A poetisa Fiama Hasse Pais Brandão morreu aos 69 anos, disse hoje à Lusa o editor da autora, que foi também dramaturga, ensaísta e tradutora.
O responsável da editora Assírio e Alvim, Manuel Rosa, não adiantou, para já, mais pormenores sobre o falecimento da autora.
Fiama Hasse Pais Brandão destacou-se sobretudo na poesia, constando da sua obra os títulos "O Aquário","Cantos do Canto", ou "Obra Breve".
Recebeu em 1957 o Prémio Adolfo Casais Monteiro pela obra "
Casada com o poeta Gastão Cruz, dedicou-se igualmente à escrita para teatro, tendo a sua primeira peça, "Os Chapéus de chuva", sido distinguida com o Prémio Revelação de Teatro, em 1961.
Traduziu Brecht, Artaud e Novalis, entre outros autores, e colaborou em revistas literárias, como Seara Nova, Cadernos do Meio-Dia, Brotéria, Vértice, Plano, Colóquio-Letras, Hífen, Relâmpago e Phala.
Ao nível do ensaio, escreveu, entre outros, "O Labirinto Camoniano e Outros Labirintos", sobre a influência cabalística em diversos autores portugueses dos séculos XVI a XVIII.
Algumas obras
Poesia: “Morfismos” (1961); “Barcas Novas” (1967); "Novas visões do passado” (1975); “Homenagem à literatura” (1976); “F de Fiama” (1986); “Três Rostos” (1989); “Movimento Perpétuo” (1992); “Epístolas e Memorandos” (1996); “Cenas Vivas” (2000); “As Fábulas” (2002). Teatro: “Os Chapéus de Chuva” (1961); “A Campanha” (1965); “Quem Move as Árvores” (1979); “Teatro-Teatro” (1990). Prosa: “
(in Publico, edição online, 20JAN07)
Em homenagem a Fiama Hasse Pais Brandão aqui fica este belíssimo poema da sua autoria, publicado em “As fábulas”.
Os povoadores da beira Douro
conhecem o pó e as pedras.
E sabem que o Universo
concebe cerejais e parras.
Vivem como vermes magníficos,
iluminados por dias soalheiros,
obscurecidos pelas invernias.
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