quinta-feira, 15 de março de 2007

Prémio Camões para António Lobo Antunes

O Prémio Camões 2007, o mais importante galardão literário da língua portuguesa, no valor de cem mil euros, foi hoje atribuído ao escritor português António Lobo Antunes.

A decisão do júri teve por fundamento “a mestria em lidar com a Língua Portuguesa, aliada à mestria em descortinar os recessos mais inconfessáveis dos homens, transformando-o num exemplo de autor lúcido e crítico da realidade literária”, informa o Ministério da Cultura português, em comunicado.

António Lobo Antunes nasceu a 1 de Setembro de 1942, em Lisboa.

"Memória de Elefante", o seu primeiro romance publicado, começou a ser escrito em 1976 e chegou às livrarias em 1979, ano em que começou oficialmente a sua carreira de escritor. Para além de "Memória de Elefante", publica nesse ano "Os Cus de Judas".

Em 1996 é distinguido com o prémio France Culture pelo romance "A Morte de Carlos Gardel". Um ano mais tarde volta a receber o mesmo prémio, desta feita pelo livro "Manual dos Inquisidores".

Três anos depois é distinguido com o Grande Prémio de Romance e Novela da APE e com o Prémio D. Diniz da Fundação Casa de Mateus, pelo romance "Exortação aos Crocodilos", com o qual recebe também, em 2000, o Prémio de Literatura Europeia do Estado Austríaco.

Em 2003 prossegue o reconhecimento internacional da sua carreira, com o Prémio Internacional União Latina e o Prémio Ovidius, da União de Escritores Romenos

Um ano mais tarde recebe o Prémio Fernando Namora da Sociedade Estoril Sol, pelo romance "Boa Tarde Às Coisas Aqui Em Baixo". No mesmo ano é galardoado com o Prémio Jerusalém pelo conjunto da sua obra.

Nos últimos dois anos foi distinguido com a Grande Ordem de Santiago de Espada (2005) e o Prémio José Danoso (2006), atribuído pela Universidade Chilena de Talca.
Prémio Pessoa prefere ficção

O júri deste ano reuniu-se na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e foi constituído por Francisco Noa (Moçambique), João Melo (Angola), Fernando J.B. Martinho (Portugal), Maria de Fátima Marinho (Portugal), Letícia Malard (Brasil) e Domício Proença Filho (Brasil).
Instituído em 1988, o galardão distinguiu, desde a sua primeira edição, oito autores portugueses, sete brasileiros, dois angolanos e um moçambicano.

Onze dos premiados são ficcionistas: Vergílio Ferreira, vencedor em 1992; Rachel de Queiroz (1993); Jorge Amado (1994); José Saramago (1995); Pepetela (1997); Autran Dourado (2000); Maria Velho da Costa (2002); Rubem Fonseca (2003); Agustina Bessa-Luís (2004); Lygia Fagundes Telles (2005); e José Luandino Vieira (2006). Cinco são brasileiros, quatro portugueses e dois angolanos.

Miguel Torga, o primeiro autor consagrado com o galardão, poderia integrar o lote de prosadores — tem uma importante obra ficcional e diarística —, mas é provavelmente como poeta que mais tem sido reconhecido e estudado.

Entre os poetas, além de Torga (1989), a lista inclui João Cabral de Mello Neto (1990), José Craveirinha (1991), Sophia de Mello Breyner Andresen (1999) e Eugénio de Andrade (2001). Os portugueses são em maior número: três. Mello Neto é brasileiro e Craveirinha moçambicano.

O ensaio está em clara desvantagem no confronto com as restantes disciplinas. Em 18 anos, apenas dois ensaístas o receberam: o português Eduardo Lourenço, em 1996, e o brasileiro António Cândido, em 1998. Incluído no lote de ficcionistas — por ter sido a ficção o núcleo central da sua obra de escritor —, Vergílio Ferreira não estaria deslocado entre os ensaístas. É autor de significativos títulos nesta área.
Em 18 anos, apenas uma vez o prémio foi recusado. No ano passado, Luandino Vieira, invocou para tal "razões de consciência".

in “Público” 14MAR07

6 comentários:

plopes disse...

Colega e conterrâneo (penso eu),
Já não era sem tempo esta atribuição do Prémio Camões a Lobo Antunes. Penso que a seguir será o Nobel. Já é merecido há muito.

Amaral disse...

Plopes
penso que é merecido o prémio de Lobo Antunes e que é um sério candidato ao Nobel. Se o compararmos com saramago merece ganhar, mas...
Contudo, algumas das últimas obras de Lobo Antunes desiludiram-me.

Anónimo disse...

Deixo as perguntas:Porquê só agora o prémio?O min. da cultura terá as suas"razões".

Amaral disse...

Inconformist
Tem o MC e muito mais pessoas neste pais de invejosos...

Unknown disse...

é um dos grandes escritores portugueses da actualidade, penso que merece este prémio
saudações de terras de tavares

Amaral disse...

João Oliveira
é sem dúvida um dos grandes escritores portugueses e, mais cedo ou mais tarde, acabará por arrecadar um prémio nobel