segunda-feira, 5 de maio de 2008

Simplicidade

Mario Quintana nasceu em Alegrete, a 30 de Julho de 1906 e faleceu em Porto Alegre, a 5 de Maio de 1994. Este poeta, tradutor e jornalista brasileiro é considerado o poeta das coisas simples e com um estilo marcado pela ironia, profundidade e perfeição técnica.

AH! OS RELÓGIOS

Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...
Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira
-em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida
-acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível
(José Amaral)

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