sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Peditório Nacional


A Liga Portuguesa Contra o Cancro leva a efeito mais um peditório. Para fazer face a uma doença que atinge mais de 20.000 portugueses, a LPCC realiza o seu peditório anual nos dias 1, 2, 3 e 4 de Novembro, por todo o território nacional. Em Portugal, os cancros de maior incidência são o da mama, pele, próstata, cólon, recto, estômago, colo do útero e pulmão. Anualmente surgem 4500 novos casos de cancro da mama, em Portugal.
Mais de cinco mil voluntários, espalhados pelo país, apoiam esta causa. De acordo com Manuela Rilvas, presidente da LPCC, “o peditório anual representa cerca de 90 por cento das receitas da Liga, que não tem qualquer subsídio para o desenvolvimento das suas actividades”.
O montante recolhido neste peditório nacional será aplicado em actividades de rastreio do cancro da mama, investigação, acção social e de acompanhamento de doentes e familiares, campanhas de informação e prevenção, cuidados paliativos, luta antitabágica, entre outros projectos.
Manuela Rilvas salienta "Nós precisamos de ajuda. É fundamental que as pessoas colaborem nesta iniciativa para que possamos fazer face a uma doença tão cruel como é o cancro".
Fundada em 1941, por proposta do Prof. Francisco Gentil, a Liga Portuguesa Contra o Cancro tem como objectivo promover a prevenção primária e secundária do cancro, o apoio social e a humanização da assistência ao doente oncológico e a formação e investigação em oncologia.
(
Liga Portuguesa Contra o Cancro).
Eis uma causa na qual todos nós devemos participar. O nosso contributo é essencial. Quer seja pelo voluntariado, quer seja pelos nossos donativos não devemos deixar de colaborar nesta causa.

(José Amaral)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Poema




AlvoreS

No alvor da aurora
abri os olhos, mas não acordei.
Sentia-me sorumbático,
perdido na imensidão
de um deserto de acalmia
de brisas suaves
de pensativos e expectantes
desejos incontidos
incontados
“in com tudos”.

Bateram, suavemente,
na madeira das minhas pálpebras
perguntando se morava,
naqueles “berlindes observantes”,
alguém.
Não, não morava lá ninguém.
Perdão!
Morava um... invisual.

O meu mundo,
sempre com a luz eléctrica cortada
(maldita companhia,
só pensa em impostos)
era negro;
de um negro lindo,
para mim,
um negro acetinado
que me protegia.

Agradeci aos Céus
o facto de ser invisual.
Não, não é masoquismo!!!

Assim não sou obrigado
a ver violência,
miséria,
ódio, ...nada.

Chamam-me cego,
alguns ceguinho,
eu sei.
Quero que saibais,
irmãos:
- «Vejo melhor, eu,
na minha cegueira,
que vós na vossa verborreia prepotente».


(in “Poder da Díctamo”, José Amaral)

domingo, 26 de outubro de 2008

Já foi há 10 anos...

Faz hoje dez anos, 26 de Outubro, que morreu um dos maiores escritores portugueses. Dez anos! Falo de José Cardoso Pires, nascido a 2 de Outubro de 1925, em Vila de Rei e falecido em Outubro de 1998, em Lisboa cidade que ele escolheu para viver.
A sua experiência da vida boémia, da rua e da noite, resultou num conhecimento que transpõe para alguns dos seus textos (p. exemplo "Alexandra Alpha"). Foi oficial da Marinha Mercante e realizou esporadicamente trabalhos como jornalista e redactor de publicidade até se dedicar definitivamente à escrita. A sua obra é vastíssima, assim como os prémios que recebeu. Nada melhor que deixar aqui um excerto (de “A Balada da Praia do Cães”) para nos recordar a escrita deste vulto da literatura portuguesa.

«[...] Às vezes pasmo, Melanie, com a exactidão com que estes momentos me vêm à memória. Estou a ver o elevador, é como se tivesse sido ontem. O portão de grades trabalhadas em cobre, o guarda-vento de vidros foscos com umas flores lavradas que pareciam jarros do oriente. E os espelhos aos lados? E o banquinho de veludo na parede do fundo, tão virginal, tão romântico? Oh, era uma cestinha de arcanjos, aquele elevador, todo em ouros e brancos esmaltados. Mas o inesquecível era a máscara do diabo que havia no tecto a olhar cá para baixo! Assustava e enternecia. Tinha uns corninhos de fauno, saídos do conjunto da figura que era em relevo dourado e com uma mascarilha vermelha. Tantas minúcias, eu bem digo…Não te parece estranho?E todavia tudo se passou fora do tempo e do espaço! Tudo, ma chèrie, Tudo! Ainda mal tínhamos fechado a porta já o Gaston-Philippe se colava a mim a percorrer-me desvairadamente com as mãos. Contornava-me, cingia-me com um braço e procurava-me as coxas e as nádegas por baixo da roupa. Eu própria levantei o vestido, colando-me mais a ele, e imagina a surpresa que o tomou quando sentiu nos dedos a verdade do meu ventre!»

(José Amaral)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

MUDANÇA DA HORA

(Imagem retirada da Internet)

Segundo informação do Observatório Astronómico de Lisboa e, em conformidade com a legislação, a hora legal em Portugal continental: será adiantada de 60 minutos à 1 hora de tempo legal (1 hora UTC) do dia 30 de Março e atrasada de 60 minutos às 2 horas de tempo legal (1 hora UTC) do dia 26 de Outubro.
Assim, e desta forma, este fim-de-semana vamos poder dormir mais uma hora. Quando forem 2 horas da madrugada de Domingo, os ponteiros devem atrasar para a 1 hora.
Convém não esquecer para não andarmos trocados nem nos esquecermos dos nossos compromissos.


(José Amaral)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008


Dez réis de esperança


Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos à boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.

(António Gedeão)

sábado, 18 de outubro de 2008

A saga continua...

Volto às sugestões literárias. O autor não é desconhecido: Ken Follet. À semelhança de "Os Pilares da Terra", Ken Follett volta ao registo do romance histórico, numa obra dividida em dois volumes. Desta feita trata-se de Um mundo sem fim – volume I (Editorial Presença, 581 páginas). O autor regressa à cidade de Kingsbridge, mas com um intervalo de dois séculos. Recorre a elementos comuns do primeiro livro e dá vida a descendentes de algumas das personagens de “Os Pilares da Terra”.
No dia 1 de Novembro de 1327, quatro crianças presenciam a morte de dois homens por um cavaleiro. Três delas fogem com medo, ao passo que uma se mantém no local e ajuda o cavaleiro ferido a recompor-se e a esconder uma carta que contém informação secreta que não pode ser revelada enquanto ele for vivo. Estas crianças quando chegam à idade adulta viverão sempre na sombra daquelas mortes inexplicáveis que presenciaram naquele dia fatídico. Ken Follet volta a preencher este romance de amor (uns bem sucedidos, outros não correspondidos), ódio, ambição e vingança. É frequente recorrer-se a truques baixos para se alcançar os fins desejados. Merthin, Ralph, Caris e Gwenda ficarão marcados pelo tempo em que vivem.
A queda da ponte que faz a ligação com Kingsbridge torna-se num dos centros fulcrais desta acção. Mas não só… a eleição do prior Godwyn… o amor entre Merthin e Caris… o seu quase casamento… a inesperada ida de Caris para freira para não ser executada como bruxa…
Este primeiro volume lê-se com o mesmo agrado que os anteriores volumes desta saga. A vida medieval é retratada com realismo nu e cru, fazendo-nos vivenciar a vidas das personagens. Recomendo vivamente a leitura deste livro.


(José Amaral)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Humor

(imagem retirada da Internet)

Viver não custa, custa é saber viver.
Que seria da vida sem humor!...
(José Amaral)


segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Poesia de bandeira

Manuel Bandeira nasceu em Recife, a 19 de Abril de 1886 e faleceu no Rio de Janeiro, a 13 de Outubro de 1968. Poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro, Manuel Bandeira é um dos nomes mais sonantes da Literatura Brasileira.
Considera-se que Bandeira faça parte da geração de 22 da literatura moderna brasileira.


Desencanto



Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.


(José Amaral)

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

A voz

Jacques Brel nasceu em Schaarbeek, Bélgica a 8 de Abril de 1929 e faleceu em Bobigny, França a 9 de Outubro de 1978. Autor de canções, compositor e cantor belga francófono. Este cantor que se consumia em palco tinha uma voz característica. As suas letras mostravam toda a “raça” do cantor, transposta para os palcos. Aqui fica a composição “Ne me quitte pas”.

Ne me quitte pas

Il faut oublier
Tout peut s'oublier
Qui s'enfuit déjà
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perdu
À savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
À coups de pourquoi
Le coeur du bonheure
Ne me quitte pas


Moi je t'offrirai
Des perles de pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu'après ma mort
Pour couvrir ton corps
D'or et de lumière
Je ferai un domaine
Où l'amour sera roi
Où l'amour sera loi
Où tu seras reine
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

Je t'inventerai
Des mots insensés
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants là
Qui ont vu deux fois
Leurs coeurs s'embrasser
Je te raconterai
L'histoire de ce roi
Mort de n'avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas


On a vu souvent
Rejaillir le feu
De l'ancien volcan
Qu'on croyait trop vieux
Il est paraît-il
Des terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu'un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu'un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s'épousent-ils pas
Ne me quite pas
Ne me quite pas


Je ne veux plus pleurer
Je ne veux plus parler
Je me cacherai là
À te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas

(José Amaral)

sábado, 4 de outubro de 2008

DIA MUNDIAL DO PROFESSOR

A 5 de Outubro celebra-se o Dia Mundial do Professor. Este dia celebra-se desde que a UNESCO resolveu associar esta comemoração à mesma data em que, em 1966, uma conferência intergovernamental, organizada conjuntamente pela UNESCO e pela OIT (Organização Internacional do Trabalho), aprovou uma “Recomendação” respeitante ao estatuto dos professores. A primeira vez que foi assinalada a data foi em 1993, em Genève, com a presença de Federico Mayor, alto responsável da UNESCO. Os professores são mais de 60 milhões em todo o mundo e a UNESCO reconhece que se trata de um grupo profissional fundamental sem o qual “não pode haver nem desenvolvimento durável, nem coesão social, nem paz”.
Para este ano o slogan escolhido é: OS PROFESSORES CONTAM! Esta afirmação relembra o trabalho diário dos professores e educadores na construção de um mundo melhor.


Em Portugal será que os professores são tratados com o respeito merecido? As sondagens dizem que são a classe em quem os portugueses mais confiam, mas os governantes responsáveis pela Educação no nosso país nem sempre os tratam como devem. Vale a pena ler o artigo de José Gil (revista “Visão” – n.º 813 – 2 de Outubro de 2008) sob o título “A domesticação da sociedade”. Como o artigo é um pouco extenso apenas transcrevo o último parágrafo:
«No processo de domesticação da sociedade, a teimosia do primeiro-ministro e da sua ministra da Educação representam muito mais do que simples traços psicológicos. São técnicas terríveis de dominação, de castração e de esmagamento, e de fabricação de subjectividades obedientes. Conviria chamar a este mecanismo tão eficaz, “a desactivação da acção”. É a não-inscrição elevada ao estatuto sofisticado de uma técnica política, à maneira de certos processos psicóticos».

(José Amaral)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

"Instrument de la Paix..."

São Francisco de Assis nasceu em Assis, a 26 de Setembro de 1181 e faleceu a 3 de Outubro de 1226. Frade católico, fundou a "Ordem dos Frades Menores", mais conhecidos como Franciscanos. Foi canonizado em 1228 pela Igreja Católica.
Um dos textos mais conhecidos de S. Francisco é a “Oração de São Francisco”. Aqui fica o texto na sua versão original (Francês) e numa das traduções portuguesas mais conhecidas:


Belle prière à faire pendant la Messe

Seigneur, faites de moi un instrument de votre paix.
Là où il y a de la haine, que je mette l’amour.
Là où il y a l’offense, que je mette le pardon.
Là où il y a la discorde, que je mette l’union.
Là où il y a l’erreur, que je mette la vérité.
Là où il y a le doute, que je mette la foi.
Là où il y a le désespoir, que je mette l’espérance.
Là où il y a les ténèbres, que je mette votre lumière.
Là où il y a la tristesse, que je mette la joie.
Ô Maître, que je ne cherche pas tant à être consolé qu’à consoler, à être compris qu’à comprendre, à être aimé qu’à aimer, car c’est en donnant qu’on reçoit, c’est en s’oubliant qu’on trouve, c’est en pardonnant qu’on est pardonné, c’est en mourant qu’on ressuscite à l’éternelle vie.

(Pintura de El Greco - Imagem retirada da Internet)


(Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz!
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!
Ó Mestre,
fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando, que se recebe.
Perdoando, que se é perdoado e
é morrendo, que se vive para a vida eterna!
Amem.)

(José Amaral)