Como podeis ver no meu perfil também sou escritor. Para já com obra publicada. Dois livros de poesia e participação em duas colectâneas de contos.
Já ando a aventurar-me na ficção romanceada...
O meu primeiro livro foi "Poder da Díctamo". Há já alguns anos que andava com a ideia de poder editar um livro. Em 2001 essa oportunidade surgiu. Incentivado pelo meu Amigo João Mendes Rosa, do Fundão, lancei mãos à obra. O seu apoio, ajuda e amizade foram determinantes. Muito deste livro, também, lhe pertence (prefácio, correcções, ilustrações, apresentação...) Nesse ano fui colocado na Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa - Covilhã e a oportunidade surgiu. Não a deixei escapar! Com o apoio da Escola na pessoa da sua presidente, à altura Engenheira Alcina (infelizmente já não está entre nós), consegui publicar o meu livro.
A todos eles o meu Bem-hajam!
Convosco partilho a capa do livro e um dos poemas (que dá título ao livro). Aguardo a vossa opinião
DíctamO
Aqueloutro estival dia,
que d’outonal nada tinha
e de primaveril tudo perdera,
fenecera numa lentidão célere,
trajando um purpúreo crepuscular.
Uma volatilidade silvestre
inundou-me as narinas,
de uma fragrância odorífera.
O forte odor cítrico, intrigava-me,
vindo donde vinha: do bosque!
Aventurei-me por ti adentro,
arbóreo oceano multicolor,
à conquista de tão sublime perfume.
Foi, então, que te vi esbelta,
majestosamente trajada:
folhas compostas e espigas de flores brancas
com cinco pétalas
(trazendo-me à memória
as cinco de Cristo)
estriadas de púrpura.
Contemplei-te, extasiado, por instantes.
Um gemido mudo de dor
desviou-me o olhar
para um qualquer guerreiro “Virgiliano”,
gemebundo, junto a um penedo;
fora cravejado por mortíferas flechas
(trazendo-me à memória
o Outro cravejado de cravos).
Os bélicos golpes purpúreos
Contrastavam com os da díctamo.
Fazendo-me um penoso sinal
para que me aproximasse,
sussurrou-me ao ouvido
- parecendo ter medo
que a díctamo ouvisse –
uma milagrosa forma de o curar.
Teria que destruir uma flor,
tão bela, para o curar.
Será que aquele homem, guerreiro, moribundo
merecia tamanho sacrifício?
Talvez!
Seria ele outro Cristo,
carregando a bélica cruz
contra sua vontade?
Possivelmente!
Olhei-te, herbácea, nos meus olhos
e preparei-te para o salvífico sacrifício.
A aguadilha perfumada de ti extraída,
qual baptismal líquido,
vertida nas purpúreas feridas
fez, milagrosamente, sará-las
e aquietar a dor daquele,
entre muitos, crucificado.
Tua missão era cumprida.
Tu, porém, desfigurada e ferida de morte,
libertaste uma volátil essência e,
qual Sarça ardente, inflamaste-te.
Fiquei sozinho!
Vagamundei pelo umbrífero bosque
cogitando no poder da Mãe Natureza,
até que a noite, maternalmente,
me acolheu em seu seio
e feneci como aqueloutro estival dia:
numa celeridade lenta.
4 comentários:
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