sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Evasão na leitura


Plano de Evasão (Prémio Cervantes), de Adolfo Bioy Casares (Cavalo de Ferro, 121 pág.) foi o livro que acabei de ler. Este romance mostra-nos a fantasia e a realidade a sobreporem-se, sem, muitas vezes, se saber onde acaba uma e começa a outra. Trata-se de uma ilha-prisão, Caiena, onde o protagonista, Nevers, desembarca para desempenhar o cargo de administrador. Esta ilha parece um estranho purgatório. Muitas são as questões que se nos são colocadas. A revelação final é que vem esclarecer qual o destino de todas as personagens.Esta obra (“Plano de Evasão”) deste escritor argentino, um dos mais célebres do séc. XX a par de José Luís Borges, é reconhecida como uma das narrativas mais importantes da literatura hispânica do século XX.
É uma obra que se lê de um fôlego e que se torna interessante com o avançar da trama.

(José Amaral)

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Grande entrevista


Acabo de ler na revista “Visão” desta semana (N.º 760. 27 de Setembro 2007) uma entrevista a António Lobo Antunes. Considero esta entrevista pouco usual em Lobo Antunes, pois ele em entrevista sempre se portou como um “lobo” (ao ataque) e pouco se dando a conhecer. Nesta entrevista dá-se a conhecer como um “cordeiro”. Uma entrevista muito humana que vale a pena ler na íntegra.
O Ad Litteram deixa alguns excertos.


Ficou comovido com o acolhimento que teve agora em Berlim, no Festival Internacional de Literatura? Comovido é uma palavra exagerada. Agora, a qualquer lado onde vá, é sempre assim. (…) Queriam um autógrafo não num livro, mas num pedacinho de papel. Como se eu fosse o Enrique Iglésias.
E com o Prémio Camões, que recebeu no princípio deste ano, comoveu-se? (…) um prémio em nada tem a ver com a literatura, na medida em que não melhora nem piora os livros. Um prémio é só um prémio.
As noites num hospital duram mais? São infinitas. E é aí que aparece o desamparo. Não estou a falar de mim, estou a falar de uma maneira geral. (…)
Ao regressar ao livro, sentiu-o como seu? Claro. Ninguém escreve assim. Não tenho a menor dúvida de que não há, na língua portuguesa, quem me chegue aos calcanhares. E nada disto tem a ver com vaidade porque, como sabe, sou modesto e humilde. A doença trouxe-me isso. (…)
A que é que perguntava? Ao médico e a uma ou duas pessoas que faziam o favor de se interessar por mim. Não há nada de mais horrível do que a cobardia. Compreendi a frase de Hemingway, quando quiseram saber o que é que ele achava da morte e a resposta foi: «Outra puta». Porque a morte é uma puta e, a uma puta, não se pode dar confiança. Uma amiga, que é minha médica, disse-me: «Tens que aprender a viver com isto». Não, não tenho. Não tenho que viver com um filho da puta. Eu não vivo com um cabrão, quero destruí-lo, não quero viver com ele.
Na guerra, já tinha visto a morte de perto? Na guerra, era mais fácil (…) Eu agora tinha a morte dentro de mim. E é horrível estar grávido da morte. Portanto, o tratamento é como fazer um aborto desse monstro que nos quer destruir. (…) Isso não é falsa modéstia? Não tenho falsa nem verdadeira modéstia. Sou orgulhoso, não sou vaidoso. Para quê estar a jogar consigo? O que é que eu ganho? Acho graça à maneira como, nas entrevistas, as pessoas se tentam compor, se penteiam para arranjar o cabelo, ajeitam a gravata, retocam a maquilhagem. Para quê? Para seduzir? Para tentar que gostem delas? Para fazer boa figura perante os leitores? Tudo isso já me é completamente indiferente. É uma conquista recente, ganha com tudo aquilo por que passei. Estar aqui à sua frente é a única maneira de estar. E é a primeira vez que o faço.

(José Amaral)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Pela PAZ

São Francisco de Assis nasceu em Assis, a 26 de Setembro de 1181 e faleceu a 3 de Outubro de 1226. Fundador da "Ordem dos Frades Menores", mais conhecidos como Franciscanos viria a ser canonizado em 1228 pela Igreja Católica.


Oração de S. Francisco de Assis

Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz!
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
Onde houver Dúvida, que eu leve a .
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!

Ó Mestre, fazei que eu procure mais:
Consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado.
Pois é dando, que se recebe.
Perdoando, que se é perdoado e
É morrendo, que se vive para a vida eterna!
Ámen.

(Artigo escrito com informação retirada da Wikipédia)


(José Amaral)

domingo, 23 de setembro de 2007

Poema de Neruda

Tu eras também uma pequena folha
que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.
A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.

(Pablo Neruda)

Pense nisto...


A revista Notícias Magazine (do “Jornal de Notícias”) dedica a sua edição de hoje (23.SET.2007) à Educação. Sob o título “Educação Especial” vários são os artigos alusivos ao tema.Um, porém, chamou a minha atenção. Na página 10, num artigo assinado por António Nóvoa (Reitor da Universidade de Lisboa) pode ler-se um excelente artigo denominado «Estudo mais estudo». Não transcrevo na íntegra o artigo (embora o merecesse), mas fico-me pelo último parágrafo que reza assim:
«O presidente francês acaba de retomar o gesto de Jules Ferry na sua célebre Lettre aux Institutuers, de 1883. Discordo de Nicolas Sarkozy em muitos pontos. Mas é importante ler na sua carta que “a nação deve aos professores um maior reconhecimento, melhores perspectivas de carreira, um melhor nível de vida e melhores condições de trabalho” e que, por isso, uma das prioridades do seu mandato será “a revalorização da profissão de professor”. E em Portugal
Em jeito de homenagem a Marcel Marceau: Palavras para quê?

(José Amaral)

Palavras para quê?


As filhas do mimo francês Marcel Marceau, conhecido como o Charlie Chaplin do universo da mímica, informaram que o seu pai morreu ontem à noite, aos 84 anos. As filhas do comediante também informaram que MM será sepultado em Paris, no cemitério Père-Lachaise.

MM nasceu a 22 de Março de 1923 em Estrasburgo (leste de França) e elevou a arte da mímica ao seu mais alto nível, nomeadamente através da sua personagem Bip (criada em 1947), que o tornou célebre no mundo inteiro.

Fazendo jus ao seu conterrâneo, Antoine Saint-Exupéry, que dizia que “as palavras são fonte de mal-entendidos”, MM não precisava delas para se expressar e fazer entender.

O mundo Fica mais pobre!


(José Amaral)

Efemérides

Abel Botelho nasceu em Tabuaço, a 23 de Setembro de 1855 e faleceu na Argentina, supõe-se que a 24 de Abril de 1917. Entre outras coisas destacou-se como escritor. Escreveu, entre outros, o O Barão de Lavos e O Livro de Alda.

Julio Iglesias nasceu em Madrid, a 23 de Setembro de 1943. É o cantor espanhol mais conhecido em todo o mundo. Já vendeu mais de 250 milhões de discos e arrecadou um sem número de discos de ouro e platina. Em tempos chegou a ser guarda-redes do Real Madrid.


Bruce Springsteen
nasceu em Freehold, Nova Jérsia, a 23 de Setembro de 1949. É um influente cantor, compositor e guitarrista. Springsteen iniciou a sua carreira em 1969 e já recebeu vários prémios importantes (Grammys, American Music Awards e um Óscar).

Sigmund Freud nasceu em Příbor, a 6 de Maio de 1856 e faleceu em Londres, a 23 de Setembro de 1939. Este médico neurologista e psiquiatra judeu-austríaco, é o pai da Psicanálise.

As teorias e o tratamento de Freud, nos seus pacientes, foram controversos na Viena do século XIX, e continuam a ser muito debatidos hoje.


Pablo Neruda, baptizado com o nome de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, nasceu em Parral, a 12 de Julho de 1904 e faleceu em Santiago, a 23 de Setembro de 1973. Este poeta chileno foi um dos mais importantes poetas da língua castelhana do século XX. Recebeu o Nobel de Literatura em 1971.

(José Amaral)

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Viseu... Feriado municipal


Viseu, cidade portuguesa e capital de Distrito, situa-se na região Centro (no Coração de Portugal) e conta com 53.500 habitantes (68 mil no perímetro urbano). Era a sede da antiga província da Beira Alta, e segundo um estudo da DECO de 2007, foi considerada a melhor cidade para se viver em Portugal.

A 21 de Setembro comemora-se o feriado municipal no Concelho de Viseu, em honra do seu patrono S. Mateus. S. Mateus é considerado o autor do Evangelho de Mateus e consta que era cobrador de impostos.

O Escudo da cidade simboliza: Escudo de prata com um castelo de vermelho aberto e iluminado de ouro, tendo a primeira das torres laterais, rematada por um homem vestido de negro tocando buzina de ouro e outra torre lateral rematada por uma árvore de verde sustida de negro e frutada de ouro. Coroa mural de cinco torres de prata. Listel branco com legenda de negro: “CIDADE DE VISEU”.

(José Amaral)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

25 anos depois...


Hoje, 19 de Setembro de 2007, o Smiley faz 25 anos. Inicialmente esta “carinha” era formada por dois pontos, um hífen e um parêntesis :-)
Foi utilizado pela primeira vez pelo professor universitário Scott E. Fahlman, da Universidade de Carnegie Mellon , em 1982. Mais tarde veio a chamar-se “emoticon”.

(José Amaral)

Homenagem a Aqulino Ribeiro


Hoje, 19 Setembro de 2007, os restos mortais do escritor viseense (das terras do Demo) Aquilino Ribeiro (nasceu no Concelho de Sernancelhe, Tabosa do Carregal, a 13 de Setembro de 1885) são trasladados para o Panteão Nacional. Esta foi uma decisão do Parlamento, a quem cabe propor e conceder as honras de Panteão.
Os restos mortais de Aquilino serão recebidos por uma guarda de honra da GNR. Porém, é provável que algumas vozes o recebam com vaias e assobios. Muitos são os que acusam Aquilino de ter participado no assassinato do rei D. Carlos
Vários serão os intervenientes a cerimónia só se considera completa quando os Presidentes da República e da Assembleia da República e também o Primeiro Ministro assinarem o documento de autenticação da cerimónia.
Recorde-se que Aquilino morreu em 27 de Maio de 1963 e torna-se o décimo português a ter honras de Panteão. Além de Aquilino, descansam no Panteão: Almeida Garrett, escritor, João de Deus, escritor, Manuel de Arriaga, Presidente da República, Teófilo Braga, Presidente da República, Guerra Junqueiro, escritor, Óscar Carmona, Presidente da República, Sidónio Pais, Presidente da República, Humberto Delgado, personalidade da luta contra o fascismo em Portugal, Amália Rodrigues, fadista.
Concorde-se ou não com esta homenagem, o certo é que como escritor ninguém retira mérito a Aquilino.

(José Amaral)

domingo, 16 de setembro de 2007

Régio

José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde, a 17 de Setembro de 1901 e viria a falecer também em Vila do Conde, a 22 de Dezembro de 1969. Este escritor português Licenciou-se em Coimbra, em Letras, e viveu e ensinou grande parte da sua vida em Portalegre. Foi um dos fundadores da revista “Presença”. Multifacetado foi, contudo, como poeta que mais se impôs. O AD LITTERAM deixa aqui este belíssimo soneto de José Régio, retirado do livro “Poemas de Deus e do Diabo”:

Libertação


Menino doido, olhei em roda, e vi-me
Fechado e só na grande sala escura.
(Abrir a porta, além de ser um crime,
Era impossível para a minha altura...)

Como passar o tempo?...E diverti-me
Desta maneira trágica e segura:
Pegando em mim, rasguei-me, abri, parti-me,
Desfiz trapos, arames, serradura...

Ah, meu menino histérico e precoce!
Tu, sim! Que tens mãos trágicas de posse,
E tens a inquietação da Descoberta!

O menino, por fim, tombou cansado;
O seu boneco aí jaz esfarelado...
E eu acho, nem sei como, a porta aberta!

(José Amaral)

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

"Já Bocage não sou..."

Manuel Maria de Barbosa Du Bocage nasceu em Setúbal, a 15 de Setembro de 1765 veio a falecer (devido a um aneurisma) em Lisboa, a 21 de Dezembro de 1805. Bocage foi um dos maiores poetas portugueses e, muito provavelmente, o maior representante do arcadismo lusitano. Boa parte da sua vida permanece um mistério. Bocage era uma “figura” polémica. As suas poesias satíricas e eróticas são disso exemplo. Aqui deixo o soneto “É pau, e rei dos paus, não marmeleiro”:
É pau, e rei dos paus, não marmeleiro,
Bem que duas gamboas lhe lobrigo;

Dá leite, sem ser árvore de figo,

Da glande o fruto tem, sem ser sobreiro:
Verga, e não quebra, como zambujeiro;
Oco, qual sabugueiro tem o umbigo;

Brando às vezes, qual vime, está consigo;

Outras vezes mais rijo que um pinheiro:
À roda da raiz produz carqueja:
Todo o resto do tronco é calvo e nu;

Nem cedro, nem pau-santo mais negreja!
Para carvalho ser falta-lhe um U;
Adivinhem agora que pau seja,

E quem adivinhar meta-o no cu.


(José Amaral)

Matematicando...


Portugueses no pódio das Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática É o melhor resultado de sempre para Portugal, à 22ª edição das Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática. Uma medalha de ouro para João Guerreiro, prata para João Matias e bronze para Vasco Moreira. Arrecadaram pontos suficientes para os três lugares do pódio, numa iniciativa que reúne anualmente jovens génios da matemática de 23 países.

Poderão ter passado despercebidos, mas até amanhã vão andar pelas ruas da cidade de Coimbra. As Olimpíadas Ibero-Americanas decorreram pela primeira vez em Portugal, com a participação de cerca de 90 crânios da matemática, com idades entre os 15 e os 19 anos, apurados entre os melhores dos seus países.

(in Público, edição online, 14SET07 – excerto da notícia)


Estão de parabéns estes alunos, mas também os professores que os ensinaram e incentivaram. Sem a competência dos alunos, mas igualmente sem o empenho e profissionalismo dos professores, certamente este resultado não seria possível.
Talvez o ME deva olhar/tratar os professores de outra forma.


(José Amaral)

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Grandes escritores

Aquilino Gomes Ribeiro nasceu em Tabosa do Carregal, concelho de Sernancelhe, a 13 de Setembro de 1885 e viria a falecer em Lisboa, a 27 de Maio de 1963.

É considerado por alguns como um dos romancistas mais fecundos da primeira metade do século XX.

Da sua vastíssima obra destacam-se A Filha do Jardineiro, 1907 e Jardim das Tormentas, 1913 (contos); Terras do Demo, 1919, Volfrâmio, 1943, A Casa Grande de Romarigães, 1957 e Quando os Lobos Uivam, 1958 (romances e novelas).


Natália Correia nasceu na Fajã de Baixo, São Miguel, a 13 de Setembro de 1923 e viria a falecer em Lisboa, 16 de Março de 1993.

Foi uma intelectual e activista social, autora de extensa e variada obra publicada, com predominância para a poesia. Deputada à Assembleia da República (1980-1991), interveio politicamente ao nível da cultura e do património, na defesa dos direitos humanos e dos direitos das mulheres.


Dante Alighieri nasceu em Maio ou Junho de 1265 e faleceu a 13 ou 14 de Setembro de 1321. É considerado o maior poeta italiano. A sua obra mais conhecida é La Divina Commedia (A Divina Comédia), que se tornou a base da língua italiana moderna e culmina a afirmação do modo medieval de entender o mundo.

(José Amaral)

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Tragédias do 11 de Setembro

Em 11 de Setembro de 2001 o mundo viu em directo a derrocada das Torres Gémeas do World Trade Center e veio a confirmar-se, depois, a morte de cerca de 3.000 pessoas.

A 11 de Setembro, mas de 1985, uma outra tragédia havia abalado o nosso país: o desastre ferroviário em Alcafache (na linha da Beira Alta entre Mangualde e Nelas). O desastre provocou um número (não confirmado) de mortos a rondar uma centena.

(José Amaral)

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Encontro anual

Mais uma vez a Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Viseu promove o seu encontro anual. Este ano o encontro será no dia 15 de Setembro de 2007, no Seminário Maior em Viseu.
Todos os anos o encontro serve para reviver momentos passados nos Seminários da Diocese (S. José em Fornos de Algodres e Maior em Viseu), mas serve igualmente para acolher novos colegas e aprofundar laços de amizade.
Faço votos para que este ano, como nos anteriores, o encontro seja bem sucedido.
A este respeito vale a pena visitar a página da associação em http://asdv.no.sapo.pt/ .
E, já que o encontro deste ano é em Viseu, aqui vos deixo a letra de “Viseu Senhora da Beira”, também já imortalizada em registo áudio pelo grupo Ad Libitum (formado por antigos alunos dos seminários):

«Viseu, Senhora da Beira»

Viseu, Senhora da Beira,

Eternamente bonita,

Fidalga e sempre romeira,

De uma beleza infinita!


Numa das mãos um rosário,

Na outra o fuso a bailar;

Ao longe a voz do Hilário

Cantando um fado, ao luar.

Refrão:

Viseu, linda cidade museu,

Onde Grão Vasco nasceu,

Um génio de pintor nato.


Alvor, do lusitano valor

Desse general pastor

Que se chamou Viriato.


Viseu, das serras erectas,

Com seus castelos roqueiros;

És musa de alguns poetas,

Como foi Tomás Ribeiro.


Ai como eu gosto de vê-la,

Branca de neve e até

Sulcando a Serra da Estrela

De tamanquinha no pé.


(José Amaral)

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Calou-se a Voz


O mundo, hoje, ficou mais pobre. Morreu Luciano Pavarotti, 71 anos. Pavarotti nasceu em Modena (12OUT1935) em Itália e foi na sua terra natal que faleceu em consequência de um cancro no pâncreas.

A notícia da sua morte espalhou-se rapidamente pelo mundo e deixou consternados muitos amantes da sua voz. Este cantor lírico (tenor) foi apontado como o maior tenor do mundo depois da morte de Caruso.

Pavarotti tirou o curso de professor, mas decidiu-se enveredar pelo mundo do canto lírico. Era mundialmente conhecido, não só pela sua voz, mas também pelo seu empenho em várias causas humanitárias. Ficaram célebres os seus concertos com fins de beneficência. Célebres, igualmente, ficaram os seus momentos com dois outros grandes tenores: José Carreras e Plácido Domingo (os três tenores). Também ficou célebre o lenço branco com que subia aos palcos.

Como curiosidade diga-se que Pavarotti tem duas entradas no livro do Guinness: o maior número de chamadas ao palco — 165 — e o álbum de música clássica mais vendido de sempre (In Concert de Os Três Tenores).


(José Amaral)

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

O Poder de um Livro


Mais uma belíssima obra literária que publicito. Trata-se de A Sombra do Vento, do espanhol Carlos Ruiz Zafón (Dom Quixote, 507 pág.).Esta obra literária é um verdadeiro fenómeno de vendas em Espanha, Alemanha, Estados Unidos e ameaça sê-lo em muitos outros países. Finalista de vários prémios, foi a vencedora do Prémio “Correntes d’Escritas/Casino da Póvoa 2006”.
Esta é uma narrativa electrizante, com muita ironia, mas é também uma obra sedutora e comovente. Um hino à arte de contar histórias que nos obriga a ler o livro de “fio a pavio” sem o querer largar.
Zafón relata-nos a história de Daniel Sempere, um menino de 11 anos que vive em Barcelona (1945), que perdeu a mãe e não consegue lembrar-se do rosto dela. O pai leva-o a um lugar misterioso: o «Cemitério dos Livros Esquecidos». Daniel encontra, então, um livro maldito (“A Sombra do Vento” do também barcelonês Julián Carax) que lhe desperta um enorme fascínio. Daniel procura descobrir a obra de Carax, mas descobre que existe alguém que procura todos os livros de Carax para os queimar. Daniel vai-se envolvendo nos mistérios e segredos mais obscuros de Barcelona. Daniel vai descobrindo que o mistério da obra de Carax está relacionado com a história de amor entre dois jovens. Ao longo da trama Daniel vai-se revelando como menino-homem, pois perde a inocência infantil e transforma-se no homem. Tudo isto a partir da leitura de um livro que mudou a vida de Daniel Sempere.

Aqui fica um extracto:
«Aproximei o ouvido dos lábios do interno, tanto que consegui sentir o seu hálito fétido e tépido na pele. Receei que me mordesse, mas inesperadamente pôs-se a soltar uma ventosidade de formidável contundência. Os seus companheiros desataram a rir e a dar palmas. Recuei uns passos, mas o eflúvio flatulento já me tinha apanhado sem remédio. Foi então que avistei junto de mim um ancião encolhido sobre si mesmo, armado de barbas de profeta, cabelo ralo e olhos de fogo, que se sustinha com uma bengala e os contemplava com desprezo.
- Perde o seu tempo, meu rapaz. O Juanito só sabe dar peidos e esses a única coisa que sabem é rir-se deles e aspirá-los. Como vê, aqui a estrutura social não é muito diferente da do mundo exterior.
O velho filósofo falava com voz grave e dicção perfeita. Olhou-me de alto a baixo, avaliando-me.»


(José Amaral)

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Mais um ano lectivo

professor

Entra na sala

de pasta na mão

ou a tiracolo.

Na outra mão

o livro de ponto.

É o primeiro dia de aulas,

mas este ritual

repetir-se-á ao longo

do ano.

Os alunos

chegam a horas

nesse dia,

ritual que para alguns

jamais se repetirá

ao longo do ano.

Dão-se ao conhecimento.

Da turma dizem-se

“cobras e lagartos”;

realidade ou ficção?

o tempo o dirá!

(...)

Passam os dias!

O ano aproxima-se

a passos largos do fim.

Sai da sala

de pasta na mão

ou a tiracolo.

Na outra mão

o livro de ponto.

É o último dia de aulas,

mas este ritual

repetir-se-á ao longo

dos anos.

(in Oráculo Luminar, José Amaral)

domingo, 2 de setembro de 2007

Regresso

No regresso de férias o AD LITTERAM deixa aqui mais três apontamentos (recuerdos) das férias.

O momento mais gratificante das férias foi o espectáculo Jesus Cristo Superstar, de Filipe la Féria. Este musical adaptado, recorde-se que o original é da autoria de Andrew Lloyd-Webber e Tim Rice, – presente no Rivoli – está muito bem conseguido. Do princípio ao fim o público pode vibrar com o profissionalismo dos actores. Um elenco notável do qual destaco os desempenhos de Jesus (Gonçalo Salgueiro), Maria Madalena (Laura Rodrigues), Judas (Pedro Bargado) e Herodes (Hugo Rendas).
O espectáculo prende-nos do primeiro ao último minuto. Ninguém consegue ficar indiferente ao desenrolar dos acontecimentos.
Vale a pena ver este maravilhoso espectáculo “made in” Portugal. Está de parabéns Filipe la Féria, assim como todo o elenco.

A minha última leitura de férias foi (sugestão do Professor Marcelo Rebelo de Sousa) Na praia de Chesil (Gradiva, 128 pág.) de Ian McEwan. Este pequeno livro lê-se num fôlego. É uma história simples, mas interessante. Em traços gerais, o autor relata-nos a história de um jovem casal, virgem. Na noite de núpcias no hotel, a primeira tentativa de consumação do casamento (acto sexual), revela-se perturbadora para os dois. A esposa abandona a suite e vai para a praia; só depois o marido vai atrás dela. A conversa revela-se difícil e Florence (a esposa) reconhece os seus medos e até o seu desconforto com o sexo. Chega a propor ao marido viverem juntos, mas ele arranja outra mulher para o sexo. Claro que Edward não aceita e aquele casamento não passa da noite de núpcias.
A leitura é recompensadora!

Sempre foi possível arranjar um tempinho para dar um salto à Capital. Muitas foram as visitas e cabe-me destacar alguns desses pontos de interesse. Vale a pena ver as exposições no Museu Nacional de Arte Antiga (o tal da directora…), a Fundação Gulbenkian e o Centro Cultural de Belém (a Colecção Berardo).
Mas sugiro, igualmente, um outro local que merece a visita: o Jardim Zoológico. Uma verdadeira “selva urbana”. Animais de todos os tipos maravilham miúdos e graúdos. Fiquei maravilhado com os tigres, os pinguins, os rinocerontes indianos e as girafas (entre muitos outros, para não dizer todos).
O Zoo merece a nossa visita!

(José Amaral)