carrasco
Quem és tu,
carrasco maldito,
que escavas
sete palmos de terra
e que depois
os aconchegas
às tábuas
do meu caixão?
Dá-te prazer?
É-te difícil?
Não invejo a tua sorte,
contudo peço-te
um favor:
atira brandamente
a terra para cima
do meu esquife.
Obrigado!
(in “Oráculo Luminar”, José Amaral)
Quem és tu,
carrasco maldito,
que escavas
sete palmos de terra
e que depois
os aconchegas
às tábuas
do meu caixão?
Dá-te prazer?
É-te difícil?
Não invejo a tua sorte,
contudo peço-te
um favor:
atira brandamente
a terra para cima
do meu esquife.
Obrigado!
(in “Oráculo Luminar”, José Amaral)
5 comentários:
Mas eu já tinha comentado!!!
Mas repito.
Já várias vezes também me perguntei como será a "cabeça" de um coveiro, até de um carrasco, quando, mesmo de rosto tapado desempenhava a "sua função".
Nunca cheguei a nenhuma conclusão.
Talvez porque, apesar de saber que a morte é a única coisa que temos certa na vida, não gosto, mas não gosto mesmo de falar dela.
Do poema, gostei e muito.
Um abraço
Meg
Respeito a sua opinião. A mim falar do tema morte não me choca, encaro-a como uma realidade à qual não podemos escapar e como tal deve ser lembrada para nos avivar a nossa condição de mortais.
Ainda bem que gostou do poema.
Abraço
Amaral
Gosto deste poema e do seu conteúdo. As pessoas merecem respeito, mesmo depois da morte, ou principalmente então.
A terra devia ser colocada docemente, não à pasada, mas com a suavidade de quem asperge perfume sobre o corpo de uma «princesa» ou espalha o incenso nas áreas sagradas do altar. É chocante ouvir as primeiras pasadas de terra sobre as tábuas do caixão.
Parabéns pela abordagem do tema.
Abraço
João
O seu comentário é um excelente momento de poesia.
Abraço
Leio o poema e vejo uma metáfora de algo mais para além da morte física...estas palavras não passam de um dilema...de uma luta contra o fantasma do "coveiro",aquele que tem poder e autorização para "enterrar" tudo e mais alguma coisa até a nossa própria criatividade...que este poema não passe de uma imagem fugaz!!
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