quinta-feira, 17 de julho de 2008

Angústia


AngústiA

Uma azia, dilacerante,
vagueava, ondulante,
em meu peito.
Consumia-me, aquela infeliz;
abrasava-me, qual lava vulcânica.

Eis, senão quando,
a azia abriu uma brecha,
em meu coração empedernido,
qual lança mortal.

Senti tremuras,
vorazes,
que me espicaçavam.

Aquela azia
- qual áspide bicéfala –
provocava em mim
um efeito nefasto.

Aquela ingrata
que usurpava, ilegalmente, o meu corpo
trazia-me escravizado,
amargurado,
doído,
angustiado.




(in Poder da Díctamo, José Amaral)

4 comentários:

Isabel Filipe disse...

parabéns Amral pelo teu poema ...


achei-o soberbo


beijinhos e bom fim de semana

Amaral disse...

Isabel
Obrigado, fico contente por teres gostado.
Bom fim-de-semana
Bjo

A. João Soares disse...

Belo poema, com um toque de «medicina». O sofrimento físico afecta o psíquico («amargurado, doido, angustiado»). Mas a inversa também é verdadeira: As preocupações e angústias perturbam o funcionamento físico. O ser vivo é complexo e interactivo. Daí o lema dos Jogos Olímpicos: Alma sã em corpo são.
Abraço
João

Amaral disse...

João
Obrigado pela análise que faz ao meu poema.
Abraço