quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Quem se importa com os professores?

É sob este título que José Gil apresenta na revista “Visão” (N.º 714 de 9 a 15 Nov) um ensaio muito interessante. Por ser extenso não o publico na íntegra, mas apenas algumas frases.


«O que impressiona, nas intervenções mediáticas dos responsáveis do Ministério da Educação (ME), é a ausência total de uma palavra de apreço e incentivo para com os professores. Quando ela vem, parece forçada, demasiado geral, demonstrando uma incompreensão profunda pelas condições do exercício da função. Os últimos rumores (verdadeiros) sobre as eventuais oito horas lectivas obrigatórias, mais o corte das “pausas” do Natal, Carnaval e Páscoa, provam que as autoridades encarregadas de conceberem a política educativa do nosso país não sabem – ou não querem saber – o que implica ser professor.
(…)
Eis o que explicaria os excessos discursivos (e não só) dos responsáveis do ME. Tem-se a nítida impressão de que não gostam dos professores – por mais que queiram distingui-los dos sindicatos. (…) Neste quadro, a Educação constitui um pilar essencial do projecto governativo do primeiro-ministro: se ele falha, falhará todo o projecto.
(…)
Quem se importa com os professores? Questão que poderia deslizar, perigosamente, para esta outra: quem se importa com o ensino? Quem, nesta reforma, pensa no tipo de trabalho, material e imaterial, que o professor fornece, para que a relação mestre-aluno produza os efeitos esperados?
(…)
A actual política educativa parece padecer de toda uma série de disfunções e desfasamentos: muda-se o estatuto da carreira docente, com novas tarefas, mais trabalho, mantendo-se inalterados os conteúdos e negligenciando a formação necessária dos maus professores; instauram-se regras de avaliação, mas não se eliminam os compadrios e as conveniências;…
(…)
Tudo isto é mau para o ensino e para a educação. Como se a “racionalização” do ensino básico e secundário, ao preocupar-se apenas com alguns dos seus aspectos, e sem visão global, induzisse necessariamente outras formas de irracionalidade e anarquia».

Defendo desde há muito uma “revolução” no sistema de ensino, mas não uma “revolução” teimosa e caprichosa. É necessário que se saiba ouvir todas as partes envolvidas (e não só os sindicatos; há muitos professores não sindicalizados e que não partilham da opinião dos sindicatos; talvez seja mais cómodo para o ME dizer que tentou negociar, mas os sindicatos não quiseram), é necessário haver cedências de ambos os lados. Faça-se uma verdadeira “reforma”, contudo não queira fazer-se à medida de uns poucos e colocando os professores no centro de todos os males do ensino/educação.
(P.S. para os desconfiados ou mal intencionados que não fique a sensação que escolhi as frases por escolher. Podem sempre ler o artigo na íntegra)

(José Amaral)

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