quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Perdidamente

Florbela Espanca, baptizada com o nome Flor Bela de Alma da Conceição nasceu em Vila Viçosa, a 8 de Dezembro de 1894 e morreu em Matosinhos, a 8 de Dezembro de 1930. Registe-se a particularidade de ter nascido e morrido no mesmo dia.
Poetisa portuguesa, foi precursora do movimento feminista em Portugal. A sua vida foi tumultuada, inquieta, transformando seus sofrimentos íntimos em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade.
Em 1903 Florbela Espanca escreveu a primeira poesia de que temos conhecimento, A Vida e a Morte. Casou-se no dia de seu aniversário em 1913, com Alberto Moutinho.
Sofreu um aborto involuntário em 1919, ano em que publicaria o Livro de Mágoas. É nessa época que Florbela começa a apresentar sintomas mais sérios de desequilíbrio mental. Em 1921 separou-se de Alberto Moutinho, passando a encarar o preconceito social decorrente disso. No ano seguinte casou-se pela segunda vez, com António Guimarães.
O Livro de Sóror Saudade é publicado em 1923. Florbela sofreu novo aborto, e seu marido pediu o divórcio. Em 1925 casou-se pela terceira vez, com Mário Lage. A morte do irmão, Apeles (num acidente de avião), abala-a gravemente e inspira-a para a escrita de As Máscaras do Destino.
Tentou o suicídio por duas vezes em Outubro e Novembro de 1930, às vésperas da publicação de sua obra-prima, Charneca em Flor. Após o diagnóstico de um edema pulmonar, suicida-se no dia do seu aniversário, 8 de Dezembro de 1930. Charneca em Flor viria a ser publicado em Janeiro de 1931.


(Texto adaptado – Wikipédia)



Florbela Espanca escreveu um soneto que ficou conhecido, depois de os Trovante (grupo musical português) o terem musicado. Todos nós já traulitámos esta música, muitos talvez sem saberem quem é a autora da letra. Aqui fica o poema de Florbela Espanca:


Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

2 comentários:

Anónimo disse...

É verdade...ser poeta é tudo isso...alma, sangue, vida...garras,asas de condor, condensar o mundo num só grito...por acaso hoje já tinha lido este poema...realmente a poesia pode" matar a fome"...temosbons potas e poetisas portugueses. é pena estarem tão adormecidos,pois eles ajudam-nos a reflectir e se calhar até interessa mesmo mantê-los em sono profundo...

Amaral disse...

Inconformist
os poetas/poetisas não estão adormecidos o país é que parece não querer dar por eles. Talvez seja isso mesmo mant^-los em sono profundo (nem sequer é em sono brando).
Bom feriado