quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Um "Gandhi" Homem

Mahatma Gandhi (do sânscrito "A Grande Alma") nasceu em Nova Deli, a 2 de Outubro de 1869 e aí faleceu a 30 de Janeiro de 1948. Foi um dos idealizadores e fundadores do moderno estado indiano e um influente defensor do princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto.
Estritamente vegetariano, escreveu livros sobre o vegetarianismo, enquanto estudava direito em Londres.
Gandhi renunciou ao sexo quando tinha 36 anos de idade e ainda era casado, uma decisão que foi profundamente influenciada pela crença hindu do brachmacharya, ou pureza espiritual e prática, largamente associada ao celibato. Também passava um dia da semana em
silêncio. Abster-se de falar, segundo acreditava, lhe trazia paz interior.
Depois de retornar à Índia de sua bem-sucedida carreira de advogado na África do Sul, ele deixou de usar as roupas que representavam riqueza e sucesso. Passou a usar um tipo de roupa que costumava ser usada pelos mais pobres entre os indianos.
Gandhi e os seus seguidores fabricavam artesanalmente os
tecidos da própria roupa e usavam esses tecidos em suas vestes; O tear manual, símbolo desse acto de afirmação, viria a ser incorporado à bandeira do Congresso Nacional Indiano e à própria bandeira indiana.
Também era contra o sistema convencional de
educação em escolas, preferindo acreditar que as crianças aprenderiam mais com seus pais e com a sociedade. Na África do Sul, Gandhi e outros homens mais velhos formaram um grupo de professores que leccionava directamente e livremente às crianças.
Dentro do ideal de paz e não-violência que ele defendia, uma das suas frases era: "Não existe um caminho para paz! A paz é o caminho!".

(José Amaral)

domingo, 25 de janeiro de 2009


XI



Sem à dita de Aquiles ter enveja”,
o maior dos vícios
dos pequenos e pelintras
e provincianos portugueses,
surge D. Sebastião
num nevoento vinte e cinco de Abril.

Como um louco
na sua sadia embriaguez
empunha numa mão
uma caneca de cerveja
e na outra arma e cravo
que lhe germina do coração.
Blasfema e troveja heresias
espremidas da pessoana pena:
«Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro…».


(in "25de Abril/34 anos", José Amaral)

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Génio Surreal

Salvador Dalí nasceu em Figueres, a 11 de Maio de 1904 e aí faleceu a 23 de Janeiro de 1989. Foi um importante pintor catalão, conhecido pelo seu trabalho surrealista. O trabalho de Dalí chama a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, oníricas, com excelente qualidade plástica. Dali ficou conhecido igualmente pelo seu “feitio genial” com laivos de loucura à mistura.Desde sempre conflituoso e arrogante, usou destes predicados como estratégia de auto-construção.
Acreditava num provérbio que construiu para si mesmo: «Oh, Salvador, agora já sabes, se brincares aos génios, tornar-te-ás um!».

(Imagens retiradas da Internet)



(José Amaral)

domingo, 18 de janeiro de 2009

Parabéns Cláudio

Desta feita apresento-vos o livro O GARÇOM DO ZOOLÓGICO, do poeta amigo Cláudio Feldman (Editora Taturana, 34 páginas). O incansável escritor Cláudio Feldman, autor de dezenas de livros dos mais variados temas, acaba de lançar o seu 43º livro. É um livro com 34 páginas, a preto e branco, e capa colorida. O projecto Gráfico e as Ilustrações são do artista gráfico Perkins. O livro é composto por versos curtos e bem-humorados sobre os animais e seu universo dentro de um zoo. Este é um livro infantil e isso percebe-se ao lermos uma pequena frase que está na contracapa: «Animais animados por muita poesia e humor. Para você, pequeno leitor».
Aqui fica um pequeno poema:



A Centopéia na Agência de Empregos

- Procuro outro emprego,
Sr. Morcego.

Eu vou a pé
Do Tatuapé
À Pompéia
Vendendo vidros
De geléia.

O pé-de-meia
Que eu consigo,
Morcego amigo,
É levado
Pela loja do calçado.

Por isto
O que me interessa
- Depressa –
É um emprego “parado”.

(José Amaral)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Escrever um livro, Criar um filho, Plantar uma árvore

(Imagem Retirada da Internet)

Escrevi um livro.
Quantos anos a sonhá-lo,
A rascunhá-lo nas mesas dos cafés,
A escrevê-lo nos intervalos do emprego,
A vivê-lo,
A sofrê-lo,
Na província, nas cidades...!

Criei um filho.
Tanta alegria no meu coração!

Só ainda não plantei uma árvore.
O frágil caule como protegê-lo?
Como não deixar que os bichos
Maculem as pequeninas folhas?
E como dialogar com uma árvore-menina?

Agora vai sendo tempo.
Os anos já me pesam.
Amanhã vou plantar uma árvore.


(Saúl Dias, "Essência")

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Poema

Epitáfio para uma velha donzela

De palmito e capela,
Qual manda a tradição,
Erecta, lá vai ela
Ser atirada ao chão.
De rosário na mão,
Lutou heroicamente
Contra a vil tentação
Do que nos pede a carne e a alma come.
Secreta, ansiosa, augusta, descontente
Dentro da sua túnica inconsútil,
Engelhou toda à fome,
Por fim morreu à sede,
No seu heroísmo fútil.
Bichos! penetrai vós no pobre corpo inútil!

(José Régio)

domingo, 4 de janeiro de 2009

Literatura 2009

E porque as boas acções não se devem perder, aqui estou, neste novo ano, a sugerir novos livros para leitura. Ler é um prazer, portanto aqui fica a minha sugestão.
Não conhecia o autor nem o livro. Li e fiquei a gostar. Quanto ao autor, Yukio Mishima, é daqueles que ficam na história, não só pela obra publicada, mas pela sua vida. E pela sua morte. Este autor suicidou-se espectacularmente praticando o ritual japonês “seppuku”.
O livro é O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar (Assírio & Alvim, 176 páginas). É um livro que se lê a uma velocidade vertiginosa, com uma escrita escorreita e com uma história bem urdida. Aqui fica a sinopse:
«O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar é uma das mais breves e belas novelas da obra de Mishima. Há quem veja na sua trama uma representação simbólica da sociedade japonesa do pós-guerra conforme a radical visão do autor. Bem mais do que isso, é uma novela de rara beleza, erotismo, imprevisibilidade e de um radicalismo brutal. Noboru deslumbrou-se com a relação poética e erótica de sua mãe com o fascinante Ryuji, o marinheiro que carrega a grandeza, a glória, o brilho do mar e aquele boné com «a âncora ao centro do grande emblema em forma de lágrima [...] reflectindo o sol da tarde». Mas esta apaixonante relação sofrerá uma inesperada mudança. No exterior há um grupo organizado segundo um Chefe, com elementos precocemente militarizados. Rapidamente absorvem o confuso Noboru nos severos princípios da tradição japonesa. Não tarda que o marinheiro seja julgado por ter traído os valores fundamentais de idealismo, de beleza e de glória. Segundo os códigos do grupo, as contemplações são proibidas e qualquer cedência significaria a sobreposição do caos à ordem, como avisa o Chefe, ou, conforme diz, mais eufemísticamente, o último parágrafo do livro: «a glória, como vós sabeis, é uma coisa amarga».

(José Amaral)