terça-feira, 30 de outubro de 2007

Génio da Poesia

As sem razões do amor


Eu te amo porque te amo.

Não precisas ser amante,

e nem sempre sabes sê-lo.

Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça

e com amor não se paga.



Amor é dado de graça,

é semeado no vento,

na cachoeira, no elipse.

Amor foge a dicionários

e a regulamentos vários.



Eu te amo porque não amo

bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,

não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,

feliz e forte em si mesmo.



Amor é primo da morte,

e da morte vencedor,

por mais que o matem (e matam)

a cada instante de amor.


(Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira, a 31 de Outubro de 1902 e faleceu no Rio de Janeiro, a 17 de Agosto de 1987)

2 comentários:

Meg disse...

Este é um autor de quem gosto muito e de quem já publiquei vários poemas.
Está sempre presente... e hoje, como me sabe a diferente, a raiva, este Piano! Lindo!

Um abraço

Amaral disse...

Meg
Muito bem pelo gosto que manifesta pelo Drummond.
Raiva por este Piano?... gostei desta frase poética.
Abraço