quarta-feira, 10 de outubro de 2007

"Mina de Diamamantes"

Quando aqui postei um texto sobre "O Malhadinhas", de Aquilino Ribeiro, numa edição da Bertrand Editora, referi que a mesma obra continha um outro conto: "Mina de Diamantes".
É o relato da vida de Diamantino Dores (Dêde) que emigrou para o Brasil onde se tornou famoso e onde arranjou um emprego importante que lhe dava bom dinheiro. Envolvido em problemas de saias é aconselhado a vir visitar o seu país. Vem para Portugal e é recebido (depois de subornar um jornalista) como um herói. Contudo, Domingos é um trafulha, embora generoso. Revela-se um mãos largas e o país revela-se um país de "mãos estendidas". Domingos tem dinheiro, mas desbarata-o. É o típico português que mostra que tem uns "tustos", mas que encontra o outro típico português que nada tem, mas que se choraminga para ver se lhe dão algum.
Mais uma obra excelente, esta nunca tinha lido, de Aquilino. Vale a pena ler!

Aqui fica um excertozinho para deleite:
«Diamantino, tomada às vezes de inquietude, considerava instintivamente aquele bojo de cetáceo, espraiando olhos a todos os pontos, inclusive às bancadas que ficavam à sua espalda. Se houvesse desastre e lhe abrissem a porta, ele seria o primeiro a escapar-se. Mas que ideia! As probabilidades de salvação seriam idênticas para todos. Qual porta, qual carapuça! Aquele barinel de alumínio e aço desconjuntar-se-ia em todos os órgãos. O que era combustível arderia como um archote. A bela carcaça oval esborrachava-se como um ovo.»

(José Amaral)

8 comentários:

Isabel Filipe disse...

Uma história bem à portuguesa ...

não a conhecia.
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Amaral,

Lembras-te aí há uns tempos eu ter dito que queria ilustrar um poema teu??? Guardei-o não sei onde e não o encontro .... lembras-te quando foi que o colocaste???

Bjs

A. João Soares disse...

Caro Amaral,
Este seu blog está a ser conduzido como um complemento das suas aulas e o seu incentivo ao gosto pela boa leitura. Faz-me lembrar de um professor que tive no Liceu Nacional Alves Martins, ou Nacional de Viseu, em 1947 que soube criar esse gosto nos miúdos da minha geração.
Os estudantes e outros mais crescidos beneficiam muito em seguirem as pistas que aqui lhes deixa. Continue com este serviço público.
Abraço

Amaral disse...

Isabel
História tipicamente portuguesa, é verdade.
Bjo

Amaral disse...

João
Muito obrigado pelo elogio. Tudo o que pudermos fazer pela leitura é pouco, neste país que pouco e mal se lê.
Abraço

Espaços abertos.. disse...

Este post é mais do que um complemento á boa literatura portuguesa.
Bjs Zita

Amaral disse...

Zita
Ainda bem que apreciou.
Bjo

Al Cardoso disse...

Promete sim senhor! Tambem nao conhecia.

Um abraco d'Algodres.

Amaral disse...

Al Cardoso
É muito bom, talvez não tão bom como "O Malhadinhas", mas é bom.
Abraço