domingo, 17 de junho de 2007

Poema 2


sossego




O Tiago dorme!

Deixá-lo dormir

seu sono sossegado

de menino-criança,

ainda.


Em seu sossegado sono

um agitado sonho

ou um calmoso pesadelo

perturba-lhe

o sorriso angelical.


Sonha com o paraíso,

com contos de fadas,

com histórias intermináveis,

com um país

de heróicos marinheiros.


Em seu sono

um agitado pesadelo

pende-lhe sobre a cabeça

(qual espada de Dâmocles)

e revolteado

vive,

dormindo,

neste inferno

que é o país

em que vivemos.


Chora!

Grita!

Estende a mão,

parecendo afundar-se

no abismo

em que se afunda

a nação.


Acorda!


Felizmente era um sonho!


(in Oráculo Luminar, José Amaral)

12 comentários:

Laurentina disse...

Olá Amaral ,
Venho agradecer a gentileza da sua visita e das suas palavras...
Volte sempre pois eu adoro receber os amigos ...

Quanto ao momento actual acho que assusta o mais intrépido...esperemos é que não dure muito tempo a bem ou a mal que se resolva.

Reparei que tb é professor ...pois se já estávamos mal,tempos mais negros se avizinham !


Gsotei imenso dos poemas que aqui tem .

beijão grande

Amaral disse...

Laurentina
agradeço, também, a sua visita.
Os tempos, estou em crer, hão-de mudar. Já dizia Camões "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades..."
Quanto a nós, professores, temos de continuar a mostrar que somos profissionais completos e que os jovens, e a nação, precisam de nós.
Bjo

Al Cardoso disse...

Sera e que mesmo sonho?!

Um abraco.

Amaral disse...

Al Cardoso
pois é a pergunta fica no ar...
Abraço

Paulo disse...

Ad perpetuam rei memoriam (Para a perpétua lembrança da coisa), há sempre a rossonância de um poema que, por vezes, nos "acorda" de um desassossego considerado quase eterno.
É na "força" dos poemas que também se aprende a sonhar e, o sonho...esse, comanda a vida.

Abraço
Paulo

Unknown disse...

ola amigo Amaral
É tão bom sonharmos, mesmo com aquilo que já fomos e já não somos.
Eu ainda acredito neste país, embora por vezes me desiluda.
Qual espada suspensa por um fio.
um abraço

Amaral disse...

Paulo
essa é uma verdade inolvidável. Enquanto pudermos sonhar ninguém nos rouba essa liberdade.
Abraço

Amaral disse...

João Oliveira
a adaga que suspende sobre as nossas cabeças é uma ameaça terrível.
Eu também quero acreditar neste país, mas às vezes desiludo-me.
Abraço

Anónimo disse...

Sou, sem qualquer polémica,o pró-Dantas. Gostei muito deste poema de sua autoria.

Amaral disse...

Amigo pró-Dantas
eu respeito-o pela sua postura, não gosta e não é obrigado a gostar.
Quanto ao meu poema, ainda bem que foi do seu agrado.
Abraço

A. João Soares disse...

Amigo Amaral. Um poema, tem fantasia, mas este além do sonho e da ficção tem a realidade, é um retrato da vida que aturamos, qual pesadelo de que esperamos acordar depressa.
Eu sou o Tiago e penso que muitos sentirão coisa parecida.
Para ultrapassar o pesadelo, é preciso que os mais aptos para a Gestão com maiúscula sonhem com o amanhã, com o objectivo que dê mais felicidade aos cidadãos desprotegidos.
Um abraço

Amaral disse...

João Soares
realidade...e ficção...
Escrevi este poema a pensar no meu filho (Tiago) e em muitas crianças como ele, que poderão ter um futuro negro, porque a geração dos seus pais não foi capaz de lhes deixar uma herança conveniente.
Abraço