terça-feira, 20 de julho de 2010

PAN 8

No encontro transfronteiriço de Morille (PAN 8), já aqui divulgado, pude privar com alguns colegas. O fotógrafo de qualidade elevada Belarmino Lopes (gentilmente ofertou-me os livros "Sentidos - Fotobiografia Serra da Maúnça" e "O Mistério do Poço do Caldeirão"), um homem "dos sete instrumentos" (homem do teatro, jornalismo, escrita...) Leandro Vale (também me ofertou gentilmente os livros "8 Dias nos 80 de Fidel" e "Sós em Miami") e a poetisa Catarina Crocker (que igualmente me ofertou o livro "Montras de Amor Partido").
Além disso, acompanharam-nos nas nossas tertúlias o Carlos d'Abreu, o Jose (um amigo espanhol) e a Amélia (mulher do Belarmino).
Este post é uma pequena homenagem à amizade que se gerou entre nós. Num escrito meu (em papel de guardanapo que ficou depositado no bolso do Leandro) ficou registado: «A amizade faz-se/ caminhando/ o caminho estreito. Até para o ano».
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Há distâncias
E distâncias...
E o que é a distância
Na amizade que liga
Aqueles que se encontram
Na distância da amizade.
São duas palavras
Distantes
Mas amigáveis
Numa linha que separa
Uma unidade irmã.
Ibéria.
É só uma.
A tal da jangada
Que Saramago nos conta.
E que bom
Sobrevivermos à deriva
Nesta distante jangada
De pedra dura
Mais dura
Do que aquilo que nos separa
No sonho que nos leva
Na fronteira transponível
De uma distância
Inexiste na amizade
O dia-a-dia mais improvável
De uma Europa una
Essa sim distante
Cada vez mais provável
Na amizade inexistente.
Companheiros
Sou eu que vos digo
A distância só existe
Na imaginação
Daqueles que sem amizade
Criam fronteiras
Irreais
Quando a realidade
Fica tão próxima
Na possibilidade concreta
De sermos
Desde sempre
Ao longo dos tempos
Dois povos irmãos.
(Poema da autoria de Leandro Vale)
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(Foto da autoria de Belarmino Lopes)

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Sem Abrigo

Levantem esse Homem!
Não, não é pesado…
Leve como um anjo, anda muito cansado.
É ele o mendigo da rua que todos vêem passar…
Afastam-se de quem em criança quiseram beijar.

Levantem esse Homem! Cheiros podres sem destino.
Dêem-lhe água e perfume, carícias de bebé esquecido,
agora cão maltratado.
Mágoas em álcool afundadas num percurso de culpas carregado.
Abrigo em esquinas calcetadas, obstáculo em ruas apinhadas…

Levantam-no por baixo: duas mãos e uma atenção.
Icem-no bem alto.
Encham-lhe o coração!

(Poema da autoria de Catarina Crocker)

(José Amaral)

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