sexta-feira, 3 de julho de 2009

poema


Olhares


Tinha um brilho triste
nos olhos,
sempre,
aquele cachorrinho rafeiro.

Não seria antes o dono?

Ambos
(parecendo escoteiros de rua)
viviam da misericórdia
anónima dos passantes,
poisque partilhavam
as pedras da calçada
calcorredas
pelas gentes que passam.

O rafeiro
ainda recebia
- abanando a cauda –
festinhas na cabeça;
o humano
- sorrindo –
recebia…
… olhares de soslaio!!!


(José Amaral, in "Outonalidade")

6 comentários:

lua prateada disse...

Amigo, sempre ouvi dizer "se queres saber a cara do dono, olha para o cão e, vice versa" mas não é que na realidade já tenho reparado e é verdade mesmo?
Daí que tua história pode muito bem ser isso mesmo.
Beijinho prateado
SOL

Delfim Peixoto disse...

Gostei... a ironia, a verdade, a Poesia!
Abraço

Amaral disse...

Sol
Obrigado pela visita e volta sempre.
Bjo

Amaral disse...

Delfim
Folgo em saber que gostaste. Bom domingo.
Abraço

Carla Pimentel disse...

Um belo olhar de uma feia realidade! Bjs

Amaral disse...

Carla
Infelizmente é assim a vida. Boa semana.
Bjo