segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O escritor francês André Breton nasceu em Tinchebray, a 18 de Fevereiro de 1896 e faleceu em Paris, a 28 de Setembro de 1966. Foi ele o impulsionador e o grande teórico do Surrealismo.
Em 1919, Breton funda com Louis Aragon e Philippe Soupault a revista Littérature e entra, também, em contacto com Tristan Tzara (fundador do Dadaismo). Breton publica o Primeiro Manifesto Surrealista, em 1924.
Assim, e sob o impulso de Breton o Surrealismo torna-se um movimento europeu que abrange todos os domínios da arte.
Aqui fica um belíssimo poema da sua autoria:



Tournesol

La voyageuse qui traverse les Halles à la tombée de l'été
Marchait sur la pointe des pieds
Le désespoir roulait au ciel ses grands arums si beaux
Et dans le sac à main il y avait mon rêve ce flacon de sels
Que seule a respiré la marraine de Dieu
Les torpeurs se déployaient comme la buée
Au Chien qui fume
Ou venaient d'entrer le pour et le contre
La jeune femme ne pouvait être vue d'eux que mal et de biais
Avais-je affaire à l'ambassadrice du salpêtre
Ou de la courbe blanche sur fond noir que nous appelons pensée
Les lampions prenaient feu lentement dans les marronniers
La dame sans ombre s'agenouilla sur le Pont-au-Change
Rue Git-le-Coeur les timbres n'étaient plus les mêmes
Les promesses de nuits étaient enfin tenues
Les pigeons voyageurs les baisers de secours
Se joignaient aux seins de la belle inconnue
Dardés sous le crêpe des significations parfaites
Une ferme prospérait en plein Paris
Et ses fenêtres donnaient sur la voie lactée
Mais personne ne l'habitait encore à cause des survenants
Des survenants qu'on sait plus devoués que les revenants
Les uns comme cette femme ont l'air de nager
Et dans l'amour il entre un peu de leur substance
Elle les interiorise
Je ne suis le jouet d'aucune puissance sensorielle
Et pourtant le grillon qui chantait dans les cheveux de cendres
Un soir près de la statue d'Etienne Marcel
M'a jeté un coup d'oeil d'intelligence
André Breton a-t-il dit passe


António Aleixo nasceu em Vila Real de Santo António, a 18 de Fevereiro de 1899 e faleceu (vítima de tuberculose) em Loulé, a 16 de Novembro de 1949.
Considerado um dos poetas populares portugueses (embora semi-analfabeto) mais conhecido, ficou famoso pela sua ironia e pela crítica social. Teve uma vida atribulada (mudanças de emprego – uma delas levou-o a ser cauteleiro -, imigração, tragédias familiares, doença) no entanto era uma personalidade conhecedora das diversas realidades da cultura e sociedade do seu tempo.
Aqui ficam uma belíssimas quadras da sua autoria:



Quadras

Sou humilde, sou modesto;
Mas, entre gente ilustrada,
Talvez me digam que eu presto,
Porque não presto p’ra nada.

Eu não tenho vistas largas,
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.

Tu não tens valor nenhum,
Andas debaixo dos pés,
Até que apareça algum
Doutor que diga quem és.

À guerra não ligues meia,
Porque alguns grandes da terra,
Vendo a guerra em terra alheia,
Não querem que acabe a guerra.

Depois de tanta desordem,
Depois de tam dura prova,
Deve vir a nova ordem,
Se vier a ordem nova

Eu não sei porque razão
Certos homens, a meu ver,
Quanto mais pequenos são
Maiores querem parecer.

Vemos gente bem vestida,
No aspecto desassombrada;
São tudo ilusões da vida,
Tudo é miséria dourada.

Os novos que se envaidecem
P’lo muito que querem ser
São frutos bons que apodrecem
Mal começam a nascer.



(José Amaral)

8 comentários:

Laurentina disse...

Ok Amaral, surrealismo e Antonio Aleixo um casamento "porreiro pá", pelo menos eu gosto dos dois por isso aprovado.
Amei o post.
beijão grande e obrigada pelo cuidado

CMatos disse...

Zito, desculpa a visita em "falso", mas tinhamos ido visitar o Castelo de Marialva e a zona de Freixo de Numão.
Quanto ao post... não conheço o Aleixo, nem acho que tenha lido alguma coisa dele, de qualquer forma, aprende-se sempre alguma coisa por aqui.

Abraço e boa semana.

João Paulo Lopes Clemente disse...

J.Joaquim:
Na verdade a experiência da vida transporta consigo não só uma mensagem social mas também respigos de literariedade.
Um óptima semana

Amaral disse...

Laurentina
Gostei do "porreiro pá", faz-me lembrar... (nã, não deve ser nada de importante). Também acho que ficou um casamento interessante.
Desejo-te as melhoras. Volta sempre.
Bjo

Amaral disse...

Matos
A visita fica para a próxima.
Aleixo tem uma obra maravilhosa. Se quiseres posso emprestar-te um livro dele. Aprende-se, realmente, muito.
Boa semana
Abraço

Amaral disse...

João Paulo
Na sua ignorância o povo ensina-nos muitas coisas. Não é que Aleixo fosse totalmente "ignorante", mas temos muitos a aprender bebendo as suas palavras poéticas.
Boa semana
Abraço

Meg disse...

Amigo Amaral.
André Breton em toda a sua pujança, e António Aleixo - às vezes tomo café com ele - mas que grande "farra"! Só falta mesmo o
Cesariny para completar. Não é ao Breton que devemos o Mário C.?

Belo e suculento post, ao som de O PIANO, naturalmente...

Um abraço

Amaral disse...

Meg
Realmente uma mistura pouco real. Ou será surreal? Sim Breton certamente abriu caminhos aos Cesariny.
Abraço