De profundis amamus
Ontem às onze fumaste um cigarro encontrei-te sentado
ficámos para perder todos os teus eléctricos os meus estavam perdidos por natureza própria
Andámos
dez quilómetros
a pé
ninguém nos viu passar
excepto
claro os porteiros
é da natureza das coisas
ser-se visto
pelos porteiros
Olha
como só tu sabes
olhar a rua os costumes
O Público
o vinco das tuas calças
está cheio de frio
e há quatro mil pessoas interessadas
nisso
Não
faz mal abracem-me
os teus olhos
de extremo a extremo azuis
vai ser assim durante muito tempo
decorrerão muitos séculos antes de nós
mas não te importes
não te importes
muito
nós só temos a ver
com o presente
perfeito
corsários de olhos de gato intransponível
maravilhados maravilhosos únicos
nem pretérito nem futuro tem
o estranho verbo nosso
(Mário Cesariny)
(José Amaral)
7 comentários:
Sempre bom reler
Abraço
Muito Bonito!
Boa Semana!
Bjos
Adelaide
Ainda bem que gostaste.
Bom feriado e boa semana
Bjo
Delfim
Vale sempre a pena ler mesmo. Bom feriado e boa semana
Abraço
Oi Amaral,
Não conhecia o poema ...
gostei imenso e
obrigada pela partilha
bjs
isabel
Isabel
Ainda bem que gostaste. Continuação de boa semana.
BJo
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