sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Viva o Novo Ano














O Ano de 2006 está a chegar ao fim e com ele mais uma página do livro da nossa existência se fecha.
Muitos foram os acontecimentos quer a nível nacional quer a nível mundial que deixaram a sua marca neste ano. Guerras, eleições, julgamentos, inundações, apito dourado, casa pia, mundial de futebol, mundial de triatlo, etc, etc... Poderia eleger muitos, mas não o faço, pois, de uma forma ou de outra, todos eles marcaram (pela positiva ou pela negativa) este ano.
Como diz o povo na sua sabedoria popular "Rei morto, rei posto". Não vale a pena ficar a carpir este ano que termina. Agora há que dar loas ao novo ano que se aproxima.
Que o novo ano seja próspero, cheio de saúde e de paz no mundo, são os votos do AD LITTERAM.
VIVA 2007...

(José Amaral)

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

FELIZ NATAL...


Este é o primeiro Natal do AD LITTERAM! Este blog vai fazer umas pequenas férias. Vai aproveitar para festejar o Natal com os seus, procurar fazer a Paz e ser Solidário o quanto puder. Não quer, porém, ir de férias sem desejar a todos - e foram muitos - os que passaram pelo blog um SANTO E FELIZ NATAL. Também a todos os meus amigos e familiares votos sinceros de uma quadra natalícia cheia de coisas boas.
Que este tempo seja altura para parar e para olhar aqueles que, à nossa volta, vivem do frio da rua, da miséria, da pobreza, da guerra e da... solidão.
(José Amaral)

Como se diz

Aqui ficam algumas maneiras de dizer Feliz Natal, em diferentes línguas:

Alemão – Frohe Weihnachten
Castelhano - Feliz Navidad
Eslovaco - Vesele Vianoce
Esloveno - Srecen Bozic
Filipino - Maligayang Pasko
Finlandês - Hauskaa Joulua
Francês - Joyeux Noël
Grego - Eftihismena Christougenna
Hebreu (Israel) - Mo’adim Lesimkha
Hindu (Índia) - Shub Christu Jayanti
Italiano - Buon Natale
Norueguês - Gledelig Jul
Polaco - Boze Narodzenie
Português - Feliz Natal
Romeno - Sarbatori vesele
Russo - Hristos Razdajetsja
Samoês - Manuia Le Kirisimasi
Servo-croata - Sretan Bozic
Sueco - God Jul
Tailandês - Ewadee Pe-e Mai
Turco - Yeni yiliniz kutlu olsun
Ucraniano - Veseloho Vam Rizdva

Está a chegar...


O Natal é a festividade que comemora o nascimento de Jesus Cristo. Segundo os crentes, o nascimento de Jesus Cristo estava já previsto no Antigo Testamento. Era o aparecimento do Messias. A data convencionada para a sua celebração foi o dia 25 de Dezembro, pela Igreja Católica Romana e.
É um acontecimento religioso e socialmente muito importante para as religiões cristãs. É encarado universalmente como o dia consagrado à reunião da Família, à Paz, à Fraternidade e à Solidariedade entre os homens.

(José Amaral)

Solstício de Inverno

Em astronomia, solstício é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge o seu maior afastamento, em latitude, do equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em 21 de Dezembro e em 21 de Junho. O Solstício de Inverno é o momento em que a Terra está naquele ponto da sua órbita onde um dos pólos da Terra está mais afastado do Sol. O solstício de Inverno é o primeiro dia de Inverno.
Hoje é o dia mais curto do ano e hoje começa o Inverno. Embora o frio já se faça sentir há algum tempo, só hoje é que começa o tempo da chuva e do frio.

(José Amaral)

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Bem-Vindo



















Já por várias vezes deixei aqui o convite: Visite Viseu. Nesta época festiva vale mesmo a pena visitar esta bela cidade. As imagens ilustram as belíssimas iluminações que embelezam as ruas da cidade. Não precisa de fazer nenhum esforço para visitar Viseu. Faça-se à estrada, com todos os cuidados, e venha fazer uma visita e deliciar-se com as belezas desta cidade. Bom Natal.

José Amaral

Nunca é Demais


Nunca é demais...
No dia 1 de Dezembro comemorámos o Dia Mundial da Sida. Na Escola Secundária Prof. Dr. Flávio Pinto Resende - Cinfães o dia foi comemorado em grande. Das muitas actividades destaca-se o logotipo e o cordão humanos. Só agora me chegaram fotografias desse dia. Aqui fica uma para que conste e para que a prevenção não fique por um só dia.

José Amaral

sexta-feira, 15 de dezembro de 2006

Conto de Natal

«FELIZMENTE HÁ NATAL»


A todas as crianças de Timor
Lorosae : “Feliz Natal...”


A ilha acordou bocejante. Uma acalmia desértica atravessava a ilha. Era véspera de Natal! As pessoas tinham, contudo, medo de pisar o crocodilo não fosse, espicaçado, rugir qual leão das estepes africanas. A guerra terminara, é vero, mas as pessoas ainda receavam – não fosse o diabo tecê-las – que houvesse um volte-face.
Na rua surgiam, como cogumelos vindos de nenhures, as cabecitas das criancitas; os seus olhos, enormes, pareciam candeias a iluminar uma noite escura e fria. Nas palhotas de colmo, luzes ténues tornavam o ambiente mais acolhedor. De entre todas as palhotas, a da Santíssima Trindade – nome dado àquela família por associação, poisque o pai era José, a mãe Maria e o filho Jesus – sobressaía. À porta um capão de porte imponente, com um esporão que assustava o mais afoito dos destemidos, servia de guarda. No quarto/cozinha/sala o menino, sentado numa manta de retalhos, escrevia uma carta ao Pai-Natal.
O Pai-Natal deste petiz era diferente do dos outros meninos – o vermelho do fato simbolizava o sangue derramado pelos timorenses; o branco das barbas era o símbolo da Paz.
Na sua carta, Jesus, pedia algo simples: “Peço-te, Pai-Natal, que dês um Natal aos meninos timorenses em que as prendas não sejam armas, balas..., em que os foguetes não sejam minas, granadas..., em que os Pais-Natal não sejam tropas vestidas com camuflados”.
O menino ficara na sala, de castigo, já que tinha saído de casa sem autorização de Maria, sua mãe. Naquele tempo era proibido sair de casa, ou melhor, não era aconselhável. O menino, porém, tinha ido buscar um balde de barro.
Após ter terminado a carta iniciou, empenhadamente, uma nova, mas não menos árdua tarefa. Moldava, com o barro, pombas. Foi essa a sua lida durante a noite. Assi, sem que desse por isso, adormeceu paulatinamente.
O dia 25 de Dezembro raiou, estranhamente ao habitual, melodioso. No ar ouvia-se a “Noite Feliz”, o “Adeste Fidelis”... A harmonia percorria a ilha. A vontade do menino nesse dia de Natal era ser o primeiro a testemunhar o nascer do dia. Queria ser o primeiro a gritar, a plenos pulmões: «Gloria in excelsis Deo». O sonho traíra-o. Quando acordou, estremunhado, apercebeu-se que já festejavam o primeiro Natal, em Paz, em Timor Lorosae. Então, pegou nas pombas e multiplicou-as; deu-lhes uma pigmentação esbranquiçada; alfim soprou-lhes nas cabecitas o sopro da vida e, num gesto libertador, deixou-as esvoaçar por sobre o seu País.
O sino repicou! As pessoas, céleres, dirigiram-se para a Igreja para celebrar a Missa da Natividade...


José Amaral


{Este pequeno conto foi publicado no “Jornal de Nisa” – N.º47, Dezembro de 1999}

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Primeira distinção atribuída

Poeta português José Bento vence Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura

O 1º Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura foi hoje atribuído ao poeta e tradutor português José Bento. O anúncio do nome do vencedor foi feito ao início da tarde, em Lisboa e em Madrid, por responsáveis dos respectivos ministérios da Cultura.
Natural de Pardilhó, Aveiro, José Bento, de 74 anos, formou-se em Contabilidade, mas foi na escrita e na tradução que se notabilizou, com destaque para a recente tradução de "D. Quixote de La Mancha", de Cervantes, editado pela Relógio d'Agua.Foi com este trabalho que José Bento recebeu, no ano passado, o Grande Prémio de Tradução do Pen Clube Português, ex-aequo com Miguel Serras Pereira, autor de outra tradução da obra magna de Cervantes.Entre os autores que José Bento traduziu contam-se Federico García Lorca, Pablo Neruda, Unamuno, Juan Ramón Jiménez, Ortega y Gasset, Jorge Luis Borges, María Zambrano, Octavio Paz, Ignacio Martínez de Pisón e Calderón de la Barca. Organizou ainda várias as antologias de poesia espanhola.O prémio anunciado hoje, no valor de 75 mil euros, junta-se a outras distinções atribuídas por Portugal e por Espanha.Em 1991 foi condecorado pelo Rei Juan Carlos de Espanha com a medalha de ouro de Belas Artes e no ano seguinte foi distinguido com a Ordem do Infante D. Henrique pelo então presidente da República Mário Soares.Em 1992 recebeu ainda os prémios Pen Clube Português e D. Dinis da Fundação Casa de Mateus pela obra "Silabário", editado pela Relógio d´Água, que condensa toda a sua obra poética até então.Além de "Silabário" (1992), a sua obra integra outros títulos como "Adagietto" (1990), "Sequência de Bilbau" (1978), ou "Rimas" (1994).O Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura, atribuído hoje pela primeira vez, pretende distinguir "um autor, pensador, criador ou interprete" que tenha "contribuído significativamente para o reforço dos laços entre os dois países".Este ano, o júri foi composto por seis personalidades: José Saramago, Álvaro Siza Vieira e José Adriano de Carvalho (indicadas por Portugal) e Clara Janês, José Luís Borao e Carlos Hernandéz Pezzi (indicadas por Espanha).José Bento manifestou-se satisfeito com a distinção, mas disse que o galardão, não irá alterar a sua vida. "Vou continuar a trabalhar. Há tanta coisa que gostaria ainda de traduzir", disse.

in “Público” 11DEZ06 (edição online)

Está a chegar

Natal

Leio o teu nome

Na página da noite:
Menino Deus... E fico a meditar
No milagre dobrado
De ser Deus e menino.
Em Deus não acredito.
Mas de ti como posso duvidar?
Todos os dias nascem
Meninos pobres em currais de gado.
Crianças que são ânsias alargadas
De horizontes pequenos,
Humanas alvoradas...
A divindade é o menos.


Miguel Torga


Poema de Natal

Para isso fomos feitos:

Para lembrar e ser lembrados

Para chorar e fazer chorar

Para enterrar os nossos mortos

—Por isso temos braços longos para os adeuses

Mãos para colher o que foi dado

Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:

Uma tarde sempre a esquecer

Uma estrela a se apagar na treva

Um caminho entre dois túmulos

—Por isso precisamos velar

Falar baixo, pisar leve, ver

A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:

Uma canção sobre um berço

Um verso, talvez de amor

Uma prece por quem se vai

—Mas que essa hora não esqueça

E por ela os nossos corações

Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:

Para a esperança no milagre

Para a participação da poesia

Para ver a face da morte

—De repente nunca mais esperaremos...

Hoje a noite é jovem; da morte, apenas

Nascemos, imensamente.


Vinicius de Moraes

domingo, 10 de dezembro de 2006

Feira do Livro & Multimédia - Livraria ABC

Hoje 10 de Dezembro, dia da Declaração Universal dos Direitos do Homem, tive a oportunidade de participar numa sessão de autógrafos em Santa Maria da Feira, para promover o meu livro “Outonalidades”.
A convite da Papiro Editora participei na Feira do Livro & Multimédia (que já vai na décima edição) promovida pela Livraria ABC – do simpático Artur Dias – no Orfeão de Santa Maria da Feira. Esta feira começou a 25 de Novembro e prolonga-se até 24 de Dezembro. De entre as novidades destaca-se o encontro com autores convidados. Saliente-se que todos os livros estão à venda com um desconto de 20%.
No belo espaço do Orfeão e com a simpatia dos promotores da Feira foi possível ver muitas pessoas a comprarem alguns livros.
Tive o grato prazer de autografar os livros antes de um outro autor da Papiro, Enrico-Maria Parodi, que também autografou o seu livro “Onde Mora o destino” e a quem desejo os maiores sucessos.
Faço votos para que a Feira corra bem aos promotores, na pessoa do Artur Dias, e aproveito para deixar aqui o endereço do sítio da sua livraria:
http://www.livrariaabc.com/contactos.php. Faça uma visita, vai ver que não se arrepende.
Presente também, como visitante, esteve um artista plástico - Armando Rosendo - que tem obra exposta no Centro Comercial Brasília. Com uma afabilidade respeitável deixou-me o seu cartão de visita. Nele tinha o endereço da sua página na net (http://www.armandorosendo.com/) onde pude deslumbrar-me com a sua obra. Parabéns amigo Armando.

(José Amaral)

sábado, 9 de dezembro de 2006

É Já Amanhã

No dia 10 de Dezembro de 1948, no Palácio Chaillot, em Paris, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) votou a Declaração Universal dos Direitos do Homem.
O texto de trinta artigos, nota-se que foi visivelmente decalcado na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamado em Versalhes pelos revolucionários de 1789 e que serviria de exórdio à Constituição Francesa de 1791. Neste texto asseguravam-se a liberdade e igualdade de direitos, a equidade perante a lei, a condenação de detenções arbitrárias, a presunção da inocência até à prova em contrário, a liberdade de expressão e pensamento, a igualdade entre o homem e a mulher, liberdade de culto, de reunião e de associação, acrescendo pioneiramente regalias várias de carácter social.
Após duas ferozes carnificinas com milhões de mortos e brutais destruições – de 1914 a 1918 (I Guerra mundial) e de 1939 a 1945 (II Guerra mundial) – fracassada a Sociedade das Nações, foi tempo de erguer uma nova ordem internacional.
Mas passados cinquenta e oito anos, a tortura, a prisão e a morte pelos chamados delitos de opinião, o racismo e outras formas de exclusão permanecem como algumas das não erradicadas pragas.
Para aqueles que assim o desejarem aqui deixo o endereço de dois sítios que podem ser consultados:
http://www.amnistia-internacional.pt/ e http://afilosofia.no.sapo.pt/DirHumanos.htm

(José Amaral)

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Feriado

A Imaculada Conceição é uma festa litúrgica, da Igreja Católica, que se celebra a 8 de Dezembro.
Esta festa surge fruto de um dogma da Igreja que foi definido no século XIX, após longa história de reflexão e de amadurecimento. Maria é imaculada, pois nasceu sem mácula.
Imaculada Conceição de Maria significa que a Virgem Maria foi preservada do pecado original desde o primeiro instante de sua existência. Nasceu na zona da Palestina. Maria era filha de São Joaquim e de Santa Ana.
A maternidade divina de Maria é base e origem de sua Imaculada Conceição. A razão de Maria ser preservada do pecado original reside em sua vocação: ser Mãe de Jesus Cristo, o Filho de Deus que assumiu a natureza humana.

(José Amaral)

Perdidamente

Florbela Espanca, baptizada com o nome Flor Bela de Alma da Conceição nasceu em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894 e morreu em Matosinhos, a 8 de Dezembro de 1930. Registe-se a particularidade de ter nascido e morrido no mesmo dia.
Poetisa portuguesa, foi precursora do movimento feminista em Portugal. A sua vida foi tumultuada, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade.
Em 1903 Florbela Espanca escreveu a primeira poesia de que temos conhecimento, A Vida e a Morte. Casou-se no dia de seu aniversário em 1913, com Alberto Moutinho.
Sofreu um aborto involuntário em 1919, ano em que publicaria o Livro de Mágoas. É nessa época que Florbela começa a apresentar sintomas mais sérios de desequilíbrio mental. Em 1921 separou-se de Alberto Moutinho, passando a encarar o preconceito social decorrente disso. No ano seguinte casou-se pela segunda vez, com António Guimarães.
O Livro de Sóror Saudade é publicado em 1923. Florbela sofreu novo aborto, e seu marido pediu o divórcio. Em 1925 casou-se pela terceira vez, com Mário Lage. A morte do irmão, Apeles (num acidente de avião), abala-a gravemente e inspira-a para a escrita de As Máscaras do Destino.
Tentou o suicídio por duas vezes em Outubro e Novembro de 1930, às vésperas da publicação de sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-se no dia do seu aniversário, 8 de Dezembro de 1930. Charneca em Flor viria a ser publicado em Janeiro de 1931.


(Texto adaptado – Wikipédia)



Florbela Espanca escreveu um soneto que ficou conhecido, depois de os Trovante (grupo musical português) o terem musicado. Todos nós já traulitámos esta música, muitos talvez sem saberem quem é a autora da letra. Aqui fica o poema de Florbela Espanca:


Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Joaquim Soeiro Pereira Gomes nasceu em Gestaçô (concelho de Baião), a 14 de Abril de 1909 (um irmão meu nasceu no mesmo dia, mas não no mesmo ano) e faleceu em Lisboa, a 5 de Dezembro de 1949. Foi um dos maiores nomes do neo-realismo literário em Portugal. A sua obra revela uma sensibilidade social muito grande, que se reflectiu no seu trabalho, onde está sempre presente a denúncia das desigualdades e das injustiças.
Soeiro era filho de agricultores e decidiu estudar na Escola de Agronomia em Coimbra, onde tirou o curso de Regente Agrícola. Concluído o curso viajou para Angola onde trabalhou por mais de um ano. Quando regressou a Portugal, estabeleceu-se em Alhandra como empregado administrativo na fábrica de cimentos.
O facto de ser escritor é que o tornou conhecido, sendo considerado o nome maior do realismo socialista em Portugal.
Entre os seus trabalhos conta-se a obra “Esteiros”, publicada em 1941, considerada a sua obra-prima, ilustrada na sua primeira edição por Álvaro Cunhal, secretário-geral do PCP, e dedicada "aos filhos dos homens que nunca foram meninos". É uma obra de profunda denúncia da injustiça e da miséria social, que conta a história de um grupo de crianças que desde cedo abandona a escola para trabalhar numa fábrica de tijolos.

(Texto adaptado)

Esta obra, em tudo actual, revela-nos essa faceta triste das crianças que nunca tiveram oportunidade em sê-lo. Também hoje muitas crianças, talvez por outros motivos, abandonam a escola, mas infelizmente – na maioria dos casos – enveredam por outros caminhos. Naquela altura as crianças queriam andar na escola e não podiam, hoje encontram na sociedade outros atractivos que as afastam do lugar do saber. É pena!

José Amaral

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Foi há 26 anos

Francisco Manuel Lumbrales de Sá Carneiro nasceu no Porto, a 19 de Julho de 1934 e faleceu em Camarate, a 4 de Dezembro de 1980. Fundador e líder do Partido Popular Democrático / Partido Social-Democrata, e ainda primeiro-ministro de Portugal, durante cerca de onze meses, no ano de 1980.
Sá carneiro era Advogado de profissão e foi eleito pelas listas da Acção Nacional Popular, o partido único do regime salazarista, para a Assembleia Nacional, o parlamento fantoche do regime, convertendo-se em líder da Ala Liberal, onde desenvolveu diversas iniciativas tendentes à gradual transformação da ditadura numa democracia típica da Europa Ocidental. Colaborou com Mota Amaral na elaboração de um projecto de revisão constitucional, apresentado em 1970. Não tendo alcançado os objectivos aos quais se propusera, viria a resignar ao cargo de deputado com outros membros da Ala Liberal, entre os quais Francisco Pinto Balsemão.
Em Maio de 1974, após a Revolução dos Cravos, Sá Carneiro fundou o Partido Popular Democrata (PPD), entretanto redesignado Partido Social-Democrata (PSD), juntamente com Francisco Pinto Balsemão e José Magalhães Mota. Torna-se o primeiro Secretário-Geral do novo partido.
Em finais de 1979, criou a Aliança Democrática, uma coligação entre o seu PPD/PSD, o Centro Democrático Social-Partido Popular de Diogo Freitas do Amaral, o Partido Popular Monárquico de Gonçalo Ribeiro-Telles, e alguns independentes). A coligação vence as eleições legislativas desse ano com maioria absoluta. Dispondo de uma ampla maioria a apoiá-lo (a maior coligação governamental até então desde o 25 de Abril), foi chamado pelo Presidente da República Ramalho Eanes para liderar o novo executivo, tendo sido nomeado Primeiro-Ministro a 3 de Janeiro de 1980, sucedendo assim a Maria de Lurdes Pintasilgo.
Francisco Sá Carneiro faleceu na noite de 4 de Dezembro de 1980, em circunstâncias trágicas e nunca completamente esclarecidas, quando o avião no qual seguia se despenhou em Camarate, pouco depois da descolagem do aeroporto de Lisboa, quando se dirigia ao Porto para participar num comício de apoio ao candidato presidencial da coligação, o General António Soares Carneiro. Juntamente com ele faleceu o Ministro da Defesa, o democrata-cristão Adelino Amaro da Costa, bem como a sua companheira Snu Abecassis, para além de assessores, piloto e co-piloto.
Nesse mesmo dia, Sá Carneiro gravara uma mensagem de tempo de antena onde exortava ao voto no candidato apoiado pela AD, ameaçando mesmo demitir-se caso Soares Carneiro perdesse as eleições (o que viria de facto a suceder três dias mais tarde, sendo assim o General Eanes reeleito para o seu segundo mandato presidencial). Dada a sua trágica morte, pode-se muito bem especular sobre se teria ou não demitido em função dos acontecimentos subsequentes...
Vinte e cinco anos depois dos acontecimentos, contudo, continuam-se a existir duas teses relativas à sua morte: a de acidente (eventualmente motivado por negligência na manutenção de um avião que não era novo), ou a de atentado (nesse último caso, desconhecendo-se quem o perpetrara e contra quem teria sido ao certo - Sá Carneiro ou Amaro da Costa).

(in wikipédia, texto adaptado)

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Dia Mundial da SIDA

A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida é conhecida nos países de língua oficial portuguesa pelo acrónimo SIDA; no Brasil usa-se a sigla inglesa AIDS.A sida é o conjunto de sintomas e infecções em seres humanos resultantes do dano específico do sistema imunológico ocasionado pelo Vírus da imunodeficiência humana (VIH, ou HIV segundo a terminologia anglo-saxónica).
Existem tratamentos para a SIDA/AIDS e o HIV que diminuem a progressão viral, mas não há nenhuma cura conhecida.
Por mais campanhas que se façam este flagelo continua a ganhar terreno. Todas as campanhas preventivas são insuficientes, caso os homens não se mentalizem dos riscos que correm.
Também o AD LITTERAM se junta às comemorações do Dia Mundial da Sida (1 de Dezembro) com dois poemas. O primeiro em Português e da minha autoria (in Oráculo Luminar) e o segundo da autoria de Barbara «Châtelet 87», em Francês.


(José Amaral)


herói



A Nkosi Johson
(1989-2001)



Tu,
ícone da luta
pela vida
és um HERÓI
de carne e osso.



Quando em 1989
nasceste,
já seropositivo,
o teu destino
estava em ti gravado
com uma crueldade
tamanha
que te levava a odiar
a doença que tinhas:
a Sida.


Tu,
que sobreviveste
muito mais

do que pensávamos,
eras o símbolo
da luta
contra esse flagelo
mortal e desumano.


Eras tu,
que com tuas ténues palavras
dizias ser
“um rapaz com muita sorte”.
Eras tu,
que recebido
por presidentes,
que falando

em qualquer palco,
servias de esperança
a tantos meninos
como tu.


Mas,
quis o destino
- ou terá sido o próprio
Deus? –
que no dia 1 de Junho de 2001
(que outro dia poderia ser
que não este:
Dia Mundial da Criança)
o teu coração

parasse de bater.


Morreste em paz,
no teu sono sossegado.


O mundo jamais
te esquecerá,
a ti,
meu pequeno-grande herói
Nkosi Johson.


Obrigado!!!



Sid’amour à mort


Si s’aimer d’amour
C’est mourir d’aimer
Sont mourus d’amour
Sida-sidamnés
Les damnés d’amour
A mourir d’aimer
Ils sont morts d’amour
D’amour-sidamné
O sida-sida
Danger-sida
O sida sida-sid’amour à mort
O sid’assassin
Recherché
Sida mis amour à mort.


Mon amour malade
Ma douleur d’aimer
Mon damné-d’amour
Sida-sidamné
A vouloir t’aimer
D’amour à mourir
Sid’assassiné
O sida sida
Comme le furet
Passe par ici
Repasse par là
O sid’assassin
Recherche
Qui a mis l’amour à mort.


On rêvait d’amour
A mourir d’aimer
Et l’on meurt d’amour
D’amour sidamné
Maladie d’amour
Où l’on meurt d’aimer
Seul et sans amour
Sid’abandonné.


Si s’aimer d’amour
C’est mourir d’aimer
Sont mourus d’amour
Seuls et sidamnés
Les damnés d’amour
A mourir d’aimer
Ils sont morts d’amour
Sid’assassinés.
















quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Natal...

“Um Centro de Acolhimento Temporário (CAT) para crianças em risco. Estas, vítimas de abandono, maus-tratos e negligência, são retiradas das famílias de origem e entregues a instituições. O Céu Aberto quer acolher estas crianças, proporcionando um ambiente familiar e saudável, trabalhando as suas potencialidades, assim como os seus traumas, permitindo abrir-lhes perspectivas de um futuro mais feliz”. (in http://www.ceuaberto.iol.pt/natal2006/).Vale a pena visitar este sítio e ler na íntegra todo o projecto e os objectivos gerais.
O Natal não é para todos! Há muitos meninos que não têm direito ao Natal. Muitos são os motivos: fome, pobreza, abandono, guerra… E nem sempre nós nos lembramos deles. Este projecto merece ser divulgado e se todos contribuíssemos com um pouquinho, não custava nada.
(José Amaral)

domingo, 26 de novembro de 2006

Seja responsável. Beba com moderação.


De 1 a 3 de Dezembro de 2006 - entre as 15 e as 20 horas - no Solar do Vinho do Dão, em Viseu (no Fontelo), vai realizar-se mais uma edição do acontecimento vínico e gastronómico "Dão - Vinhos & Sabores", organizado pela Comissão Vitivinícola Regional do Dão e Essência do Vinho.
Mais um motivo para visitar a bela cidade de Viseu e desfrutar das suas paisagens e iguarias.


(José Amaral)

Poema de Cesariny

A um rato morto encontrado num parque

Este findou aqui sua vasta carreira
de rato vivo e escuro ante as constelações
a sua pequena medida não humilha
senão aqueles que tudo querem imenso
e só sabem pensar em termos de homem ou árvore
pois decerto este rato destinou como soube (e até como não soube)
o milagre das patas - tão junto ao focinho! -
que afinal estavam justas, servindo muito bem
para agatanhar, fugir, segurar o alimento, voltar
atrás de repente, quando necessário
Está pois tudo certo, ó "Deus dos cemitérios pequenos"?
Mas quem sabe quem sabe quando há engano
nos escritórios do inferno? Quem poderá dizer
que não era para príncipe ou julgador de povos
o ímpeto primeiro desta criação
irrisória para o mundo - com mundo nela?
Tantas preocupações às donas de casa - e aos médicos -
ele dava!
Como brincar ao bem e ao mal se estes nos faltam?
Algum rapazola entendeu sua esta vida tão ímpar
e passou nela a roda com que se amam
olhos nos olhos - vítima e carrasco
Não tinha amigos? Enganava os pais?
Ia por ali fora, minúsculo corpo divertido
e agora parado, aquoso, cheira mal.
Sem abuso
que final há-de dar-se a este poema?
Romântico? Clássico? Regionalista?
Como acabar com um corpo corajoso e humílimo
morto em pleno exercício da sua lira?


Mário Cesariny

Morreu Mário Cesariny

Mário Cesariny: artista multifacetado

Foi o principal representante do Surrealismo português

Mário Cesariny de Vasconcelos, poeta e pintor que morreu hoje em Lisboa, aos 83 anos, foi o principal representante do Surrealismo português, um homem irónico e controverso que dispensava aplausos e homenagens, escreve a Lusa.

Nascido em Lisboa a 9 de Agosto de 1923, de pai beirão, negociante de jóias, e mãe castelhana, professora de francês, resolveu, a partir de certa altura, prescindir do apelido paterno e ultimamente gostava de acrescentar a Cesariny o Rossi dos seus antepassados.

Estudou no Liceu Gil Vicente, frequentou o primeiro ano de Arquitectura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (ESBAL) e mudou depois para a Escola de Artes Decorativas António Arroio, tendo igualmente estudado música com o compositor Fernando Lopes Graça.

Durante o período em que viveu em Paris, em 1947, frequentou a Academia de La Grande Chaumière.

Na capital francesa, conheceu o fundador do movimento surrealista francês André Breton, cuja influência o levou a integrar no mesmo ano, embora à distância, o Grupo Surrealista de Lisboa, formado por António Pedro, José-Augusto França, Cândido Costa Pinto, Marcelino Vespeira, João Moniz Pereira e Alexandre O’Neill.

Este grupo surgiu com o objectivo de protestar contra o regime político vigente em Portugal e contra o neo-realismo, mas houve cisões e Cesariny saiu, fundando mais tarde o «anti-grupo» «Os Surrealistas», com Henrique Risques Pereira, António Maria Lisboa, Fernando José Francisco, Carlos Eurico da Costa, Mário-Henrique Leiria, Artur do Cruzeiro Seixas e Pedro Oom, entre outros.

Em 1949, redigiu, com o grupo, o seu manifesto colectivo, «A Afixação Proibida» e promoveu as sessões «O Surrealismo e o seu Público em 1949» e a I Exposição dos Surrealistas.

Nas suas obras, adoptava uma atitude estética caracterizada pela constante experimentação e praticou uma técnica de escrita e de pintura muito divulgada entre os surrealistas, designada como «cadáver esquisito», que consistia na elaboração de uma obra por três ou quatro pessoas, num processo em cadeia criativa, em que cada um dava seguimento, em tempo real, à criatividade do anterior, conhecendo apenas uma parte do que aquele fizera.

Da sua extensa obra literária, destaca-se o seu trabalho de antologista, compilador e historiador (polémico) das actividades surrealistas em Portugal, sendo também a sua obra poética considerada um dos mais ricos e complexos contributos para a história da poesia portuguesa contemporânea.


in Portugal Diário (edição online) 26NOV06

sábado, 25 de novembro de 2006

"Très chique..."

José Maria Eça de Queiroz nasceu na Póvoa de Varzim, numa casa da Praça do Almada, a 25 de Novembro de 1845 e faleceu em Paris a 16 de Agosto de 1900. Era filho de José Maria Teixeira de Queirós e Carolina Augusta Pereira d’Eça (embora seja registado como filho de mãe incógnita). Para muitos é o maior escritor realista português do século XIX.

Com 16 anos foi para Coimbra estudar Direito, tendo aí sido amigo de Antero de Quental e de Teófilo Braga. No final do ano de 1867 forma-se o Cenáculo, contando-se Eça de Queirós entre os primeiros membros; dele farão parte Salomão Saragga, Jaime Batalha Reis, Augusto Fuschini, Ramalho Ortigão, Oliveira Martins, José Fontana, entre outros. Em 1869 e 1870, Eça de Queirós viajou ao Egipto, na companhia do Conde de Resende, e visitou o canal do Suez que estava sendo construído, o que inspirou diversos de seus trabalhos. Em 1871 foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.

Em 1886 casa-se com Emília de Castro Pamplona (Resende), no oratório particular da Quinta de Santo Ovídio no Porto.

Quando foi despachado mais tarde para Leiria para trabalhar como um administrador municipal, escreveu a sua primeira novela realista da vida portuguesa, O Crime do Padre Amaro. Aparentemente, Eça de Queirós passou os anos mais produtivos de sua vida em Inglaterra, como cônsul de Portugal em Newcastle e em Bristol. Os seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente 20 línguas.

Eça de Queirós morre após prolongada doença a 16 de Agosto, em Neully (França). Em Setembro, o corpo é trasladado para Portugal, realizando-se os funerais para o cemitério do Alto de S. João em Lisboa.

A obra de Eça é extensíssima e destaco alguns dos seus títulos mais conhecidos. Estes que aqui apresento já os li todos, também por isso os referencio, embora haja muitos outros tão ou mais conhecidos que estes.

A Cidade e as Serras

A Ilustre Casa de Ramires

A Relíquia

A Tragédia da Rua das Flores

As Farpas

Contos (A Aia, O Tesouro...)

O Conde d'Abranhos

O Crime do Padre Amaro

O Primo Basílio

Os Maias

Prosas Bárbaras

Quando estive em Resende a leccionar tive oportunidade de visitar a Fundação Eça de Queirós (eis o endereço da fundação http://www.feq.pt/). Penso que merece uma visita, pois é um lugar calmo e agradável e de grande simbolismo para que lê a obra de Eça. Fica em Tormes, no concelho de Baião. Ao chegarmos à fundação reportam-nos à memória algumas passagens das obras de Eça.

Com As Farpas, Eça (e Ramalho Ortigão) pretendia fazer crítica de costumes e analisar a sociedade portuguesa da época, interessado não no riso fácil e inconsequente, mas mais na reforma de instituições em crise. Pela sua caricatura da sociedade da época — que em muitos aspectos se mantém ainda hoje actual — e pelo seu humor, As Farpas são páginas importantes da nossa literatura.

(José Amaral)

Princesa da Beira































Há já muito tempo que não publico nada sobre Viseu, mas como está a aproximar-se a época natalícia aqui ficam algumas imagens desta bela cidade. O convite fica feito...
(José Amaral)

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

Eles não sabem...

Rómulo Vasco da Gama de Carvalho, que passaria a utilizar o pseudónimo de António Gedeão, nasceu em Lisboa a 24 de Novembro de 1906, num ambiente familiar marcado pela figura materna, cuja influência foi decisiva para a sua vida. Poucos meses após ter celebrado o 90º aniversário faleceu em 19 de Fevereiro de 1997.

A mãe tinha como grande paixão a literatura – apesar de ter apenas a instrução primária – sentimento que transmitiu ao filho. É assim que Rómulo toma contacto com nomes como Camões, Camilo, Cesário Verde. Rómulo revela-se uma criança precoce e aos cinco anos escreve os primeiros poemas e aos 10 decide completar “Os Lusíadas” de Camões. Aliado a este interesse pela poesia descobre, quando entra para o liceu Gil Vicente, o gosto pelas ciências. Rómulo sentia-se atraído pelas ciências e fez a escolha da área das ciências, apesar de não ter sido fácil. Na Faculdade de Ciências do porto, Rómulo cursa Ciências Físico-Químicas. Fica assim adiada a poesia para mais tarde, quando “adoptar” o nome de António Gedeão. Em 1932 começa a sua actividade principal como professor e pedagogo. Era um professor exigente (leiam-se as suas palavras “ser professor tem de ser uma paixão – pode ser uma paixão fria mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação”).

Apesar da sua intensa actividade profissional Rómulo de Carvalho não esquece a arte das palavras e continua a escrever poesia. Achando que a sua poesia não tem qualidade nada publica. Só em 1956 publicou o primeiro livro de poesia. “Movimento Perpétuo”. Mas como surge com o pseudónimo de António Gedeão, Rómulo de Carvalho permanece no anonimato. O livro é bem recebido pela crítica e Gedeão continua a escrever. A sua obra é enigmática. Surge tardiamente (aos 50 anos) e não se enquadra em qualquer movimento literário.

A sua poesia é uma simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, a vida e o sonho, a lucidez e a esperança. A sua poesia marca uma geração reprimida por um regime ditatorial que acredita que, pelo sonho, poderá alcançar o caminho da liberdade. Depois de 40 anos de ensino (pela falta de autoridade e pela desorganização do ensino em Portugal, pós 25 de Abril) Rómulo de Carvalho decide reformar-se. Dedica-se à investigação e à publicação poética.

A sua obra poética é extensa. Os seus poemas são conhecidíssimos. Quem nunca ouviu “Homem”, “Pedra Filosofal”, “Calçada de Carriche”, “Poema do homem-rã”, “Lágrima de Preta” (já aqui publicado), “Poema da auto-estrada” (qual Lianor camoniana), “Poema do fecho éclair”. Estes, e muitos outros belíssimos poemas de Rómulo/António/Carvalho/Gedeão, podemos encontrá-los no livro “Poemas Escolhidos”, uma antologia organizada pelo autor.

Nesta singela homenagem a António Gedeão deixo-vos dois dos seus poemas. O primeiro porque me fascina o ritmo, a cadência e a musicalidade dos versos e o segundo por ser uma “imitação” muito humorística.

(José Amaral)



CALÇADA DE CARRICHE



Luísa sobe,

sobe a calçada,

sobe e não pode

que vai cansada.

Sobe, Luísa,

Luísa sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.


Saiu de casa

de madrugada;

regressa a casa

é já noite fechada.

Na mão grosseira,

de pele queimada,

leva a lancheira

desengonçada.

Anda Luísa,

Luísa sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.


Luísa é nova,

desenxovalhada,

tem perna gorda,

bem torneada.

Ferve-lhe o sangue

de afogueada;

saltam-lhe os peitos

na caminhada.

Anda Luísa, Luísa sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.


Passam magalas,

rapaziada,

palpam-lhe as coxas,

não dá por nada.

Anda Luísa,

Luísa sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.


Chegou a casa

não disse nada.

Pegou na filha,

deu-lhe a mamada;

bebeu da sopa

numa golada;

lavou a loiça,

varreu a escada;

deu jeito à casa

desarranjada;

coseu a roupa

já remendada;

despiu-se à pressa,

desinteressada;

caiu na cama

de uma assentada;

chegou o homem,

viu-a deitada;

serviu-se dela,

não deu por nada.

Anda Luísa,

Luísa sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.


Na manhã débil,

sem alvorada,

salta da cama,

desembestada;

puxa da filha,

dá-lhe a mamada;

veste-se à pressa,

desengonçada;

anda, ciranda,

desaustinada;

range o soalho

a cada passada;

salta para a rua,

corre açodada,

galga o passeio,

desce a calçada,

chega à oficina

à hora marcada,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga;

toca a sineta

na hora aprazada,

corre à cantina,

volta à toada,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga,

puxa que puxa,

larga que larga.

Regressa a casa

é já noite fechada.

Luísa arqueja

pela calçada.

Anda Luísa,

Luísa sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada,

sobe que sobe,

sobe a calçada.

Anda Luísa,

Luísa sobe,

sobe que sobe,

sobe a calçada.


POEMA DA AUTO-ESTRADA


Voando vai para a praia

Leonor na estrada preta.

Vai na brasa, de lambreta.


Leva calções de pirata,

vermelho de alizarina,

modelando a coxa fina

de impaciente nervura.

Como guache lustroso,

amarelo de indantreno,

blusinha de terileno

desfraldada na cintura.


Fuge, fuge, Leonoreta.

Vai na brasa, de lambreta.

Agarrada ao companheiro

na volúpia da escapada

pincha no banco traseiro

em cada volta da estrada.

Grita de medo fingido,

que o receio não é com ela,

mas por amor e cautela

abraça-o pela cintura.

Vai ditosa, e bem segura.


Como um rasgão na paisagem

corta a lambreta afiada,

engole as bermas da estrada

e a rumorosa folhagem.

Urrando, estremece a terra,

bramir de rinoceronte,

enfia pelo horizonte

como um punhal que se enterra.

Tudo foge à sua volta,

o céu, as nuvens, as casas,

e com os bramidos que solta

lembra um demónio com asas.


Na confusão dos sentidos

já nem percebe, Leonor,

se o que lhe chega aos ouvidos

são ecos de amor perdidos

se os rugidos do motor.


Fuge, fuge, Leonoreta.

Vai na brasa, de lambreta.


quinta-feira, 23 de novembro de 2006

JFK


John Fitzgerald Kennedy nasceu em Brooklin, Massachusetts, a 29 de Maio de 1917 e morreu assassinado em Dallas a 22 de Novembro de 1963. Foi o 35° presidente dos E.U.A. (1961 – 1963).

É interessante constatar que entre J.F.K. e Lincoln (16º presidente dos E.U.A.) há muitas coincidências:

John Kennedy foi eleito para o Congresso norte-americano em 1946. Lincoln, em 1846.

Kennedy foi eleito presidente em 1960. Lincoln, em 1860;

A secretária de Kennedy tinha o sobrenome Lincoln, e vice-versa;

As secretárias de Kennedy e Lincoln tiveram pressentimentos das mortes de seus chefes;

Ambos os sucessores tinham o sobrenome Johnson. Andrew, que sucedera a Lincoln, nasceu em 1808. Lyndon, que ocupou o cargo com a morte de Kennedy, nascera em 1908;

Ambos os assassinos eram racistas declarados e foram mortos antes de seus julgamentos;

John Wilkes Booth, que matou Lincoln, nasceu em 1839. Lee Harvey Oswald, algoz de Kennedy, em 1939;

Booth atirou em Lincoln num teatro e foi preso num depósito. Oswald disparou contra Kennedy de um depósito e foi preso num teatro.

Ambos os sobrenomes têm sete letras.

(José Amaral)

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Violência Escolar

Esta manhã estava em casa e liguei a televisão na “Sic Notícias”. O tema em debate era a violência nas escolas, nomeadamente entre alunos. Há um termo em inglês muito em voga, o bullying, utilizado para descrever actos de violência física ou psicológica, na sua grande maioria intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou grupo de indivíduos com o objectivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz de se defender.
O comportamento dos agressores é agressivo e negativo, executado repetidamente e ocorre num relacionamento onde há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. Devemos, ainda, dividir este fenómeno em: directo (mais comum entre agressores masculinos) e indirecto (recusa em socializar com a vítima, criticar o modo de vestir…).
O bullying pode ocorrer em muitas situações: escolas, local de trabalho, vizinhos… Mas o que me preocupa é este fenómeno nas escolas. Vai-se vendo nas escola, e vai-se lendo nos jornais, alguns casos de intimidação e humilhação para
atormentar os outros.
Este fenómeno é uma “bola de neve” que deve ser parada. Quem sofre de violência física ou psicológica pode entrar em depressão, tornar-se também agressor, sofrer de ansiedade, perda de auto-estima, medo de expressar emoções e em casos extremos o suicídio (também conhecido por bullycídio).
Na escola o aluno agredido pode querer fugir da escola, desrespeitar os professores, nível elevado de faltas, queda de produtividade entre muitos outros efeitos.
O fenómeno existe e está identificado. Não podemos olhar para ele e achar que é normal, que são “brincadeiras de pequenos”. É preciso fazer alguma coisa e neste particular não é só a escola que deve actuar. Os pais e encarregados de educação devem também ter um papel importante. Mas, é do “alto” que deve vir a primeira medida. O Ministério da Educação não pode demitir-se das suas funções. Não é só alterar o ECD que resolve os problemas da educação é preciso assumir erros e falhas noutros campos e corrigi-los. Se educar é promover o desenvolvimento harmónico do homem nos seus aspectos intelectual, moral e físico e a sua inserção na sociedade, não podemos cruzar os braços e achar que isto é normal.

(José Amaral)

domingo, 19 de novembro de 2006


A Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou no dia 20 de Novembro de 1989 a “Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança”. Passados todos estes anos há, ainda, muitas crianças que nunca ouviram falar em direitos. Há, igualmente, muitos governantes que já ouviram falar nesses direitos, mas fizeram “ouvidos de mercador”. Para que não sejam esquecidos aqui ficam os DIREITOS DAS CRIANÇAS:

1- A criança deve ter condições para se desenvolver física, mental, moral, espiritual e socialmente, com liberdade e dignidade.

2- A criança tem direito a um nome e uma nacionalidade, desde o seu nascimento.

3- A criança tem direito à alimentação, lazer, moradia e serviços médicos adequados.

4- A criança deve crescer amparada pelos pais e sob sua responsabilidade, num ambiente de afecto e de segurança.

5- A criança prejudicada física ou mentalmente deve receber tratamento, educação e cuidados especiais.

6- A criança tem direito a educação gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares.

7- A criança, em todas as circunstâncias, deve estar entre os primeiros a receber protecção e socorro.

8- A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono e exploração. Não deverá trabalhar antes de uma idade adequada.

9- As crianças devem ser protegidas contra prática de discriminação racial, religiosa, ou de qualquer índole.

10- A criança deve ser educada num espírito de compreensão, tolerância, amizade, fraternidade e paz entre os povos.

(José Amaral)

sábado, 18 de novembro de 2006

Catalunha JOAN MARAGALL (1860-1911)


A VACA CEGA

Tropeçando num e noutro tronco,

caminhando a esmo para a fonte,

vem a vaca sozinha. É cega.

De uma pedrada atirada com força

o vaqueiro vazou-lhe o olho, e o outro

ficou como esse; a vaca é cega.

À fonte vem beber como soía,

sem os passos firmes de outras vezes,

nem com as companheiras, vem sozinha.

Suas companheiras por barrancos e azinhagas,

pelo silêncio dos prados, nas ribeiras

fazem soar o chocalho enquanto pascem

fresca erva ao acaso… Ela cairia.

Dá com a cabeça na pia já gasta

e recua assustada… Mas insiste,

abaixa a cabeça e bebe lentamente.

Pouco, sem muita sede. Ergue depois

ao céu, enorme, a cabeça com os cornos,

num gesto grande e trágico; pestaneja

sobre as mortas pupilas e regressa,

vacilando, pelos carreiros que não esquece,

brandindo languidamente a longa cauda.


(Trad.: José Bento, in “Rosa do Mundo”)

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Dia Internacional da TOLERÂNCIA

"Todos Diferentes. Todos Iguais"
Campanha lançada hoje em Portugal, no Dia Internacional da Tolerância



A campanha internacional "Todos Diferentes. Todos Iguais" do Conselho da Europa é lançada hoje em Portugal quando se assinala o Dia Internacional da Tolerância.
A iniciativa, que decorre até Setembro do próximo ano, é executada na generalidade dos 46 Estados-membros do Conselho da Europa e visa "a sensibilização pública para a integração e participação social, o respeito pela tolerância e compreensão mútua e a promoção da igualdade", refere uma nota da Presidência do Conselho de Ministros [PCM]. Segundo a PCM, pretende-se que a campanha possa chegar a um maior número de jovens portugueses, sensibilizando-os para a necessidade de construção de uma sociedade inclusiva com respeito pela tolerância e pelos direitos humanos. De acordo com a secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, foi constituído um comité nacional a quem compete dar corpo a esta iniciativa mediante o desenvolvimento de um programa de actividades e destinado essencialmente a públicos juvenis. Debates sobre a tolerância e a igualdade, espectáculos, iniciativas com jovens dos bairros Vale da Amoreira e Cova da Moura, concursos de fotografia e distribuição de kits pedagógicos para educação inter-cultural são algumas das actividades previstas. O lançamento em Portugal da iniciativa internacional "Todos Diferentes. Todos Iguais" conta com a presença do ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, e dos secretários de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, e da Reabilitação, Idália Moniz. O Dia Internacional da Tolerância foi instituído em 1995 pela UNESCO para sensibilizar a opinião pública para a diversidade cultural, religiosa, étnica, social e linguística. Anúncios nas televisões, nas rádios, nos jornais e no cinema integram a campanha internacional que está a cargo do Instituto Português da Juventude.
in SIC online (16NOV06)

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Sócrates nasceu em Atenas, provavelmente no ano 470 a.C. e faleceu com 71 anos em 399 a. C., depois de ser obrigado a beber cicuta.

Aprendeu Música e Literatura, mas dedicou-se inteiramente à meditação e ao ensino filosófico, sem recompensa alguma. Não se sabe ao certo quem foram seus professores de Filosofia. O que se sabe é que Sócrates conhecia as doutrinas de Parménides, Heraclito, Anaxágoras e dos sofistas.

Para transmitir os seus conhecimentos e a sua sabedoria utilizava o diálogo, considerado um método polémico. As suas ideias são-nos transmitidas por dois dos seus discípulos, uma vez que Sócrates nada deixou escrito. Foram eles Platão e Xenofonte.

A introspecção é o aspecto mais característico da filosofia socrática. O famoso lema “conhece-te a ti mesmo” (toma-te consciente da tua ignorância) aparece como sendo o ápice da sabedoria. Neste lema Sócrates cifra toda a sua vida de sábio. Sócrates achava que o filósofo é aquele que admite não entender na íntegra inúmeras coisas (Só sei que nada sei).

São exemplos como este que nos deviam fazer pensar como somos ignorantes. Basta estas duas máximas de Sócrates para nos fazer reflectir. Conhece-te a ti mesmo e Só sei que nada sei.

(José Amaral)

Dia Mundial da Diabetes

Meio milhão de diabéticos em Portugal No Dia Mundial da Diabetes é apresentado programa para controlo e prevenção

Há meio milhão de diabéticos em Portugal. O Dia Mundial da Diabetes, assinalado hoje, vai servir para a apresentar o novo programa nacional de controlo e prevenção da doença e levar a cabo inúmeras actividades de formação e rastreio.
Este tipo de acção permitiu, desde 2003, evitar três mil urgências hospitalares anuais motivadas pela doença e uma poupança de cerca de um milhão de euros, revelou o coordenador do programa, Luís Gardete Correia.
Luís Gardete Correia, também presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), pormenorizou que estes dados resultam de uma avaliação parcial, feita pela Direcção-Geral da Saúde, ao actual Programa de Controlo da Diabetes Mellitus, que teve início em Junho de 2003 e que será em breve substitu
ído por uma nova estratégia.
A diabetes é uma doença crónica caracterizada pelo aumento dos níveis de açúcar (glucose) no sangue. Em Portugal estima-se que existam 500 mil diabéticos e a incidência da doença associada a estilos de vida pouco saudáveis e à falta de e
xercício físico (diabete tipo 2) tem estado a "aumentar de forma explosiva", precisou Luís Gardete Correia.
Para assinalar o dia decorrem rastreios gratuitos no Hospital Cury Cabral e no Centro Comercial Colombo, ambos em Lisboa, promovidos pela Associação Nacional de Jovens Diabéticos.
A consulta de diabetologia do Hospital de S. João de Deus, em Vila Nova de Famalicão, associa-se à efeméride com uma palestra sobre as complicações da doença e o Hospital de Torres Vedras apresenta um vídeo que ensina a prevenir a doença.


in Sic online (14NOV06)