quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Adolfo Correia da Rocha (1907-1995)

No ano do centenário de Miguel Torga (nasceu em 1907) e no mês do seu nascimento (12 de Agosto), aqui vos deixo um belíssimo poema:

bula da fábula

Era uma vez
Uma fábula famosa,
Alimentícia
E moralizadora,
Que, em verso e prosa,
Toda gente
Inteligente,
Prudente
E sabedora
Repetia
Aos filhos,
Aos netos
E aos bisnetos.
À base duns insectos,
De que não vale a pena fixar o nome,
A fábula garantia
Que quem cantava
Morria
De fome.

E realmente...
Simplesmente,
Enquanto a fábula contava,
Um demónio secreto segredava
Ao ouvido secreto
De cada criatura
Que quem não cantava
Morria de fartura.

(Miguel Torga)

2 comentários:

A. João Soares disse...

As fábulas tinham sempre algo de lição sensata de moral e ética. Não havia rádio nem televisão nem Internet, e era dessa forma oral que a informação e o ensinamento se difundia.
Agora temos informação a mais, sem termos capacidade de a digerir e pôr em prática., Perderam-se os valores, as referência éticas. Este facto é um dos meus cavalos de batalha nos blogs. Mas sei que luto contra moinhos de evento à semelhança do Cavaleiro da triste figura.
Um abraço
Do Miradouro

Amaral disse...

João Soares
Os grandes sonhadores lutam contra qualquer moinho, não perca essa sua veia sonhadora.
Abraço