terça-feira, 13 de junho de 2006

Há um ano adeus a Manuel Tiago.

Álvaro Cunhal, o Comunista escritor

Álvaro Barreirinhas Cunhal, filho de Avelino Cunhal e Mercedes Cunhal, nasceu na freguesia da Sé Nova em Coimbra, no dia 10 de Novembro de 1913. Álvaro Cunhal teve dois irmãos mais velhos, António José, que morreu em 1933, com vinte e dois anos, vítima de tuberculose, e Maria Mansuenta, que morreu em Seia, em 1921, com apenas nove anos, também vítima de tuberculose.

A sua infância foi vivida em Seia, terra de seu pai. Com onze anos de idade muda-se com a família para Lisboa, onde faz os seus estudos secundários no Pedro Nunes e mais tarde no liceu Camões. Em 1927, nasce a sua irmã mais nova, Maria Eugénio.

Em 1931, com dezassete anos, ingressa na Faculdade de Direito de Lisboa, onde inicia a sua actividade política. Neste mesmo ano filia-se no PCP e faz parte da Liga dos Amigos da URSS e do Socorro Vermelho Internacional.

Em 1936 entra para o Comité Central do PCP, que o envia a Espanha, onde vive os primeiros cinco meses da guerra civil.

Em Junho de 1937 é preso pela primeira vez. É levado para o Aljube e posteriormente transferido para Peniche. Um ano depois é libertado, mas por razões políticas é obrigado a cumprir o serviço militar, em Dezembro de 1939, na Companhia Disciplinar de Penamacor. Por razões de saúde, Álvaro Cunhal acaba por ser dispensado pela Junta Médica Militar.

Ao longo da década de 30, Cunhal foi colaborador de vários jornais e revistas, entre os quais se contam "O Diabo"; "Sol Nascente";"Seara Nova"; "Vértice"; e nas publicações clandestinas do PCP, "Avante" e "Militante", onde escreveu artigos de intervenção política e ideológica.

Em Maio de 1940 é novamente preso e faz o seu exame final na Faculdade de Direito de Lisboa sob escolta policial. Apresenta uma tese sobre a realidade social do aborto, que seria avaliada por um júri composto por Marcelo Caetano, Paulo Cunha e Cavaleiro Ferreira, figuras destacadas do regime Salazarista. A sua classificação final foi de 16 valores.

O seu julgamento ocorreu um ano depois. Neste julgamento Cunhal fez uma declaração em que se afirmava "filho adoptivo do proletariado" e dirigiu um forte ataque ao regime salazarista. Foi condenado e preso na Penitenciária de Lisboa, sendo transferido para a prisão-fortaleza de Peniche em 1958. Em Janeiro de 1960 dá-se a famosa fuga do Forte de Peniche.

A 25 de Dezembro de 1960 nasce a sua única filha, Ana Cunhal, fruto da sua relação com Isaura Maria Moreira.

Em 1961 é eleito Secretário-geral do PCP. Em 1962 é enviado pelo PCP para o estrangeiro. Regressa a Portugal a 30 de Abril de 1974. A 15 de Maio do mesmo ano toma posse como ministro sem pasta no I Governo Provisório. Mantém o mesmo cargo nos II, III e IV Governos Provisórios.

No ano de 1992 abandona o cargo de Secretário-geral do PCP, que passa a ser ocupado por Carlos Carvalhas, e é eleito pelo Comité Central para o então criado cargo de Presidente do Conselho Nacional do PCP.

Liberto das suas funções de liderança partidária, Álvaro Cunhal, a par da actividade política corrente, assume claramente a sua condição de romancista e esteta. Neste sentido, em 1995 reconhece publicamente ser o romancista Manuel Tiago (pseudónimo); foi também pintor e ensaísta. Das obras, publicadas sob pseudónimo, as mais conhecidas são “Até amanhã Camaradas”, “Cinco dias, cinco noites”, “A estrela de seis pontas” e “A Casa de Eulália”.

1 comentário:

Luís Miguel da Silva Pinho disse...

Foi uma grande perda para a cultura e política... O último político português coerente!!!