Como reparei que o anterior poema, da autoria de Alexandre O’Neill, foi do agrado dos leitores aqui deixo um outro poema retirado de “Poemas com Endereço” (1962) do mesmo autor. Repare-se no jogo hábil de palavras, transformadas em trocadilhos, que o poeta usa para deleite de quem lê.
BILHETE-POSTAL A ALEXANDRE
PINHEIRO TORRES
Absinto-me cansado
na outonalma.
De absinto, no Outono,
encharco a alma…
Muito deve a literatura
ao absinto.
Em qualidade, muito mais
que ao tinto…
Ó Alexandre, manda-me absinto
na volta do correio,
Que eu já sinto, com tanto tinto,
estancar-se-me o veio…
(José Amaral)
2 comentários:
Muito interessante este jogo de palavras subtilmente escolhidas justapostas sempre com o significado adequado para fazer sentido único, sem sentido proibido ou contrário.
Abraço
João Soares
por vezes também eu me sinto absintiado, porque donde escrevo, sentado, reparo que nada posso fazer, a não ser mandá-los... prender.
Enviar um comentário