
Porém, não obstante todas as experiências que usualmente transformam os seus conterrâneos relata a marcha de um exército de maltrapilhos muçulmanos que, com os seus camelos e cavalos, cabras, mulheres e crianças atravessa o deserto da Mauritânia, alguns deles vindos de mais longe ainda, do Sudão ou de Tombuctu, para se juntarem, na cidade santa de Smara, às tropas do sheik Al Maminey que pretende avançar para Norte e atacar os colonialistas franceses que hão-de dízimá-los cruelmente, a soldo de grandes interesses económicos. De entre as personagens mais importantes destacam-se Nour, um rapazinho que vive estas experiências de sede, fome, doença, combate e desilusão; e especialmente Lalla ou Hawa ben Hawa, que se apaixona, ainda adolescente, por um pastorinho semi-selvagem, surdo mudo, que a engravida. Esta menina arisca é levada para Marselha numa leva da Cruz Vermelha Internacional e arruma quartos como empregada doméstica, num hotel de prostitutas e vadios.
Descobre-a um grande fotógrafo, impressionado pela sua beleza exótica, que dela faz uma cover girl. Mas, à beira de expirarem os nove meses da gravidez de Lalla, ela sem se despedir de ninguém, deixa França e uma carreira promissora e regressa à sua terra, para aí, frente ao mar, encostada ao tronco de uma árvore, sozinha, dar à luz a criança tão desejada.
É uma obra interessantíssima, com descrições pormenorizadas que nos fazem acompanhar as viagens destas personagens. Merece uma leitura cuidada. Uma sugestão agradável para as férias.
(José Amaral)
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