domingo, 7 de outubro de 2007

Poema

Edgar Allan Poe nasceu em Boston, a 19 de Janeiro de 1809 e faleceu em Baltimore, a 7 de Outubro de 1849.



Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.

Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alva
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,

a encadear-me, o meu mistério.
Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alteava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demónio, ante meus olhos.

(Edgar Allan Poe)

4 comentários:

A. João Soares disse...

Crescer e ser educado, considerando-se diferente dos outros é uma situação difícil de gerir. Claro que não há pessoas iguais. Mas ser diferente é mau, porque, ao entrar na competição com os outros, não se possuem as mesmas ferramentas para a luta que é a via.
Um abraço

Amaral disse...

João
Talvez seja isso, mas que é injusto é. Cada pessoa tem direito a ser/escolher quem quer ser.
Boa semana
Abraço

Meg disse...

Tudo o que amei, amei sozinho!
Que dizer mais, se estas palavras já são tão eloquentes!

Um abraço

Amaral disse...

Meg
Concordo plenamente.
Boa semana.
Abraço