quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Do Tempo e dos Homens

Mais um livro que acabo de ler, “Do Tempo e dos Homens – Volume I – Da história literária à história da cultura” da autoria de Joaquim de Montezuma de Carvalho (Edição do Instituto Piaget, 501 pág), e que aqui recomendo.
É um livro que reúne alguns dos mais importantes ensaios críticos que servem de referência no escasso campo do pensamento literário do século XX.
O livro divide-se em três partes: I – Temas Literários (A – Literatura de Língua Portuguesa; B – Literatura Europeia; C – Literatura Comparada), II – Camoniana; III – Temas de História da Cultura.
Os ensaios aqui apresentados revelam uma cultura vastíssima e reflectem o pensamento, nu e cru sem rodeios, do autor. Diz o que tem a dizer e não se preocupa em evitar outras opiniões ou em discordar, de todo ou em parte, de outros autores. O autor, Joaquim de Montezuma de Carvalho, revela uma extraordinária lucidez crítica.
Evidentemente que não se trata de um romance, que se lê como quem bebe um copo de água, mas é uma obra que requer uma leitura atenta e aprofundada. Muito se aprende com a leitura deste livro e recomendo-o, em particular, aos professores de Português e de História, mas também a todos aqueles (autodidactas ou não) que se interessam pela cultura.

(José Amaral)

10 comentários:

Meg disse...

Meu caro Amaral, eu já li assim, posso dizer mesmo que de uma forma até desbragada, mas agora já não tenho essa "pedalada". Mas esses que recomenda hoje, tenho a certeza que valerá a pena lê-los. Mas serão mais para ir... lendo. Aliás é assim que o faço, de há una anoa para cá, e por vezes, mais que um ao mesmo tempo, alternado-os.

Um abraço

Amaral disse...

Meg
Se conseguir ir lendo aospoucos já não é mau, não perca é o gosto pela leitura.
Abraço

Meg disse...

Mas eu já não posso perder um vício que tenho desde que me conheço como gente. Há agora muito menos tempo... mas as pilhas de livros continuam a crescer como cogumelos cá em casa. Já não leio tanta ficção por exemplo, tudo tem o seu tempo.
Por isso lhe falo do cheiro do papel, que a net não tem.

Mais um abraço

Amaral disse...

Meg
Assim fico mais descansado. Cheiro do papel...
Abraço

Isabel Filipe disse...

... um bom livro é sempre uma boa companhia

... às vezes até os menos bons se conseguem ler

...é um vicio que tenho ... a leitura ... pena que seja tão caro

_______

havia uma familia Montezuma de Carvalho em Moçambique ... na biografia do autor diz alguma coisa sobre isso?
___

bjs

Amaral disse...

Isabel
É mesmo esse que se refere. ele esteve em Moçambique.
Continue a ler que faz bem.
Bjo

Anónimo disse...

Chamo-me Mário Ferreira e sou enteado do Dr. Joaquim de Montezuma de Carvalho, o qual também é o meu padrinho de baptizado. Esteve em Moçambique (onde se casou com minha mãe). De momento encontra-se doente e infelizmente teve que parar os seus escritos e pesquisas.

Mário Jorge Ferreira disse...

Caro colega (de profissão) Amaral. Há pouco tive o prazer de ler a sua crítica a meu padrinho, o Dr. Joaquim de Montezuma de Carvalho que lhe fizeram rolar as lágrimas com forte emoção. Na sua imensa humildade, como pessoa e como escritor, não foram lágrimas de reconhecimento do seu mérito mas sim, e sublinho fortemente, pelo reconhecimento em toda a sua plenitude, da mensagem que deixa na sua última obra.

Mário Jorge Ferreira

Anónimo disse...

Um mensageiro da universalidade

Joaquim Montezuma de Carvalho faleceu ontem, às 6h40, no Hospital S. José, em Lisboa, vítima de doença prolongada. O corpo estará hoje em câmara ardente a partir das 16h00 na Capela Nossa Senhora dos Remédios, em Alfama, donde sairá amanhã às 9h30 para o Cemitério do Alto de São João, onde se realiza o funeral pelas 10h00.
Ana Sofia Rosado

O filho Joaquim Montezuma de Carvalho, também advogado, falou ao JANEIRO do legado do seu pai – “um homem das letras, um filósofo que abominava a política”. Nascido na freguesia de Almedina, em Coimbra, no dia 21 de Novembro de 1928, Joaquim Montezuma de Carvalho licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra. No final dos anos 50, o jovem advogado partiu para Angola. Começou por ajudante de conservador em Nova Lisboa, cidade onde fez carreira nas conservatórias. Chegou a conservador do registo civil e comercial de Lourenço Marques, onde casou com Maria Júlia Neto da Silva, acumulando funções na magistratura. O filho único recorda, desde tenra idade, o gosto do pai pela escrita, pelos escritores e pela literatura, que considerava universal e una. “Não era pessoa de perder tempo a ver televisão ou a ir ao cinema. Os seus temas de conversa à hora da refeição eram um regresso aos escritores”, recorda. Amigo do poeta Jorge Luis Borges, que conheceu na Argentina, do escritor colombiano Gabriel García Marquez e do autor mexicano Octavio Paz, ambos prémios Nobel da Literatura, e de Aquilino Ribeiro, o pensador Joaquim Montezuma de Carvalho gostava de se isolar no meio dos livros, queria ter o essencial e era um homem de gostos muito simples: “O meu pai não se interessava pelas questões monetárias, apesar de ser advogado como eu”. O filho adianta: “Quando ele era novo teve autismo e fechava-se na biblioteca do meu avô, o filósofo e historiador figueirense Joaquim de Carvalho”. De regresso a Portugal, em 1976, exerce advocacia em Lisboa e dá início a uma carreira de escritor e de divulgador da cultura portuguesa. Os seus escritos, que versam sobre literatura, filosofia e história figuram principalmente no estrangeiro.
Colaborador com aprofundados ensaios do «das Artes das Letras» de O Primeiro de Janeiro desde 1999, “todas as segundas-feiras, pedia-me para o tirar da Internet”, recorda. Joaquim Montezuma de Carvalho despertou o interesse do filho por diversos autores. “Eu gostava muito de Júlio Verne, de Camilo Castelo Branco, de Eça de Queirós e ele apresentava-me os grandes autores mundiais”, partilha, lembrando que trocavam frequentemente impressões sobre o que estava a escrever.
Autor de vasta obra no campo do ensaio, Joaquim Montezuma de Carvalho foi distinguido com a Medalha José Vasconcelos, no México, atribuída pela Frente de Afirmación Hispanista, com sede em Nova Iorque, pelo volume «O Panorama das literaturas das Américas». Por ser autor de uma vasta bibliografia consagrada às culturas portuguesa e hispânica, foi designado, em 1999, Cavaleiro da Ordem de S. Eugênio de Trebizonde - de Espanha.

(In O Primeiro de Janeiro 7/3/2008)

Amaral disse...

Mário
No post do dia seuinte ao falecimento de JMC presto a minha homenagem a este grande Homem.
Os meus pêsames
Abraço