Cântico
Num impudor de estátua ou de vencida,
coxas abertas, sem defesa... nua
ante a minha vigília, a noite, e a lua
ela, agora, descansa, adormecida.
Dos seus mamilos roxo-azuis, em ferida,
meu olhar desce aonde o sexo estua.
Choro... e porquê? Meu sonho, irreal, flutua
sobre funduras e confins do mundo.
Minhas lágrimas caem-lhe nos peitos...
enquanto o luar a numba, inerte, gasta
da ternura feroz do meu amplexo.
Cantam-me as veias poemas nunca feitos...
e eu pouso a boca, religiosa e casta,
sobre a flor esmagada do seu sexo.
(José Régio)
Num impudor de estátua ou de vencida,
coxas abertas, sem defesa... nua
ante a minha vigília, a noite, e a lua
ela, agora, descansa, adormecida.
Dos seus mamilos roxo-azuis, em ferida,
meu olhar desce aonde o sexo estua.
Choro... e porquê? Meu sonho, irreal, flutua
sobre funduras e confins do mundo.
Minhas lágrimas caem-lhe nos peitos...
enquanto o luar a numba, inerte, gasta
da ternura feroz do meu amplexo.
Cantam-me as veias poemas nunca feitos...
e eu pouso a boca, religiosa e casta,
sobre a flor esmagada do seu sexo.
(José Régio)
5 comentários:
Amaral,
Poema erótico... quem diria escrito há tanto tempo!
José Régio também aqui nos mostra um outro lado da sua poesia... quanto a mim.
Um abraço
Meg
José Régio é um excelente poeta, mas infelizmente é desconhecido da maioria dos portugueses.
Abraço
Só podia ser de Régio!
Abraço
Delfim
É mesmo isso. Um poema régio.
Abraço
É bom que todos aqueles que escrevam neste post, saibam, antes de comentar, que isto é proveniente de muitos anos atrás na literatura portuguesa. Isto é como uma transformação das cantigas de amor e amigo.
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