente da noção de desprendimento proposta pelos Taoístas. Sua ideia estava baseada num critério mais realístico, onde a prática do comportamento ritual daria uma possibilidade real aos praticantes de sua doutrina de viverem em harmonia.

Apesar das ideias de conformismo que possam ser atribuídas a esse pensamento, elas são erróneas. Kong zi não pregava a aceitação plena de um papel definido para os elementos da sociedade, mais sim, que cada um cumprisse com seu dever de forma correcta. Já o condicionamento dos hábitos serviria para temperar os espíritos e evitar os excessos. Logo, sua doutrina pregava a criação sim, de uma sociedade capaz, culturalmente instruída e disposta ao bem-estar comum. Sua escola foi sistematizada nos seguintes princípios:

Ren, humanidade (altruísmo);

Li, ou cortesia ritual;

Zhi, conhecimento ou sabedoria moral;

Xin, integridade;

Zhing, fidelidade;

Yi, justiça, rectidão, honradez.

Cada um desses princípios se ligaria às características que para ele se encontravam ausentes ou decadentes na sociedade.

Confúcio não procurou uma distinção aprofundada sobre a natureza humana, mas parece ter acreditado sempre no valor da educação para condicioná-la. Sua bibliografia consta de 3 livros básicos, sendo que os dois últimos são atribuídos aos seus discípulos. Temos o Lun yu (Diálogos, Analectos), no qual se encontra a síntese de sua doutrina. Depois, temos o Dà Xué (大学) (Grande Ensinamento) e o Zhong Yong (Jung Yung), ou a “Doutrina do Meio”.

Fonte Wikipédia

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Estatutos

E.C.D. (revisão)


Os Meios de Comunicação Social deram hoje brado ao reatamento das negociações sobre o Estatuto da Carreira Docente (E.C.D.).
Sejamos claros: o anterior Estatuto estava a ficar obsoleto, senão no todo pelo menos em parte. Era necessário fazer alguma coisa! O Ministério da Educação colocou em marcha esse processo. Muitas vozes se levantaram como seria de esperar, dos mais optimistas até aos mais pessimistas.
O Ministério da Educação sugeriu um pacote (ou uma lista, como parece estar na moda na sociedade portuguesa) de medidas a implementar. Depois de começarem a ser ventiladas, opinadas e discutidas(?) chegou-se - pelo menos eu cheguei - à conclusão que: 1) algumas das medidas pecam por tardias; 2) outras são discutíveis; 3) outras são ridículas tanto no conteúdo quanto na aplicabilidade.
Determinados intervenientes da Educação colocaram-se, “às cegas”, do lado do Ministério. Porquê? Vá lá saber-se! Outros colocaram-se no lado oposto (muitos dos sindicatos engrossam este lote). Vá lá saber-se, também, porquê!
Nós, professores, enquanto parte interessada, devemos encarar este processo como um passo urgente no restabelecimento da confiança da sociedade para com a nossa classe. Infelizmente a nossa classe (por culpa de alguns maus profissionais, como em qualquer outra classe) está mal vista. Nesse sentido não há que temer novos Estatutos. Há que temer, isso sim, a intransigência das partes envolvidas nas negociações.
Já verificámos que o Ministério da Educação não é muito de abrir mão (uma mão de ferro fechada ao diálogo) das suas medidas. Estou em querer que recuou em certos aspectos (chamar-lhes-ia pormenores) do primeiro projecto apresentado para mostrar que não é inflexível. Pura operação de charme! Par contre, também os Sindicatos não se mostram muito solícitos em ceder. Há que saber dialogar para saber negociar. É preciso esquecer fantasmas do passado e remar num sentido só.
Há várias medidas com as quais não concordo, porque servem apenas para evitar que os professores possam progredir na carreira, porque servem para denegrir a imagem de muitos profissionais. Não me refiro à avaliação por parte dos pais (embora desconfie dela), nem aos resultados dos alunos (colegas, vamos lá a passar todos os alunos!)… Refiro-me a uma medida que considero “uma piada de mau gosto”: “um número máximo das notas mais elevadas que as escolas poderão dar na hora de avaliar os docentes”.
Vou tentar explicar como se fossemos crianças de quatro anos! Os professores podem ter qualidade (científica e pedagógica), ser bons profissionais, cumprirem as regras “algematórias” que lhes são impostas, mas na hora de progredir cai-lhes em cima o lápis azul com um “Não Progride”. Era o mesmo que dizer a um atleta dos cem metros que se esforçasse até chegar à meta, mas depois que não a cortasse, porque não podia ganhar.
Afinal, que país (que Ministério da Educação) este que assim trata os seus profissionais. Quer-se credibilizar a Educação, pedem-se esforços aos seus profissionais, exige-se-lhes que cumpram religiosamente os Estatutos e depois cortam-se-lhes as pernas?! Será por questões economicistas? Querem bons profissionais ao preço da “uva mijona”?! Querem fazer-nos querer que sim…
Esperemos que as partes envolvidas neste processo tenham a lucidez necessária para dialogar sem atropelos, para propor ou contrapor medidas razoáveis e para aprovarem um Estatuto de uma carreira que não se quer Do(c)ente.
Sic transit gloria mundi.


José Amaral

Trapalhada


Vergonha

Na Sociedade Portuguesa há notícias que ainda me vão surpreendendo de quando em quando. Infelizmente no que respeita ao Futebol Português já nada me surpreende. Envergonha-me!
Que fique claro que sou adepto do desporto-rei e que nada tenho contra os atletas. O mesmo já não posso dizer dos seus dirigentes e das suas instituições.
O chamado caso Mateus é o último “grito da moda” no que respeita à estupidificação a que chegou o Futebol Português. Se por um lado o futebol lusitano leva e eleva o bom-nome de Portugal aos quatro cantos do mundo, logo o põe na boca do mundo pelas piores razões. Não é caso virgem, pois o Futebol Português é feito de trapalhadas.
A confusão é tão grande que se aplica com toda a justeza a máxima popular “em casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão”. Os protagonistas aparecem na televisão sacudindo as culpas e apresentando-se tão inocentes quanto Adão, depois de ter comido a maçã proibida (desculpem-me a comparação). A culpa não é de ninguém!
Só vejo uma solução para resolver esta trapalhada. Demitir todos os dirigentes da Federação e da Liga Profissional invocando para isso «interesse público» na recuperação do bom-nome do Futebol Português.

José Amaral

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

25 Anos

A Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Viseu leva a efeito mais um encontro anual dos seus associados e/ou apenas antigos alunos.

Este ano o evento reverte-se de um simbolismo acrescido visto que se comemoram as bodas de prata (25 anos) da criação desta associação [26 de Agosto de 1981]. Aliado a este facto, o encontro do dia 16 de Setembro, em Fornos de Algodres, reveste-se de um manto de tristeza/saudade pois é o último adeus ao Seminário Menor.

Esta Associação tem promovido várias actividades sendo que a mais “visível”, aparte estes encontros, é a divulgação da música popular portuguesa pelo grupo Ad Libitum.

Estas e outras informações podem ser consultadas no seguinte site http://cti.homeftp.org/.

Tratado


O Tratado de Tordesilhas, assim denominado por ter sido celebrado na povoação castelhana de Tordesillas, foi assinado em a 7 de Junho de 1494, entre Portugal e Castela (parte da actual Espanha), definindo a partilha do chamado Novo Mundo entre ambas as Coroas, um ano e meio após Colombo ter reclamado oficialmente a América para Isabel a Católica. Para seguimento das suas instruções para negociação deste tratado e sua assinatura o Príncipe Perfeito designou como embaixador à sua prima de Castela (filha de uma infanta portuguesa) a D. Rui de Sousa.

Antecedentes

Como bem diz o historiador brasileiro Delgado de Carvalho, em sua «História Diplomática do Brasil», «subsistia ainda a tradição medieval da supremacia política da Santa Sé, que reconhecia a Roma o direito de dispor das terras e dos povos: Adriano IV, papa inglês (1154-59), havia dado a Irlanda ao rei da Inglaterra e Sisto IV as Canárias ao rei da Espanha (1471-84). Baseava-se isso, em parte, sobre o fato de o Edito de Constantino ter conferido ao papa Silvestre a soberania sobre todas as ilhas do globo; ora, isso porque as terras a descobrir eram todas, então, supostas serem exclusivamente ilhas (Oliveira Lima - Descobrimento do Brasil, vol. III do Livro do Centenário, Rio, 1900).»

O início da expansão marítima portuguesa, sob a égide do Infante D. Henrique, levou as caravelas portuguesas pelo oceano Atlântico, rumo ao Sul, contornando a costa africana. Com a descoberta da Costa da Mina, iniciando-se o comércio de marfim, ouro e escravos, a atenção da Espanha foi despertada, iniciando-se uma série de escaramuças no mar, envolvendo embarcações de ambas as Coroas.

Portugal, buscando assim proteger o seu investimento, negociou com Castela o Tratado de Alcáçovas (1479), obtendo, posteriormente, do Papa Inocêncio VII em 1481 a bula Æterni regis, que dividia as terras descobertas e a descobrir por um paralelo na altura das ilhas Canárias, dividindo o mundo em dois hemisférios: a Norte, para a Coroa de Castela; e a Sul, para a Coroa de Portugal. Somando-se a duas outras bulas anteriores de 1452 e 1454, de Nicolau V e de Sisto IV, Portugal e a Ordem de Cristo haviam recebido todas as terras conquistadas e a conquistar ao sul do cabo Bojador e da ilha Grande Canária.

Preservavam-se, desse modo, os interesses de ambas as Coroas, definindo-se, a partir de então, os dois ciclos da expansão: o chamado ciclo oriental, pelo qual a Coroa portuguesa garantia o seu progresso para o Sul e o Oriente, contornando a costa africana (o chamado "périplo africano"); e o que se denominou posteriormente de ciclo ocidental, pelo qual a Espanha se aventurou no oceano Atlântico, para Oeste. Como resultado deste esforço espanhol, Cristóvão Colombo alcançou terras americanas em 1492.

Ciente da descoberta de Colombo, mediante as coordenadas geográficas fornecidas pelo navegador, os cosmógrafos portugueses argumentaram que a descoberta, efectivamente se encontrava em terras portuguesas.

Desse modo, a diplomacia espanhola apressou-se a obter junto ao papa Papa Alexandre VI, espanhol, uma nova partição de terras. Não podia deixar o Papa de conceder aos Reis Católicos os mesmos direitos outorgados aos reis portugueses! Assim, em 3 de Maio de 1493, a bula Inter cætera estabelecia uma nova linha de marcação, um meridiano que separaria as terras de Portugal e de Castela. O meridiano passava a cem léguas a oeste dos Açores e de Cabo Verde. As novas terras descobertas, situadas a Oeste do meridiano a 100 léguas das ilhas do Cabo Verde, pertenceriam à Espanha. As terras a leste, pertenceriam a Portugal. A bula excluía todas as terras conhecidas já sob controle de um estado cristão.

Os termos da bula não agradaram a João II de Portugal, julgando já ter direitos adquiridos que a Bula vinha ferir. E a bula criava confusão, pois um meridiano vinha anular o que um paralelo tinha estabelecido. A execução da Bula, na verdade, era impossibilitada por sua imprecisão e pela imperfeição dos meios científicos da época para a fixação do meridiano escolhido. Assim sendo, D. João II abriu negociações directas com os reis católicos Fernando II de Aragão e Isabel I de Castela para mover a linha mais para Oeste, argumentando que o meridiano em questão se estendia sob todo o globo, limitando assim as pretensões espanholas na Ásia. D. João II propôs, por uma missão diplomática aos reis católicos, estabelecer um paralelo das Ilhas Canárias como substituto ao meridiano papal. Os espanhóis recusaram a proposta mas se prestaram a discutir o caso. Reuniram-se então em Tordesillas.

Os termos do tratado

Diz Rodrigo Octávio em 1930 que o Tratado teria «um efeito antes moral do que prático». O meridiano era fixado não mais a 100, mas a 370 léguas das ilhas de Cabo Verde, mas persistiam as dificuldades de execução desta demarcação. Os cosmógrafos divergiam sobre a dimensão da Terra, sobre os pontos de partida para a contagem das milhas, sobre a própria extensão das léguas, que diferia entre Espanha e Portugal! Já se disse que os espanhóis cederam porque esperavam, por meio de sua política de casamentos, estabelecer algum dia a união ibérica, incorporando Portugal... O que é mais provável é que os negociadores portugueses, na expressão de Bartolomé de las Casas, tenham tido «mais perícia e mais experiência» do que os espanhóis.

A divisão das terras descobertas e a descobrir era estabelecida a partir de um semi-meridiano estabelecido a 370 léguas (1.770 km) a oeste das ilhas do Cabo Verde, que se situaria hoje a 46° 37' a oeste do Meridiano de Greenwich.

Os termos do tratado foram ratificados pela Espanha a 2 de Julho e por Portugal em 5 de Setembro do mesmo ano. Esta linha de Tordesilhas, apesar de nunca ter existido, serviu ao menos para que Portugal tomasse pé no continente americano, em vésperas de ser «descoberto», ou ocupado, por Pedro Álvares Cabral. E, de imediato, o tratado garantia a Portugal o domínio das águas do Atlântico Sul, essencial para a manobra náutica então conhecida como volta do mar, empregada para evitar as correntes marítimas que empurravam para o Norte as embarcações que navegassem junto à costa sudoeste africana, e permitindo a ultrapassagem do cabo da Boa Esperança.

E o Tratado nunca foi esquecido, pois figurou nas negociações da Junta de Badajoz em 1524, quando se falou sobre as Ilhas Molucas e as Filipinas, situadas na órbita portuguesa, consideradas espanholas em troca do Brasil (Luciano Pereira da Silva, «História da Colonização Portuguesa no Brasil», t. I, Porto, 1922).

Consequências do tratado

Em princípio, o tratado resolvia os conflitos que seguiram à descoberta do Novo Mundo por Cristóvão Colombo. Embora contrariasse a bula de Alexandre VI, foi aprovado pelo Papa Júlio II em uma nova bula, em 1506.

Muito pouco se sabia das novas terras, que passaram a ser exploradas pela Espanha. Nos anos que se seguiram Portugal prosseguiu no seu projecto de alcançar a Índia, o que foi finalmente alcançado pela frota de Vasco da Gama, na sua primeira viagem de 1497-1499.

Com a expedição de Pedro Álvares Cabral à Índia, a costa do Brasil foi descoberta (Maio de 1500) pelos europeus, o que séculos mais tarde viria a abrir uma polémica historiográfica acerca do "acaso" ou da "intencionalidade" da descoberta. Observe-se que uma das testemunhas que assinaram o Tratado de Tordesilhas, por Portugal, foi o famoso Duarte Pacheco Pereira, um dos nomes ligados a um suposto descobrimento do Brasil pré-Cabralino.

Por outro lado, com o retorno financeiro da exploração americana (o ouro espanhol e o pau-brasil português), outras potências marítimas europeias (França, Inglaterra, Países Baixos) passaram a questionar a exclusividade da partilha do mundo entre as nações ibéricas. Esse questionamento foi muito apropriadamente expresso por Francisco I de França, que ironicamente pediu para ver a cláusula no testamento de Adão que legitimava essa divisão de terras. Cedo apareceram no Brasil aventureiros e especuladores, franceses principalmente, que promoviam o comércio clandestino. Floresceram o corso, a pirataria e o contrabando, pois os armadores de Honfleur, Ruão, La Rochelle, buscavam pau-brasil e capturavam galeões. O mais célebre dos chefes foi um armador de Dieppe, Jean Ango ou Angot. Adaptaram-se facilmente aos índios e foram seus aliados contra os portugueses. Era a luta entre o monopólio comercial e a liberdade dos mares...

Antes que o mercantilismo e o absolutismo se fortalecessem na Europa. Nesse contexto, eclodiu a Reforma Protestante, esvaziando a autoridade do Papa enquanto mediador das questões de relações internacionais.

Concluída a volta ao mundo iniciada por Fernão de Magalhães (1519-1521), uma nova disputa se estabeleceu, envolvendo a demarcação do meridiano pelo outro lado do planeta e a posse das ilhas Molucas (actual Indonésia), importantes produtoras de especiarias. Para solucionar esta nova disputa, celebrou-se o tratado de Saragoça (22 de Abril de 1529).

Posteriormente, durante a fase da Dinastia Filipina (União Ibérica), os portugueses foram se expandindo de tal forma na América do Sul que, em 1680, visando o comércio com a bacia do Prata e a região andina, fundaram uma colónia na margem esquerda do rio da Prata, em frente a Buenos Aires. A fixação portuguesa em território oficialmente espanhol gerou um longo período de conflitos armados, conduzindo à negociação do Tratado de Madrid (1750).

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