quarta-feira, 12 de maio de 2010


CidampO

Um crepuscular fim de tarde,
rubicundo,
fez-me deixar os montes citadinos
despidos de gentes
e correr para as campestres ruas
amontoadas daquelas.

Procuro no bulício calmo
do campo,
a acalmia turbulenta
que acotovelei na cidade.

O roncar monocórdico dos tractores
da pequena cidade
recorda-me o infernal trânsito
do grande campo.

Os pássaros da cidade
presos em gaiolas de ar livre,
contrastando com os do campo,
livres em outras de betão.

Na cidade não conseguia ter
um momento de descanso,
poisque são tantos
os sons
os cheiros
as cores,
que me fazem sentir
...no Paraíso.
Tampouco, no campo consigo ter
um momento de turbulência,
poisque são tantos
o barulho
o fedor
a monocromia,
que me fazem sentir
...no Inferno.


Serei assi tão afortunado
por viver no campo
- fisicamente -
e na cidade
- mentalmente -
ou amaldiçoado,
p’lo contrário?


(in "Poder da Díctamo", José Amaral)

6 comentários:

Al Cardoso disse...

Sim e afortunado!

Um abraco de amizade dalgodrense.

Isabel Filipe disse...

SImplesmente maravilhoso.
Os meus parabéns. Adorei.
e ... sim ... nada há melhor do que viver no campo ... não trocava este bem estar por nenhuma cidade ,,,

bjs

Amaral disse...

Al Cardoso
Bem-aparecido.
Abraço

Amaral disse...

Isabel
Obrigado, ainda bem que gostaste.
Realmente o campo dá-nos uma outra calma, um outro sossego.
Bjo

Beatriz disse...

Muito bom este poema :-)

Afinal o seu 'acidente' nao o prejudicou muito, ainda tem jeito para alguma coisinha! Estou a brincar mas sim senhor é um belo poeta pelo que vi....

Felicidades, gostei deste ano que passou!

Beijinho a Acidentada Beatriz

Amaral disse...

Olá Beatriz
Bem-vinda... volta sempre.
Agrada-me saber que gostaste do poema.
Bjinho