sábado, 6 de janeiro de 2007

Contraste


Uma chuva miudinha

asperge a vidraça.


Um porto rubicundo

contrasta com o dourado

das folhas de tília

na relva do jardim.


Ajoelhada aos pés da cruz

- mãos postas -

recusa-se a erguer os olhos

(já que aquele filho,

que traz no ventre,

não chegará a ver

a luz do dia),

poisque a serenidade

do crucificado

contrasta com a raiva

sufocada no peito

daquela que fora violada.


(José Amaral in “Outonalidades” – Papiro Editora 2006)

1 comentário:

Anónimo disse...

Sobre os motivos para tomada de decisões irreversíveis, só cada um de nós é que sabe o preço que quer ou não pagar,quem são os outros para nos julgar?