domingo, 17 de junho de 2007

Poema 1

Como reparei que o anterior poema, da autoria de Alexandre O’Neill, foi do agrado dos leitores aqui deixo um outro poema retirado de “Poemas com Endereço” (1962) do mesmo autor. Repare-se no jogo hábil de palavras, transformadas em trocadilhos, que o poeta usa para deleite de quem lê.

BILHETE-POSTAL A ALEXANDRE

PINHEIRO TORRES


Absinto-me cansado

na outonalma.

De absinto, no Outono,

encharco a alma…


Muito deve a literatura

ao absinto.

Em qualidade, muito mais

que ao tinto…


Ó Alexandre, manda-me absinto

na volta do correio,

Que eu já sinto, com tanto tinto,

estancar-se-me o veio…


(José Amaral)

2 comentários:

A. João Soares disse...

Muito interessante este jogo de palavras subtilmente escolhidas justapostas sempre com o significado adequado para fazer sentido único, sem sentido proibido ou contrário.
Abraço

Amaral disse...

João Soares
por vezes também eu me sinto absintiado, porque donde escrevo, sentado, reparo que nada posso fazer, a não ser mandá-los... prender.