domingo, 31 de maio de 2009

Dia Mundial da Criança

O Dia Mundial da Criança, oficialmente, é 20 de Novembro, data que a ONU reconhece como Dia Universal das Crianças por ser a data em que foi aprovada a Declaração dos Direitos da Criança. Porém, a data efectiva de comemoração varia de país para país.
Em Portugal, o dia das crianças é festejado em 1 de Junho. Que bom seria que, em todo o mundo, as crianças pudessem ser felizes e pudessem comemorar o dia delas em Paz.


Menino


No colo da mãe
a criança vai e vem
vem e vai
balança.
Nos olhos do pai
nos olhos da mãe
vem e vai
vai e vem
a esperança.

Ao sonhado
futuro
sorri a mãe
sorri o pai.
Maravilhado
o rosto puro
da criança
vai e vem
vem e vai
balança.

De seio a seio
a criança
em seu vogar
ao meio
do colo-berço
balança.

Balança
como o rimar
de um verso
de esperança.
Depois quando
com o tempo
a criança
vem crescendo
vai a esperança
minguando.
E ao acabar-se de vez
fica a exacta medida
da vida
de um português.

Criança
portuguesa
da esperança
na vida
faz certeza
conseguida.
Só nossa vontade
alcança
da esperança
humana realidade.


(Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano")

terça-feira, 26 de maio de 2009

Divinal

Quando pensamos que já lemos tudo, e nada mais nos pode surpreender, surge-nos um livro maravilhoso. É como se tivéssemos levado um murro no estômago.
Li num comentário num blog: «Como ser atropelado por um livro em poucas linhas». Este título ilustra bem o que é esta obra-prima. Trata-se de um livro de Juan José Millás, O Mundo (Editora: Planeta, 174 páginas).
Esta obra ímpar, de um autor que desconhecia, foi galardoada com o “Prémio Planeta 2007” e o “Prémio Nacional da Narrativa 2008”. Mas mesmo que não tivesse ganho nenhum prémio, já seria uma vencedora.
Neste livro tudo nos surpeende, a começar pela epígrafe: «o mundo é a rua da tua infância», que aparece na capa.
Ou uma outra frase que aparece na badana: «Ao princípio era o frio. Quem teve frio em pequeno, terá frio o resto da vida, porque o frio da infância não desaparece nunca».
Poderíamos ficar por aqui, mas era uma injustiça tremenda. Lê-se na contracapa: «Há livros que fazem parte de um plano e livros que, tal como um carro que passa um semáforo encarnado, se atravessam violentamente na nossa existência. Este é um dos que passam o semáforo. Encomendaram-me uma reportagem sobre mim próprio, e por isso comecei a seguir-me para estudar os meus hábitos.(...) Compreendi que a escrita, tal como o bisturi do meu pai, cicatrizava as feridas no mesmo momento em que as abria e descobri por que motivo eu era escritor. Não fui capaz de fazer a reportagem: acabava de ser atropelada por um romance.»
Estamos na presença de um romance autobiográfico de Juan José Millás. Na oficina das traseiras, onde o pai reparava aparelhos de medicina, o pequeno Juanjo assiste aos testes, em bifes de vaca, do bisturi eléctrico inventado pelo progenitor: um instrumento que garantia ao mesmo tempo o golpe preciso e a sua cicatrização imediata.
As cicatrizes dos primeiros anos – da problemática mudança de Valência para Madrid (onde o esperava a pobreza e o frio) ao desatino adolescente que o levou ao seminário – são justamente a matéria-prima deste livro em que Millás se entrega à reinvenção literária da sua vida.
Mais do que um romance, este livro é «um processo metabólico», uma coisa arrancada a ferros lá onde mais dói, um testemunho de quem atravessa o espelho sabendo que está a atravessar o espelho. Millás circula pelos espaços míticos da infância (a rua de Canillas, «espécie de maqueta do mundo» que reencontrará noutros lugares; a casa familiar; o imaginado Bairro dos Mortos) e reelabora vários momentos traumáticos (a relação difícil com a mãe; a perda do amigo Vitaminas; os descalabros amorosos; a dificuldade de deitar as cinzas dos pais ao mar). O Mundo alterna estados delirantes, «frágeis como bolas de sabão», e momentos de uma lucidez implacável.
Se tivesse que rever o meu Top5 dos livros favoritos este entraria directamente. Vale a pena ler! É um crime não ler!


(José Amaral)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

poema


Borboleta



O suave bater
de asas
daquela policromática
mariposa
suaviza o calor
que se faz sentir
naquele quarto
caiado
de branco pobre
onde,
num berço
de madeira carcomida
pelo caruncho,
dorme um bebé
de faces rosadas.


(José Amaral, in "Outonalidades")

segunda-feira, 18 de maio de 2009

No rasto da Literatura

Mais uma sugestão literária. Trata-se de O Rastro do Jaguar (Publicações Dom Quixote, 563 páginas) de Murilo Carvalho. Trata-se do livro vencedor da primeira edição do “Prémio Leya”.
É um livro bastante interessante, com uma narrativa – quanto a mim – um tanto ou quanto “lenta” no início, mas que facilmente nos prende e nos leva até ao fim – um final “veloz”. É uma narrativa que, como diz Manuel Alegre, “combina narrativa histórica e arte poética”.
Vale a pena ler esta interessante obra. Para abrir o apetite, a possíveis leitores, aqui fica a sinopse:
«Estamos no virar do século XIX em Congonhas do Campo. Pereira, um antigo jornalista de origem portuguesa, revisita as suas memórias, que percorrem todo o conturbado período da segunda metade do século. Através do relato da sua viagem, Pereira, que deixara Paris com o seu grande amigo e companheiro Pierre, leva-nos a conhecer o Brasil em guerra com o vizinho Paraguai, no período mais decisivo da sua história. Uma guerra sangrenta que o Brasil trava ao lado da Argentina e do Uruguai e que, para Pereira e Pierre, será o momento decisivo das suas vidas. É também a guerra pelo espaço vital das populações índias que, humilhadas pela acomodação forçada às regras e vivências dos colonos, tentam recuperar a sua Terra Mítica onde o Mal não existe. É ainda a guerra travada por Pierre para se definir a si mesmo: índio, como o seu povo, ou europeu, tal como foi criado? Levado em criança por Auguste de Saint’ Hillaire do Brasil para França, descobre, já adulto, nas feições de dois índios presos, a chave para as suas raízes nunca explicadas. Raízes que vai encontrar nesse cruzamento do Rio da Prata onde brasileiros e paraguaios morrem aos milhares e os índios guarani lutam por uma terra onde possam de novo viver livres e em paz. Da França à Argentina, do Brasil ao Paraguai, do sertão nordestino aos planaltos do Sul do Brasil, Pereira relata-nos de uma forma empolgante e quase cinematográfica as grandes transformações que definiram a América do Sul. Pelo caminho, encontra o amor perfeito e Pierre a pátria a que junto dos seus pode chamar sua.
Baseado em factos verídicos e personagens reais, "O Rastro do Jaguar" é um fresco dos intensos choques culturais e sociais que marcaram o século XIX e a relação dos europeus com as suas antigas colónias agora independentes».

(José Amaral)

domingo, 17 de maio de 2009


calemburgo

Quis beber anis...
só liam a sina;

Quis branca a alma...
mas caiu-me na lama;

Quis ir a uma clínica...
mas caiu-lhe o l e ficou cínica;

O aroma da amora
ou a amora do aroma...
a preto exalado
ou será antes ex alado?


(José Amaral, in "Oráculo Luminar")

Jacarandá



Que a beleza destas flores de jacarandá, ajudem a colorir este cinzento Domingo.

(José Amaral)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Filme angelical ou demoníaco

Ontem, como costuma ser mais ou menos habitual, foi dia de cinema. Desta feita o filme que estreou e que promete ser um sucesso: Anjos & Demónios.
Goste-se ou não da escrita de Dan Brown, chegou ao cinema mais uma adaptação de uma das suas obras, "Anjos e Demónios". O filme descreve os acontecimentos passados na vida de Robert Langdon (Tom Hanks) antes dos acontecimentos que são mostrados em "O Código Da Vinci". Langdon tenta impedir que uma antiga sociedade secreta destrua a Cidade do Vaticano após o estranho assassinato de um físico na Suíça. Este filme realizado por Ron Howard está cheio de acção, suspense e com efeitos especiais bem conseguidos.
Vale a pena ver o filme. Conhece-se muito sucintamente Roma, bem como o Vaticano. Há pequenos pormenores que são deliciosos. O realizador conseguiu um bom trabalho. O filme apresenta-se melhor que o livro.

(José Amaral)

domingo, 10 de maio de 2009

Restolho


RestolhO



Era noite.
Noite de breu medonho.
Acometia a nossa pequeneza.
Caminhávamos, passos periclitantes,
através dos atalhos dos campos.

Atravessámos um restolho.
A lua, alta, começou a vislumbrar-se,
e, foi quando, ao largo,
ressaltou o restolho,
negro, ao luar.

O trigo fora já cortado;
naquele campo – que outrora
fora um mar dourado –
apenas, e só, algumas espigas caídas
deixadas ao abandono,
prenhes de sementes,
esperando que alguma pobre viúva
as viesse recolher em seu regaço,
ou quiçá,
algum animal as transportasse
para servirem
de lauto sustento
aos seus rebentos.

Ao largo do restolho,
do lado direito,
árvores – penso que choupos,
quais guardiões –
demasiado esguias e esbeltas,
estrategicamente posicionadas,
guardavam o seu tesouro.

Os campos cheiravam
a rosmaninhos;
os grilos entoavam
uma melodia monocórdica
que se “espraiava”
ao longo do restolho.

De repente,
um pio, horripilante,
de um mocho
acordou a noite.
Fez-nos avivar o passo
e atravessar, quasi a correr...
...o restolho.


(José Amaral, in "Poder da Díctamo")

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Fantástico

Coisas de cérebro . . Da Universidade de Cambridge

Só pssaoes epsertas cnsoeugem ler itso.
Eu não cnogseui acreidatr que relmanet pidoa etndeer o que etvsaa lndeno. O pdoer fnemoeanl da mntee huamna, de aorcdo com uma psqueisa da Unvireisadde de Cmabrigde, não ipmrota a odrem em que as lteras em uma plavara etsão, a úcina cisoa ipmotratne é que a piremira e a útimla ltreas etseajm no lguar ctreo. O rseto pdoe etasr uma ttaol bnauguça e vcoê adnia pdoreá ler sem perolbmea. Itso pruqoe a mtene haunma não lê cdaa lreta idnvidailuemtne, mas a pvrlaaa cmoo um tdoo. Ipessrinaonte hien? É e eu smrepe pnenesi que slortaerr era ipmorantte! Se vcoê pdoe ler itso pssae aidntae!!



(retirado de um e-mail que recebi)
(José Amaral)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Poema


Orvalhada



Nas vetustas folhas
daquele imberbe
carvalho
luzem
gotas
de orvalho.

Brilham
rebrilham
refulgem
um brilho
a perfume
de rosas brancas.


(José Amaral, in "Outonalidades")

sábado, 2 de maio de 2009

Dia da Mãe

É Noite, Mãe

As folhas já começam a cobrir

o bosque, mãe, do teu outono puro...
São tantas as palavras deste amor
que presas os meus lábios retiveram
pra colocar na tua face, mãe!...


Continuamente o bosque se define
em lividez de pântanos
agora, e aviva sempre mais as desprendidas
folhas que tornam minha dor maior.
No chão do sangue que me deste, humilde
e triste, as beijo. Um dia pra contigo
terei sido cruel: a minha boca,
em cada latejar do vento pelos ramos,
procura, seca, o teu perdão imenso...

É noite, mãe: aguardo, olhos fechados,
que uma qualquer manhã me ressuscite!...

(António Salvado, in "Difícil Passagem")
A todas as mães - àquelas que o são, àquelas que já foram e àquelas que estão para ser - um dia cheio de Amor. Feliz Dia da Mãe!
(José Amaral)

Livros

Mais uma sugestão literária. Desta feita trata-se de um livro de Nina Schuyler, O Quadro (Bizâncio, 332 páginas). Trata-se da história de quatro vidas que se cruzam em pontos distantes do mundo (Japão e França) no ano de 1870. Elas não sabem que há um elo que os une. Mas trata-se, também, da história do cenário de transformações sociais e culturais inerentes ao período Meiji no Japão e à guerra franco-prussiana em França.
A ligação entre as quatro personagens sucede quando Ayoshi, a mulher de Hayashi, um proeminente oleiro e comerciante japonês com uma deformidade nos pés causada por um fogo que matara a sua família quando criança, coloca, secretamente, um quadro por si pintado na caixa de artefactos a enviar para venda em França. Esse quadro, um entre vários que Ayoshi pintara para eternizar o seu amor perdido por Urashi, um Ainu de quem engravidara antes de se casar com Hayashi, revela a intimidade dos amantes e imortaliza esse amor intocável representado de forma comovente e hipnotizante. Quando Jorgen, um mutilado dinamarquês da guerra franco-prussiana e armazenista numa empresa que se dedica ao comércio de produtos raros, abre a caixa e se depara com o quadro que não consta da lista de artigos enviados, apodera-se dele para mais tarde o vender. Natalia, a meia-irmã do dono da empresa, entra no mundo escuro de Jorgen com a sua determinação em salvar a França e alista-se nas fileiras do exército francês, almejando tornar-se uma exímia atiradora.
É um livro que se lê com agrado.

(José Amaral)

Filme

Na quinta-feira à noite foi noite de cinema. O filme, Sinais do Futuro, tinha-me despertado curiosidade, pela ideia. Original, interessante. Em suma a ideia principal do filme era «uma cápsula do tempo era aberta na escola do filho de um professor universitário do MIT. A cápsula esteve fechada durante cinquenta anos. O professor depara-se com um estranho mapa numérico. Descodificado, este mapa mostra profecias assustadoras: são datas de cada uma das maiores catástrofes globais dos últimos 50 anos, como terramotos, incêndios e tsunamis, tudo em perfeita sequência. O problema é que algumas datas estão por vir, e portanto novos desastres para acontecer».
O filme, que conta com a interpretação de Nicolas Cage, até nem se torna disinteressante, mas tem algumas partes dispensáveis, nomeadamente o final. Contudo, vale a pena ver.

(José Amaral)