AlvoreS
No alvor da aurora
abri os olhos, mas não acordei.
Sentia-me sorumbático,
perdido na imensidão
de um deserto de acalmia
de brisas suaves
de pensativos e expectantes
desejos incontidos
incontados
“in com tudos”.
Bateram, suavemente,
na madeira das minhas pálpebras
perguntando se morava,
naqueles “berlindes observantes”,
alguém.
Não, não morava lá ninguém.
Perdão!
Morava um... invisual.
O meu mundo,
sempre com a luz eléctrica cortada
(maldita companhia,
só pensa em impostos)
era negro;
de um negro lindo,
para mim,
um negro acetinado
que me protegia.
Agradeci aos Céus
o facto de ser invisual.
Não, não é masoquismo!!!
Assim não sou obrigado
a ver violência,
miséria,
ódio, ...nada.
Chamam-me cego,
alguns ceguinho,
eu sei.
Quero que saibais,
irmãos:
- «Vejo melhor, eu,
na minha cegueira,
que vós na vossa verborreia prepotente».
(in “Poder da Díctamo”, José Amaral)
6 comentários:
Caro Amaral
Um belo e eloquente poema que nos faz pensar num certo tipo de cegueira... e não só.
Gostei. Parabéns!
Um abraço
Meg
Obrigado. Fico contente por lhe ter agradado.
Abraço
Lindo... o melhor poema que te li até hoje... fiquei "colado"! Genialidade pura. DEfinitivamente, aqui se retrata a sensibilidade de quem escreve ( genialmente) e sente o que o mundo nos dá de presente ora bonito, ora menos agradável. (Poderia ser gravado com voz e colocado aqui para quem como no poema acordou nesse escuro)
Abraço
Delfim
Muito obrigado pelo elogio, muito mais vindo de alguém qualificado como tu.
Abraço e bom fim-de-semana
Olá meu estimado Amaral.
um belo e supremo poema.
As vezes precisamos acordar desse obscuro.
Parabéns pela sua sensibilidade .
As vezes na vida nos tornamos cegos,pelo bem de nós mesmos.
Beijos e luzes para tí.
Regina Coeli.
Obrigado por sua visita.
Gostei muito,nunca te tinha imaginado como poeta ,mas hà sempre algo que se esconde dentro de nös!
Parabens
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