domingo, 17 de agosto de 2008

Qualidade literária

Embora de férias… no que à leitura diz respeito, nem por isso. Desta vez aporto aqui um belíssimo livro cujo título suscita a maior das curiosidades. Trata-se do romance de Robert Musil, O Homem sem Qualidades I (Dom Quixote, 843 páginas). Louve-se, igualmente, a tradução portuguesa da autoria de João Barrento.
É um livro muito bem escrito, numa escrita profunda que nos faz pensar. O número de páginas não deve ser motivo para nos afastar da leitura, mas, pelo contrário, abrir-nos a vontade para o ler.

Aqui fica a sinopse:
«Esta é uma obra singular e única no panorama da ficção do século XX.
Mais do que um romance, O Homem sem Qualidades é o maior projecto romanesco, deliberada e quase necessariamente inconcluso e inconclusivo, da literatura do século passado. Um rio sem limites nem margens, que não desagua em nenhum mar conhecido, objecto inclassificável, para lá do “literário” e da ficção.
No momento da morte inesperada de Musil em 15 de Abril de 1942, no exílio de Genebra, O Homem sem Qualidades é verdadeiramente o “livro por vir”, aquele cuja essência – no seu protagonista centrado, no processo da sua génese, no cerne do seu pensamento – é a de um laboratório de possibilidades que o transformarão na obra aberta por excelência e na “tarefa criadora [mais] desmedida” da história da literatura moderna. O Homem sem Qualidades será, durante mais de duas décadas, a obra em processo de criação e transformação que se autonomiza e se impõe de forma obsessiva e implacável ao próprio criador, aprendiz de feiticeiro que a controla cada vez menos à medida que ela se vai transformando numa rede rizomática de possibilidades de crescimento e de perspectivas de finalização sempre adiada, que parece querer reflectir o próprio feixe aleatório de possibilidades que é aquilo a que chamamos “realidade”. Se a ironia é neste livro, como diz Blanchot, “um dom poético e um princípio de método” que modula, não apenas a palavra mas também a própria composição romanesca, na oposição contrapontística permanente e irresolvida entre “a exactidão e a alma”, a reflexão e os sentimentos, o indivíduo em busca de si e o mundo dos factos (nas vésperas da Primeira Grande Guerra), essa mesma ironia haveria de determinar todo o acidentado e contraditório processo de génese e de publicação deste objecto literário esquivo que, ao contrário do que frequentemente se tem dito, será mais um não-romance do que um anti-romance».

(José Amaral)

4 comentários:

Isabel Filipe disse...

Pelo teu resumo, deve ser bem interessante ... só o título do livro incute logo interesse ...

este vai para a lista daqueles para comprar ...


beijinhos e continuação de boas férias

Meg disse...

Para quando houver tempo para ler, tantas têm sido as boas sugestões de leitura.
Pelos vistos as férias continuam... que maravilha!
Num pequeno intervalo vim deixar um abraço

Amaral disse...

Isabel
O título é o princípio de uma leitura a descobrir... vais gostar.
Bjinho

Amaral disse...

Meg
Obrigado por ter passado por cá. Sim as férias continuam, embora mais caseiras.
Abraço