Régio, José (1901-1969)
José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, (Vila do Conde, 17 de Setembro de 1901 — Vila do Conde, 22 de Dezembro de 1969) foi um escritor português, que viveu grande parte da sua vida na cidade de Portalegre (de
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Fonte Wikipédia
José Régio é um dos meus poetas portugueses favoritos. Morreu no ano em que eu nasci. Coincidências! A sua poesia preenche-nos a vários níveis. Faz-nos pensar que, enquanto homens, nada somos; “somos pó e ao pó voltaremos”.
Como refere Eugénio Lisboa “A obra de Régio não nos deixa esperança. Não é uma obra optimista. Nada resolve. Mas enche-nos de uma estranha felicidade e mesmo alegria, pelo simples facto de ser uma grande obra”. Essa falta de esperança e de optimismo é uma constante na obra de Régio como podemos constatar neste seu poema:
Epitáfio para um poeta
As asas não lhe cabem no caixão!
A farpela de luto não condiz
Com seu ar grave, mas, enfim, feliz;
A gravata e o calçado também não.
Ponham-no fora e dispam-lhe a farpela!
Descalcem-lhe os sapatos de verniz!
Não vêem que ele, nu, faz mais figura,
Como uma pedra, ou uma estrela?
Pois atirem-no assim à terra dura,
Ser-lhe-á conforto:
Deixem-no respirar ao menos morto!
Também para mim, Régio, serviu de fonte de inspiração para alguns poemas. Os poemas “poeta” e “ignorância” (publicados em “Oráculo Luminar”) são disso exemplo.
poeta
“Poeta sou! Cumpro meu fado, estranho
como o dum Santo ou louco
só posso dar de mais ou muito pouco,
que é tudo quanto tenho”
(José Régio)
A pena traz-me
à memória
a hagiografia escrita louca,
que dei ao mundo
cumprindo meu fado
dos loucos Santos
e eu, em perdidos prantos,
encontro no mais fundo
de mim
uma resposta breve
para dar,
de mais ou muito pouco
dando-me a conhecer
ao mundo
como um Santo
ignorância
“Não sei para onde vou;
sei que não vou por aí!”
desta vida maldita
- para minha desdita -
que se mostra enigmática
a ponto de sofrer,
sem saber
aquilo que vou ser
(ou simplesmente dizer).
Não sei que caminho seguir
e só a Ti,
Deus meu,
posso pedir
para me mostrares
o caminho
- o mais certinho -
a seguir,
e, assim, descansado
poder adormecer
e ...sorrir!
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