domingo, 29 de outubro de 2006

apocalipse

O Sol nasceu envergonhado / parecendo arrepender-se / de ter nascido na véspera. / Meio envergonhado, / rasgou, sem dó nem piedade, / as suas congéneres nuvens / que o incomodavam sobremaneira.
A Lua, / numa manha digna de uma raposa, / ria-se no seu cantinho / a
inda sem ter desaparecido, / deixando atrás dela / um rasto de simpatia / que me fazia pensar / na minha agri-doce simpatia. / Meio envergonhado, eu, / quis, qual cavaleiro apocalíptico, / invadir um reino / sem rei nem roque.
As tropas enfileiradas / preparavam-se para o prélio / que se avizinh
ava / – pelo menos se anunciava – / e se assemelhava / ao Juízo Final.
Tocaram as tro
mbetas! / O Sol fugiu / a Lua escondeu-se / as nuvens rasgaram / gritos estridentes / que fizeram abalar / os pilares do mundo.
O Céu ficou deserto / a Terra abandonada / os guerreiros desarmados, / d
espidos mesmo até, / na sua mais vergonhosa /... estupidez.


in Oráculo Luminar, José Amaral

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